O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, considerou o mal denominado “plano de paz” de Trump, lançado ao lado do indiciado premiê israelense, Netanyahu, uma “conspiração”.

“Quero dizer ao presidente Trump e a Netanyahu de que Jerusalém não está à venda. Nenhum dos nossos direitos está à venda ou são objetos de barganha. A sua conspiração não vai passar. Nós não vamos aceitar qualquer acordo sem Jerualém. Para qualquer criança árabe, seja ela cristã ou muçulmana, isso é inaceitável. Por isso dissemos não a eles desde o início”, declarou o premiê Abbas diante dos integrantes do ministério palestino.

O embaixador palestino na Inglaterrra e enviado a Washington, Husam Zomlot, até o recente fechamento do escritório da representação palestina nos Estados Unidos por Trump, considerou o plano “uma tentativa de impor uma realidade de apartheid”.

“Por que apartheid? Porque o Estado proposto é controlado por Israel em suas terras, sem autonomia sobre suas fronteiras ou seu espaço aéreo. O que se quer é uma realidade com dois conjuntos de direitos: um para quem nasceu de uma família judia e outro para aquele que nasceu de uma família palestina, seja cristão ou muçulmano”, acrescenta Zomlot.

“É um plano no qual a ordem internacional e a lei internacional são irrelevantes”, enfatiza o embaixador palestino. “Dizer não ao plano de Trump é dizer não ao apartheid. Só podemos dizer sim à liberdade, à justiça e à paz e não à perpetuação da imoralidade do controle de Israel sobre nossas vidas e de negação do nosso direito à autodeterminação”, finaliza.

 

ONU E UNIÃO EUROPEIA REFUTAM ATROPELO DE TRUMP

 

Também se referiu ao engodo de Trump, o chefe da diplomacia da União Europeia, o espanhol Josep Borrell. Ele foi claro que qualquer acordo “tem que ter por base sua posição unida e firme de compromisso a uma paz negociada em torno de dois Estados viáveis levando em conta as legítimas aspirações de palestinos e israelenses e respeitando as resoluções da ONU e os parâmetros internacionais”.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, destacou que a organização mundial que dirige “permanece comprometida com o apoio a Palestinos e Israelenses na resolução do conflito com base nas resoluções da ONU, leis internacionais e acordos bilaterais que realizam a visão dos dois Estados – Israel e Palestina – convivendo lado a lado em paz e segurança dentro de fronteiras reconhecidas com base nas linhas fronteiriças de 1967 (antes do início da ocupação da Cisjordânia e Gaza pelos israelenses”.

O deputado do Knesset, por 16 anos, até o ano passado, Dov Hanin, afirmou que “O apoio de Netanyahu ao plano de Trump corresponde a sua visão colonialista que não traz qualquer perspectiva de paz”. Ele também criticou a ida do principal líder opositor, Benny Ganz, à Casa Branca nessa malfadada ocasião “é uma coisa de bobo deixar-se envolver neste teatro que não tem nada de solução para a paz”.