Polícia Civil de São Paulo instaurou inquérito para apurar o crime de tortura cometido pelos seguranças do supermercado.

Um jovem negro de 17 anos denunciou, nesta terça-feira (3), dois seguranças de uma unidade do supermercado Ricoy, na zona sul de São Paulo, pela prática de tortura. Ele foi chicoteado pelos seguranças do supermercado em uma manhã do mês de agosto.
A Polícia Civil de São Paulo instaurou inquérito para apurar o crime de tortura cometido pelos seguranças, um mês após o ocorrido. Hoje pela manhã, o jovem passou por exame de corpo de delito.
Nesta segunda-feira (2) à tarde, o jovem prestou depoimento. Ele contou que não se lembra do dia exato em que o fato ocorreu e que se recorda apenas que foi no mês de agosto. Segundo relatou aos policiais, ele pegou uma barra de chocolate da gôndola e tentou sair do supermercado sem pagar. Na saída, foi abordado por dois seguranças, que o levaram para um quarto nos fundos do estabelecimento.
Ali ele foi despido, amordaçado, amarrado e passou a ser torturado com um chicote feito de fios elétricos trançados, por cerca de 40 minutos. Ele contou ainda que não registrou boletim de ocorrência porque temia por sua vida. Segundo depoimento, ele ainda foi ameaçado por um dos seguranças que disse que o mataria caso ele relatasse o caso a alguém.
Os seguranças gravaram em vídeo as agressões e as imagens foram divulgadas em grupos de Whatsapp. Um dos seguranças aparece no vídeo proibindo o adolescente de usar as mãos para se proteger. “Não coloca a mão”, diz, seguida de outra chibatada. Em seguida, ameaça a vítima: “tô fazendo isso, simplesmente, pra não atrasar o seu lado, pra não ter que te matar (sic)”.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso está sendo investigado pelo 80º Distrito Policial, da Vila Joaniza. De acordo com a secretaria, o delegado analisou as imagens de câmeras de segurança e já identificou os autores do crime, que serão ouvidos, além de funcionários do supermercado.
O delegado Pedro Luis de Sousa, em entrevista ao UOL, afirmou que ficou comovido com o relato da vítima e ao ver as imagens apresentadas. “Como pode uma pessoa fazer isso com outra? Eu não consigo imaginar. Fiquei dez anos no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) e não tinha visto algo assim tão triste”, afirmou.
“Toda aquela situação é deprimente. Foi uma agressão covarde, que me causou asco, me causou muita repulsa”, complementou o delegado. Responsáveis pelo supermercado são ouvidos na tarde de hoje no DP.
A polícia quer localizar os dois torturadores para pedir a prisão. O delegado também quer fazer diligências para encontrar o chicote utilizado para agredir o jovem.
Em entrevista à TV Globo, o jovem afirmou: “Fui pegar o chocolate, aí eles me pegaram, me levaram ali no quartinho, me deram uma ‘pá’ de chicotada. Aí ele falou que, se eu falar para alguém, ele ainda vai me matar”. E complementou: “Quero justiça contra isso. Eles fizeram maldade. Quero pôr eles dentro das grades”.