"Não posso admitir que tenhamos um debate ideológico sobre a vacinação", disse Manuela

No primeiro debate do segundo turno das eleições de Porto Alegre, realizado pela Rádio Gaúcha nesta quarta-feira (18), a candidata do PCdoB, Manuela d’Ávila detalhou vários pontos de suas propostas para a cidade e agradeceu pelo apoio que recebeu de outras legendas.

Referindo-se às deputadas federal Fernanda Melchionna (Psol) e estadual Juliana Brizola (PDT), disse: “Seremos, agora, três mulheres juntas, para mostrar que Porto Alegre pode, sim, seguir um caminho novo que cuide das pessoas e garanta que a nossa economia cresça”.

Tema que vem preocupando população e governos locais, a pandemia foi o primeiro assunto abordado. “Este é um debate importantíssimo e não pode ser feito negando a existência de uma pandemia, que trouxe impactos muito relevantes na economia e na vida das pessoas. Nós temos um plano para enfrentar, a partir de 30 de novembro, na transição, e a partir de 1º de janeiro, fazendo com que a segunda onda não chegue”, explicou Manuela.

Como parte do plano, a candidata destacou, primeiramente, a gestão própria da vacina. “Não posso admitir que tenhamos um debate ideológico sobre a vacinação. E imagina só: o presidente acha que não pode negociar a vacina com a China. Eu quero negociar a vacina com a China, com a Rússia, com Oxford, com o Butantan com quem quer que seja que produza vacina” .

Manuela também disse que será usado o FunCovid, criado pelo prefeito Nelson Marchezan Jr., “para garantir a testagem dirigida e evitar a ampliação (da contaminação). E teremos uma solução, construída junto com as trabalhadoras e trabalhadores do Imesf e aqueles que estão nas unidades contratualizadas, garantindo assim a estabilidade da ação nas unidades básicas de saúde para que, a partir da constituição de brigadas de ação com os agentes comunitários de saúde, a população não sofra com a Covid. Manuela também defendeu a criação de um comitê de crise a fim de “garantir condições objetivas para que a economia permaneça aberta”.

Cotidiano da cidade

Durante o debate, temas como plano diretor, alagamentos, a constituição de bairros completos, o valor do IPTU, educação e transporte — que constituem o cotidiano da cidade — também estiveram em pauta. No que diz respeito à educação no atual cenário da pandemia, Manuela enfatizou: “Quero comandar pessoalmente um esforço para que as nossas crianças da rede municipal de ensino não percam o vínculo com a escola. Observo muito esse debate — como mãe e como alguém que quer governar a cidade — e vejo que às vezes a gente só se preocupa se vai voltar e se vai aprender ou não. As crianças têm condições de aprender meio ano depois. Não é só sobre isso. Nós estamos falando sobre a volta do trabalho infantil. Por isso, no nosso programa, temos a Renda de Proteção à Infância, para garantir que essas crianças não estejam trabalhando e voltem para a escola.

Além desta questão, Manuela falou sobre o déficit de vagas: “temos duas realidades distintas: crianças sem vagas nas creches (zero a três anos) e um déficit de mais de sete mil vagas na educação infantil e é obrigação legal do próximo prefeito garantir que as crianças de quatro e cinco anos estejam matriculadas. O Novo Fundeb permitirá que nós alcancemos os recursos para zerar o déficit de quatro a cinco e para resolver 50% do déficit de crianças de zero a três”.

Outra preocupação dos porto-alegrenses, o transporte público também foi abordado pelos candidatos. “Queremos conduzir o tema do transporte coletivo, em primeiro lugar, retomando a gestão pública sobre o transporte público, com o papel estruturante da Carris. Eu não tenho dois discursos: defendo a Carris pública. No momento de crise, foi a Carris que assumiu as linhas para as populações mais pobres”, disse .

A candidata também destacou: “Queremos constituir um fundo de mobilidade urbana com parte dos recursos do IPVA, multas e estacionamentos da prefeitura, além da criação de um aplicativo próprio para garantir que a prefeitura consiga aliviar os motoristas de aplicativos — que, muitas vezes, são trabalhadores desempregados que acabam recorrendo aos aplicativos — mas também, com esse recurso, constituir o fundo para o barateamento da tarifa”.

Em suas considerações finais, Manuela salientou o “altíssimo nível do debate” e completou: “se mantivermos uma eleição, no segundo turno dessa maneira, uma eleição sem os ataques, baixarias e fake news que vimos no primeiro turno, talvez consigamos fazer com que mais mulheres e homens porto-alegrenses saiam às urnas para votar no dia 29”.

Por Priscila Lobregatte

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