Política de exclusão por parte dos EUA faz Cúpula das Américas fracas
A Cúpula das Américas fracassou antes de começar”, afirmou o ex-representante da Bolívia junto à ONU e atual secretário executivo da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), Sacha Llorenti, ao sintetizar o significado da IX Cúpula das Américas que acontece em Los Angeles: “não é uma cúpula e nem das Américas”.
“A ausência dos não convidados estará muito presente”, declarou Llorenti, frisando que isso se deve à postura do governo estadunidense que adotou uma política de “discriminação arbitrária”. Assim, frisou, “quem não vai, não vai em protesto; e muitos dos que vão, vão protestar”.
O diplomata boliviano relembrou o presidente argentino Néstor Kirchner quando afirmou na IV Cúpula das Américas, em 2005, que: “Mexer por maioria simples, ideias que têm tanto a ver com a vida de nossos povos, é um absurdo quase anticultural e muito pouco ajuda à coexistência de todos os povos e a sua convivência democrática”.
Condenando a atual posição excludente adotada pelos EUA contra Cuba, Nicarágua e Venezuela, o diplomata declarou que foi este corte unilateral o que provocou a rejeição de presidentes, organizações regionais e sub-regionais. Llorenti parabenizou a posição assumida pelo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, “o primeiro a reagir”.
Quanto aos temas centrais da cúpula: saúde, migração e democracia, o secretário-executivo da ALBA informou que os países excluídos apresentam “protocolos sanitários bem-sucedidos”, ressalta a produção de vacinas nacionais por Cuba, referência para o mundo todo.
Em relação à migração – como o comprovam as sucessivas marchas de imigrantes, prisões e deportações -, destacou que a política dos Estados Unidos é “seletiva e discriminatória” e segue a mesma direção hegemônica de sua visão de democracia ao utilizar a Organização dos Estados Americanos (OEA), que sedia o atual encontro, como “gendarme continental que pretende certificar os processos eleitorais”.
Concluindo, Llorenti sustentou que “as Cúpulas das Américas não são úteis para nossos povos, precisamos de uma Reunião da América (portanto no singular) que nos reconheça como um, um único continente com um destino comum”.
Ativista denuncia que “Almagro tem sangue nas mãos”
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, foi recebido com um discurso de repúdio de um ativista ao tentar dar lições sobre a liberdade de imprensa no continente. “Luis Almagro, você tem sangue nas mãos, você estabelece ditaduras que matam jornalistas e pessoas inocentes”, asseverou o jovem na plateia, recordando os manifestantes assassinados em Senkata (El Alto) e Sacaba (Cochabamba), durante o golpe de Estado em novembro de 2019 na Bolívia.
Como recordou o ativista, aquela ditadora [Jeanine Áñez] que você ajudou a instalar, “massacrou 36 pessoas inocentes que protestavam pela restauração de sua democracia e pela independência de seu país”. Foi neste contexto, citou o jovem, que foi assassinado no dia 16 de novembro, o jornalista argentino Sebastián Moro, que “expôs as mentiras” de Almagro “sobre o golpe”. “Ele foi espancado até a morte em seu apartamento, e agora você se atreve a dar uma lição sobre liberdade de imprensa, democracia e direitos humanos? Não têm vergonha. Você é um assassino e um marionete dos Estados Unidos”, enfatizou o ativista, retirado à força por seguranças do local.