População do Amapá volta a ficar no escuro na noite de terça-feira
O Operador Nacional do Sistema (ONS) divulgou nota em que afirma que a causa do novo apagão no Amapá pode ter sido a energização de uma linha de transmissão da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), do governo estadual. Trata-se da linha de transmissão Santa Rita – Equatorial, que está sendo mantida desligada por precaução até passar por avaliação da CEA.
Na noite desta terça (17) houve nova interrupção de fornecimento de energia no Amapá, às 20h27, derrubando o funcionamento do transformador da subestação Macapá e da usina hidrelétrica Coaracy Nunes, do grupo Eletronorte. Houve tentativas de retomada do sistema às 21h03 e às 21h10, mas novas quedas aconteceram.
Às 21h36 foi iniciada nova retomada de carga que por fim pôde ser concluída, à 1h04 da madrugada desta quarta-feira (18). Com isso, o Amapá voltou a contar com funcionamento de 80% do sistema. O ONS afirma que continua acompanhando a situação no estado.
O Amapá está há 16 dias com problemas na rede elétrica. Nos cinco primeiros, a população de 13 das 16 cidades do estado ficou completamente sem energia. Após técnicos da Eletrobras consertarem um dos transformadores danificados em um incêndio na subestação Macapá, da empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), e colocarem em funcionamento uma máquina extra na usina de Coaracy Nunes, o sistema voltou com 80% da capacidade. Os moradores passaram a ter energia em esquema de rodízio.
No entanto, o fornecimento só será restaurado 100% após a instalação de um transformador substituto, que está sendo trazido de Laranjal do Jari, sul do Amapá. Segundo nota do Ministério de Minas e Energia, esse transformador já chegou ao Porto de Santana, na região metropolitana de Macapá. No entanto, são necessários alguns dias para colocá-lo em funcionamento.
A subestação Macapá e dois lotes do Linhão do Tucuruí, que faz a interligação Tucuruí-Manaus-Macapá, foram construídos pela empresa espanhola Isolux, que venceu um leilão de concessão de linhas de transmissão em 2008. A Isolux era dona da LMTE, empresa que administra a operação no Amapá. No entanto, a empresa espanhola entrou em processo de falência e vendeu a LMTE para a Gemini Energy, que atualmente possui 85% das linhas de transmissão.
Segundo Ikaro Chaves, engenheiro eletricista da Eletronorte e diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel), esquemas de rodízio como o que está sendo adotado em Macapá podem causar instabilidade.
“Esse tipo de situação de ficar uma hora, duas horas sem luz, acontece o tempo todo. Mas não no estado inteiro, pois outras cidades têm vários pontos onde tem energia elétrica. Mas no Amapá, quase todo o estado depende dessa linha. O sul do estado e o extremo norte não estão tendo apagão. Só que no miolo do Amapá, onde está faltando energia, está 70% da população”, comentou.
Segundo Ikaro, há suspeita de baixa qualidade dos equipamentos instalados pela Isolux. Ele afirma que um dos transformadores danificados no incêndio chegou a explodir, o que é incomum, e no óleo do outro foram encontradas altas quantidades de acetileno, um gás inflamável.
Este transformador, consertado pelos técnicos da Eletrobras, é o que está funcionando no momento. O transformador substituto, trazido de Laranjal do Jari, também é de propriedade da Isolux.