As recentes manifestações de membros do governo de recuar do aumento prometido aos policiais federais diante da enorme mobilização do restante do funcionalismo público, que quer “aumento para todos”, já está sendo encarada pela categoria dos servidores da segurança como “traição”.

“Caso o governo volte atrás e desista dessa reestruturação, a categoria poderá sentir isso como uma traição por parte do governo”, afirmou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (Fenaprf), Dovercino Neto.

O sindicalista acredita, no entanto, que “o momento é de crer que o governo Bolsonaro vai honrar com seu compromisso com o fortalecimento e a valorização da segurança pública”.

Conforme matéria publicada pelo Estadão, lideranças que representam a categoria “afirmaram reservadamente” ao jornal que se Bolsonaro recuar do reajuste prometido, milhares de policiais poderão ir às ruas protestar pela “falta de compromisso” do presidente.

O primeiro a se posicionar contra o aumento dos policiais, temendo a greve geral dos servidores públicos marcada para fevereiro, foi o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Na semana passada, o deputado afirmou que, para conter a revolta geral, o presidente não deve dar aumento para os policiais e para nenhum setor do funcionalismo público. “O melhor seria não dar aumento a ninguém”, afirmou.

Um dia após a declaração de Barros foi a vez do próprio Bolsonaro dizer que “não tem nada definido” e que “pode ser que não tenha reajuste para ninguém”.

“Primeiramente, não está garantido o reajuste para ninguém. Tem uma reserva de R$ 2 bilhões que poderia ser usada para a PF e a PRF, além do pessoal do sistema prisional. Mas outras categorias viram isso e disseram ‘eu também quero’, e veio essa onda toda”, afirmou Bolsonaro durante um de seus rega-bofes no último final de semana.

As entidades do funcionalismo federal não são contrárias ao reajuste às forças de segurança, apenas reivindicam que todos têm direito, como afirma o presidente do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, entidade que agrega 37 sindicatos de diferentes carreiras de Estado.

Segundo Marques, “o reajuste para os policiais é necessário, como para as demais categorias do funcionalismo, a fim de recompor perdas que já somam 27,2% pelo IPCA de 2017 até aqui”, disse.