Pobreza é causada pelo desemprego e arrocho salarial detectados pelo Instituto de Estatísticas, o Indec - Expresso

O Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina, Indec, divulgou pesquisa mostrando que no primeiro trimestre de 2019 a pobreza no país atingiu 34,1% e a indigência chegou a 7,1% da população. No primeiro trimestre do ano passado, o índice marcava 25,5% dos argentinos em situação de pobreza.

Do início do terceiro trimestre de 2018 e o final do primeiro trimestre de 2019 (seis meses), o crescimento vegetativo da população foi de 222 mil habitantes, de acordo com a estimativa que o Indec utiliza. No mesmo período, a população em condições de pobreza aumentou em 2,7 milhões de pessoas e a indigência (aqueles que não conseguem cobrir suas necessidades de alimentação) atingiu mais 544 mil pessoas, segundo os dados da pesquisa permanente de lares do Indec para o respectivo período.

Maurício Macri, com apoio da mídia reacionária, há anos tenta passar a ideia de defensor de medidas de solução da crise.  Em 2015, o presidente argentino fez campanha com o conhecido lema de “Pobreza Zero”. E em 2017 começou a utilizar a frase: “Quero ser avaliado como presidente pela condição de ter sido capaz, ou não, de reduzir a pobreza”. O jornalista Raúl Dellatorre, em artigo no jornal Página 12, ressalta que ele “dificilmente repetirá esta falácia nos marcos da campanha atual”. As eleições presidenciais serão em outubro.

A crise extrema que o país vive é resultado de nove meses de aplicação das políticas de arrocho do FMI, de uma enorme desvalorização da moeda nacional que atuou como fator de redistribuição regressiva de renda, e de uma política monetária e financeira que afundou, principalmente, a produção industrial, em especial a que depende do mercado interno.

Em 2018 os salários dos trabalhadores com carteira assinada aumentaram 30,6%, enquanto que, no mesmo período, a inflação foi de 47,6%, ainda segundo o Indec. É uma perda de 17 pontos, ou seja, um retrocesso do poder de compra dos salários de 11,5%.

Na terça-feira, 6, milhares de pessoas convocadas pelos movimentos Bairros de Pé, Votamos Lutar, Movimento 29 de Maio e outras organizações de trabalhadores desempregados e temporários marcharam até a Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, reivindicando emprego, assistência alimentar e saúde. “A população está no limite enquanto se pagam altíssimos juros pela especulação financeira, e o dólar aumenta para beneficiar um grupo de exportadores. Os que não têm trabalho não podem esperar mais”, disse Eduardo López, metalúrgico desempregado.
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