Após 30 dias de implementação do lockdown, novos casos tiveram queda de 92%

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, assinou no sábado (13) o plano de flexibilização do lockdown em quatro fases, até à Páscoa. O plano apresentado pelo primeiro-ministro Antonio Costa terá início na segunda-feira (15). As medidas restritivas estão vigorando há dois meses, período em que se registrou uma baixa nas médias de casos e mortes.

Costa anunciou que o alívio do lockdown será “a conta gotas”, de forma a “não correr riscos”. Portugal, que havia se saído bem na primeira onda da pandemia em relação a outros países europeus no ano passado, precisou apelar para o lockdown em virtude do agravamento da situação de saúde no país.

Nessa primeira fase da flexibilização, escolas dos ensinos infantil e fundamental serão reabertas, assim como as creches, com o governo prometendo testagem em massa para alunos, professores e demais auxiliares em todos os estabelecimentos públicos e particulares.

Também irão reabrir pequenos comércios com venda apenas na porta, assim como lojas de automóveis, livrarias e bibliotecas. Ainda, cabeleireiros e similares.

A partir de 5 de abril, reabrem lojas de até 200 m², museus e monumentos culturais. Restaurantes voltarão a atender apenas em áreas externas e com máximo de quatro pessoas em conjunto.

Na terceira fase, com início em 19 de abril, haverá o retorno às aulas presenciais dos alunos dos ensinos médio e superior. Serão reabertos cinemas, teatros, auditórios e lojas do serviço público. Restaurantes voltam a poder atender em áreas internas, mas limitados a 4 pessoas.

Eventos a céu abertos serão permitidos, com lotação a ser definida pelas autoridades. Ainda, casamentos, batizados e outras celebrações, com o máximo de convidados não podendo exceder 25% da capacidade do espaço.

Em 3 de maio, o número de pessoas permitidas dentro dos estabelecimentos passa a aumentar gradativamente e serão reabertas as academias.

Nos dois próximos fins de semana e na semana da Páscoa (26 de março a 05 de abril), continuará interditado o deslocamento entre municípios para a generalidade da população. O toque de recolher será mantido até à Páscoa.

As medidas de flexibilização anunciadas podem ser revistas caso Portugal venha a ultrapassar os 120 novos casos de infecção pelo novo coronavírus por dia por 100 mil habitantes. Ou, ainda, se o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus ultrapassar 1. A partir de hoje, os portugueses poderão comprar testes rápidos, sem receita médica, nas farmácias.

Na sexta-feira, em Roma, após ter sido recebido pelo papa no Vaticano, o presidente português considerou que o plano de desconfinamento gradual apresentado representa um “equilíbrio muito razoável e muito prudente”, defendendo que se verificou uma convergência entre a Assembleia da República, o executivo, os partidos e os especialistas.

“Parece-me que se chegou a um equilíbrio muito razoável e muito prudente entre o que era a posição dos especialistas, dos partidos e do que o Governo estava estudando e do que o Presidente da República pensava”, declarou Rebelo de Sousa.

Por sua vez, o primeiro-ministro Antonio Costa assinalou que “de nossa parte, adotamos um programa que é conservador, a conta gotas, de forma a não correr riscos. Sendo prudentes pela saúde pública, significa sacrifícios, um peso acrescido sobre o futuro da nossa economia, mas julgamos que, como sempre, a vida, a saúde, são os bens que temos que colocar em primeiro lugar”.

“Se hoje estamos muito melhor do que estávamos há duas semanas, continuamos ainda a estar numa situação pior do que aquela que estávamos a 11 de setembro, quando decretamos o estado de contingência, e a 4 de maio do ano passado, quando iniciamos o primeiro desconfinamento”, alertou, convocando a população a colaborar para o sucesso do alívio do lockdown.

“O que vai acontecer a partir de agora, como desde o primeiro dia da pandemia, depende de todos nós, da forma como mantivermos a disciplina individual do uso da máscara, higiene das mãos, distanciamento físico, do cumprimento escrupuloso das regras”, acrescentou.

Com um mês de implementação do lockdown, os novos casos tiveram uma queda de 92%. Quando o confinamento voltou, a situação era especialmente difícil na região de Lisboa, e Portugal precisou receber a ajuda de outros países, como a Alemanha e a Áustria.

Nas últimas 24 horas, Portugal registrou mais 564 novos casos de Covid-19, e 19 mortes. O que significa um aumento de 0,07% nos novos casos de infecção e de 0.11% nos óbitos. No total, o país alcançou a marca dos 813.716 infetados e 16.669 óbitos.

Devido ao agravamento do quadro da pandemia, outros países sentiram urgência em voltar a adotar novas medidas de confinamento, casos da Itália e do Chile.

Lojas, restaurantes e escolas serão fechados em quase toda a Itália a partir de segunda-feira (15), com o premiê Mario Draghi alertando sobre uma “nova onda” da Covid-19. Durante três dias na Páscoa, de 3 a 5 de abril, a paralisação será total. Os residentes serão obrigados a permanecer em casa, exceto por motivos de trabalho, saúde ou outros motivos essenciais.

“Estou ciente de que as restrições de hoje terão consequências na educação de seus filhos, na economia e na saúde mental de todos”, disse Draghi. “Mas são necessárias para evitar um agravamento da situação que exigiria medidas ainda mais rígidas”, sublinhou. Os casos têm aumentado em toda a Itália nas últimas seis semanas, superando 25 mil por dia.

“Os hospitais e sobretudo as unidades de terapia intensiva já estão sobrecarregados” na maioria das regiões do país, alertou esta semana a entidade de saúde GIMBE, registrou a AFP.

A Itália, que há um ano impôs um dos primeiros bloqueios nacionais após colapso do sistema hospitalar e até funerário no norte do país, de novo está lutando de forma centralizada para conter a rápida disseminação da pandemias. O país registrou mais de 100 mil mortes relacionadas à Covid, a segunda pior contagem da Europa depois da Grã Bretanha. Para complicar, a campanha de vacinação da Itália foi afetada por atrasos no fornecimento das vacinas, como aconteceu em outras partes da União Europeia.