PIB recua 1,4% em janeiro, aponta Monitor do PIB/FGV
O indicador Monitor do Produto Interno Bruto (PIB), calculado pela Fundação Getúlio Vargas para o mês de janeiro, mostrou que a economia teve um desempenho negativo em relação ao mês de dezembro 2021, com uma queda de 1,4%. O consumo das famílias caiu 1,3% na mesma base de comparação e o consumo do governo recuou 2,1%.
A agropecuária encolheu 1,2%, a indústria ficou estagnada em 0,1%, e os serviços encolheram 1,7%.
O indicador da FGV registrou, ainda, na comparação com janeiro do ano passado, um crescimento de 1,2% da economia. No trimestre encerrado em janeiro observa-se um crescimento de 1% no trimestre móvel finalizado no mês, ante ao encerrado em outubro. No trimestre encerrado em janeiro, ante mesmo período em ano anterior, o resultado do Monitor do PIB, teve uma expansão de 2%. A divulgação do Monitor FGV ocorreu na segunda-feira (21).
Claudio Considera, economista responsável pela produção do indicador, chama a atenção que esses três percentuais acumulados com aumentos não representam exatamente um maior aquecimento da economia no começo de 2022, visto que estão favorecidos por base de comparação fraca, referente ao ano passado.
Para o técnico, o recuo em janeiro evidencia que, na prática, o país não apresenta, no momento, condições para um crescimento sustentável este ano, e deve terminar o PIB com variação próxima a zero, na comparação com o ano passado.
Os números do indicador “traduzem bem o impacto da pandemia sobre resultados que já eram medíocres antes dela”. O desempenho econômico sofreu o impacto negativo do atraso na vacinação, que prejudicou o consumo das famílias, acentua o economista.
“É o retrato perfeito de uma economia totalmente estagnada”, resumiu o especialista.
Para Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, em recente entrevista à rádio Jovem Pan, as projeções do mercado para PIB do Brasil em 2022 apenas crescerão ao longo do ano, podendo chegar até a uma expansão de 1,5%. Ele criticou os “pessimistas” que preveem uma retração ou um crescimento baixo da economia brasileira arrematando. “Eles vão errar de novo, não tenho a menor dúvida”, disse Guedes.
A avaliação técnica abalizada dos estudos do Monitor projetam uma situação muito diferente, além do que um crescimento de 1,5% para 2022, na projeção do ministro, continuaria a ser um resultado apenas um pouco menos medíocre para economia brasileira.
“O consumo das famílias e o consumo do governo representam 80% do PIB e foram bastante prejudicados, inicialmente pela falta de vacinas e posteriormente pela falta de um programa de vacinação, como é bem ilustrado pelo fracasso dessa demanda durante a pandemia”, afirma o pesquisador.
Ainda sobre os impactos da pandemia sobre o fraco desempenho de 2021, Claudio Considera faz uma avaliação de que o avanço mais ágil da vacinação contra a Covid-19 ocorreu somente em meados de 2021, quando houve uma gradual reabertura da economia e o retorno de alguma circulação de pessoas e maior interação social.
A imunização contra a doença só começou em janeiro do ano passado, quando a economia, principalmente os setores de comércio e de serviços, operavam em ritmo muito fraco, prejudicados pela pandemia.