Lula com Fumio Kishida (Japão), Joe Biden (EUA) e António Guterres (ONU); abaixo, com Olaf Scholz (Alemanha), Emmanuel Macron (França) e Justin Trudeau (Canadá) . Fotos: Ricardo Stuckert

A agenda de viagem do presidente Lula ao Japão para participar como convidado da Cúpula do G7 tinha por objetivo principal discutir com os países mais industrializados do planeta ações de combate à fome, sobre mudanças climáticas e o fortalecimento do sistema mundial de saúde, mas a pauta destacada pela imprensa foi o “não encontro de Lula com Zelensky”.

É o que chamou a atenção da secretária de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Prestes que questionou: “Por que Zelensky daria agenda e mídia para Lula que claramente propõe o diálogo e a paz?”, declarou.

Para a socióloga e cientista política, além de querer imputar um primeiro sinal de desprestígio internacional ao presidente brasileiro, a imprensa tenta criar uma imagem de que Lula é aliado da Rússia e assim contra a paz. O jornal New York Times, por exemplo, publicou que o presidente Lula é “aliado próximo” da Rússia.

Recorte da publicação do New York Times de 22 de maio chamou Lula de “aliado próximo” do presidente russo Vladimir Putin e exaltou esforços de Zelensky para atrair mais países à sua volta.

Segundo o próprio presidente brasileiro, a sua agenda atendia a outros interesses no encontro do G7, tanto que Lula teve audiências com autoridades internacionais, como com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres e encontros bilaterais como com os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e da Índia, Narendra Modi.

Lula também esteve com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chi e da Alemanha, Olaf Scholz e se reuniu ainda com o presidente da França, Emmanuel Macron, cujo tema principal do encontro foi sobre proteção da Amazônia. O mandatário brasileiro teve ainda outras agendas bilaterais.

Já no sábado (20), no jantar de encerramento da Cúpula, o presidente Lula participou a convite do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida. No domingo (21), em coletiva de imprensa, antes de voltar ao Brasil, Lula foi bastante questionado sobre “o não encontro com Zelensky”.

Lula explicou que os dois tiveram incompatibilidade de agendas, mas reafirmou seu interesse em debater a paz na região. Porém, Lula frisou que o espaço ideal para o diálogo sobre a guerra seria em encontro na Organização das Nações Unidas (ONU). Dessa forma, reafirmou que ele não foi ao encontro do G7 para discutir guerra, foi para debater economia e questões climáticas.

“Eu disse no meu discurso que a discussão da guerra devia estar sendo feita na ONU. Eu sou presidente há cinco meses e nunca fui convidado para uma reunião na ONU para discutir a guerra. É na ONU que tem que ter [o debate]”, disse Lula.

O G7 reúne as nações mais ricas do mundo, como o Japão, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido e deixa de fora a segunda maior, a China. Já a Rússia foi expulsa do grupo internacional há nove anos.

Em declaração recente sobre o encontro, o presidente russo, Vladimir Putin classificou a reunião como “política”. Um dos principais objetivos da Cúpula, segundo Putin, é a tentativa de criar uma propaganda mundial contra o seu país.

 “Vemos a extensão da pressão externa agressiva que está sendo exercida sobre a Rússia e toda a nossa sociedade agora. Praticamente todo o arsenal – econômico, militar, político, informativo – é dirigido contra nós, e uma propaganda antirussa mais poderosa foi implantada (…) Os ataques à nossa história, cultura e valores morais não pararam”, denunciou o presidente russo. 

Essa pressão do presidente ucraniano Volodimir Zelensky e seus aliados na Cúpula foram demostradas através de tentativas de encontros com países do Sul Global, como o Brasil, Índia e Indonésia, na tentativa de tirar deles apoio ao seu país. Neste sentido, o presidente Lula não cedeu às pressões.

Reportagem divulgada pelo Estadão nesta segunda-feira (22), revela que documentos do próprio Pentágono desmascaram a imagem pública do presidente ucraniano de calma e resistência. A portas fechadas, Zelensky é agressivo e com sede de atacar a Rússia.

Em publicação no Twitter, Ana Prestes compartilhou reportagem do Financial Times em que aponta que claramente qual foi a agenda do Zelensky em Hiroshima: obter mais apoios internacionais e negociar mais envios de armas e arsenais ao seu país.

Para a dirigente comunista, Zelensky só fala em guerra e pede ajuda com armas para o conflito e em nenhum momento ele falar em diálogo ou estender a bandeira da paz.