Antes programada para acontecer na manhã desta quinta-feira (9/9), a II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas foi adiada para amanhã. Segundo nota divulgada pela coordenação do movimento, a decisão tem como objetivo garantir a vida das mulheres, anciãs, jovens e crianças presentes, na mobilização que acontece desde o dia 7 de setembro, na capital federal, com a participação de mais de 5 mil pessoas de 172 povos, de todas as regiões do país.

Na nota, a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e as organizações de base da entidade ressaltam que grupos extremistas, fascistas, armados, muitos identificados com camisetas
escrito Agro seguem invadindo a Esplanada dos Ministérios, com olhares
coniventes do governo do Governo do Distrito Federal e em apoio ao presidente
Jair Bolsonaro. Em virtude disso, a Esplanada está bloqueada.

“A nós interessa saber quem é o agro que financia esses criminosos. Quem são os golpistas que querem a todo custo impedir o Supremo Tribunal Federal de julgar o processo da Terra Indígena Ibirama-Laklãnõ do povo Xokleng, que marcará definitivamente a política de demarcação de terras no Brasil?”, questionam as entidades no questionam as entidades no documento intitulado “Pela vida das mulheres, NÓS POR NÓS, pelas crianças e anciãs, seguimos em marcha!”

Assinam conjuntamente o manifesto a Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul), a Grande Assembleia do Povo Guarani (Aty Guasu), a Comissão Guarani Yvyrupa, o Conselho do Povo Terena e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

As entidades consideram que o julgamento em curso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pode
ser o mais importante para os direitos indígenas no país em décadas. “O Marco
temporal é uma aberração jurídica, elaborada por aqueles que financiam essas
manifestações antidemocráticas, e que a todo custo, historicamente, tentam
calar nossa voz, subjugar nossos corpos, assim como já fizeram no passado”,
denunciam.

No documento, as mulheres indígenas chamam atenção para a visibilidade internacional
do movimento, com os olhos do mundo voltados para o Brasil, perplexos, e a imprensa
nacional e internacional acompanhando a mobilização e repercutindo em todo o
mundo a nossa luta e o que pode acontecer.

“Jamais aceitaremos que nossas mulheres e povos sejam submetidos novamente a tamanha violência! Esses capítulos são páginas de um passado, que estamos reescrevendo com a nossa luta, a partir do chão dos nossos territórios. A II Marcha das Mulheres Indígenas sairá amanhã do nosso acampamento, para as ruas, com nossos corpos e nossas vozes ecoantes na luta por justiça, por liberdade e pela demarcação de nossas terras sagradas ancestrais. Jamais aceitaremos o arbítrio do governo genocida. Cadeia para Bolsonaro! Fora! Marco Temporal Não. Demarcação Já”, concluem as entidades.