Após seis horas de reunião em Moscou, na quinta-feira, os presidentes da Rússia e Turquia, Putin e Erdogan, anunciaram a assinatura de um acordo que inclui o cessar-fogo que começou a valer a partir de zero hora desta sexta-feira.

Nos termos do acordo, a Rússia e a Turquia se comprometem com o princípio da “soberania, independência, unidade e integridade territorial da República Árabe Síria”.

Além do cessar-fogo, já em vigência, os dois países se comprometem a manter um “corredor de segurança” desmilitarizado limitado a seis quilômetros ao norte e seis quilômetros ao sul da Rodovia M4 que corre paralela à fronteira sírio-turca.

No documento assinado, Turquia e Rússia afirmam que serão necessários 7 dias para acertarem os detalhes da manutenção do acordo e 15 dias a partir da assinatura do acordo para o estabelecimento de patrulhas compostas por forças russas e turcas em todo o corredor que percorre os 120 quilômetros entre as cidades de Saraqib e Alepo.

O entendimento de quinta-feira, apesar de não prever a retirada total das forças turcas da Síria, as limita a patrulhas em conjunto com as forças russas (convidadas pelo governo sírio a apoiar a luta contra o terrorismo bancado pelos Estados Unidos e governos árabes satélites).

Erdogan anunciou a entrada de forças turcas no território sírio sob o argumento de que era a única forma de garantir que terroristas curdos vindos da Síria não entrassem em território turco para praticar atentados.

A Síria nunca aceitou esta intromissão e declarou que a Turquia deveria respeitar suas fronteiras e que cabe à Síria eliminar o terrorismo de seu território e assim garantir também a segurança da região fronteiriça com a Turquia.

À medida que as forças sírias iniciaram o avanço sobre Idlib, último território ocupado pelos terroristas (em especial os do grupo Jabhat Al Nusra) estas se aproximaram dos turcos e houve confrontos entre elas.

Acontece que a Turquia em acordos firmado em Astana, em 4 de maio de 2017, se coloca como garantidora da região de Idlib como de “desescalada das tensões”, ao lado da Rússia e do Irã e não o contrário, como vinha fazendo.

Após a derrubada de dois aviões sírios e da morte de soldados sírios e turcos, nas últimas semanas, a Rússia deslocou navios militares para as proximidades da Síria e informou, através de seu Ministério da Defesa, que aviões turcos não estavam seguros ao adentrarem o espaço aéreo da Síria, que a Rússia tem ajudado a preservar.

O governo de Trump tentou minar os entendimentos em andamento em Ancara entre delegações da Rússia e da Turquia ao ponto de um dia antes do acordo, o governo sírio denunciar os Estados Unidos que, ao fornecerem armas à Turquia e estimularem sua intervenção militar na Síria, assumiam um comportamento de “roubo e bandidagem”.

Com o acordo, o plano dos Estados Unidos de desestabilização do governo da Síria sofre mais um revés.

No dia do encontro entre Putin e Erdogan, o presidente sírio Bashar Al Assad, falando ao canal de TV russo, Rossiya-24, declarou que “não há nenhuma lógica que justifique que soldados turcos venham a morrer na Síria”, referindo-se ao povo turco como “povo irmão com elementos comuns de história e cultura”. De fato, não é do interesse de nenhum dos dois povos o morticínio e destruição que um conflito na região fronteiriça turco-síria poderia provocar.

Tal coisa só poderia interessar a Washington que perpetra a intervenção na região de olho em seu petróleo. “Não é surpresa a infiltração de militares norte-americanos, desta forma, depois deles terem oferecido todo tipo de apoio aos bandos terroristas, inclusive ao transportá-los ao interior da Síria numa flagrante violação das resoluções da ONU no que se refere ao combate ao terrorismo”, afirmou em nota o governo da Síria.