Operário checa qualidade de peça de veículos em fábrica de Pequim

Avaliando como está a economia da China, neste ano que dá a partida ao 14º Plano Quinquenal de desenvolvimento, a agência de notícias Xinhua registrou que no agregado dos primeiros três trimestres a China registrou uma expansão do PIB de 9,8%, bem acima da anunciada meta “de mais de 6%” de crescimento anual.

Quanto ao terceiro trimestre, o PIB da China desacelerou para 4,9% com relação a mesmo período do ano anterior, depois de ter alcançado 7,9% no segundo trimestre e 18,3% no primeiro trimestre (que no caso chinês é o momento de fundo do poço na pandemia).

Essa desaceleração no terceiro trimestre reflete por um lado o fato de que a base de comparação é nitidamente mais elevada no período e, por outro, contratempos como o ressurgimento de focos de Covid-19 no continente, embora logo debelados, fortes inundações em algumas regiões, problemas com a geração de energia e a escassez mundial de microchips.

Para especialistas ouvidos pela Xinhua, esses resultados parciais demonstram que está inteiramente dentro das possibilidades da China atingir as metas propostas de desenvolvimento social e econômico para o ano de 2021, e que o ímpeto de desenvolvimento econômico de longo prazo permanece inalterado.

As vendas no varejo de bens de consumo na China aumentaram 16,4% com relação ao ano anterior nos primeiros três trimestres de 2021, mais lentas do que os 23% observados no primeiro semestre. O investimento em ativos fixos do país aumentou 7,3% com relação ao ano anterior, ante 12,6% nos primeiros seis meses.

Apesar dessa desaceleração, a China tem persistido na expansão da demanda doméstica graças ao mercado interno de mais de 1,4 bilhão de pessoas, às políticas eficazes para impulsionar o consumo e ao progresso constante nos principais projetos do país definidos para o 14º Plano Qüinqüenal.

Nos três primeiros trimestres, o consumo final contribuiu com 64,8% para o crescimento econômico da China, 3,1 pontos percentuais a mais do que o nível verificado no primeiro semestre, segundo dados oficiais.

Comércio exterior

O comércio exterior da China – o outro esteio do crescimento de ‘dupla circulação’ – teve um desempenho estelar nos primeiros três trimestres, com o total de importações e exportações expandindo 22,7% ano a ano para 28,33 trilhões de yuans (cerca de US$ 4,43 trilhões), superando as expectativas do mercado e desempenhando um papel maior no crescimento.

Para a Xinhua, o comércio exterior do país tende a crescer a um ritmo mais lento a partir de agora. Mas as autoridades estimam que os pedidos permaneçam suficientes até o segundo trimestre do próximo ano.

Reforma pelo lado da oferta

Desde o início deste ano, o desenvolvimento de alta qualidade tornou-se uma marca mais distinta do crescimento da China, sublinhou a Xinhua, com a economia do país vendo estruturas otimizadas, qualidade de desenvolvimento melhorada e impulso de crescimento mais forte.

A reforma estrutural tem progredido de maneira sólida, como se manifesta na taxa estável de utilização da capacidade industrial, na proporção de ativos e passivos em declínio das empresas e na rápida expansão do investimento em elos fracos, como educação e saúde.

Apesar dos avanços alcançados, as autoridades alertam que pode ocorrer um excesso de capacidade de produção, à medida que outros países vão reabrindo gradativamente suas fábricas, levando a uma retração nas exportações provenientes da China.

Lidar com os desafios enfrentados pelo crescimento econômico da China – sinaliza a Xinhua – requer um foco inabalável na reestruturação econômica. Em uma reunião importante realizada em julho, os legisladores da China se comprometeram a apertar o limite de uso de energia nas indústrias intensivas em energia e anunciaram que serão tomadas medidas para evitar o uso do setor imobiliário como um estímulo econômico de curto prazo e para acelerar o desenvolvimento de moradias de aluguel a preços acessíveis.

Energia

Desde meados de setembro, o fornecimento de energia em todo o país tem estado restrito, refletindo o desequilíbrio entre a oferta e a demanda de energia, especialmente o carvão. Cortes de energia ocorreram em certas áreas de 23 a 26 de setembro, causando grande preocupação na sociedade.

Para fazer face à situação, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma anunciou medidas, que incluíram a intervenção legal nos preços do carvão, para trazer o mercado do carvão de volta à racionalidade e garantir um abastecimento estável de energia.

A Administração Nacional de Energia anunciou recentemente que irá promover a integração de novos projetos de geração de energia e melhorar ainda mais a capacidade de fornecimento de energia.

Um mecanismo de precificação aprimorado para energia a carvão também foi lançado para aprofundar a reforma de preços orientada para o mercado no setor.

Cadeias de suprimento

Diante das medidas de guerra comercial e tecnológica tomadas pelos EUA, a que se somam os efeitos da pandemia de Covid-19, a estabilidade da cadeia industrial global e o fluxo regular da cadeia de suprimento global vêm sendo confrontados com desafios sem precedentes.

Graças à capacidade demonstrada pela China de conter a pandemia em seu território, no que toca à China o quadro é de retorno à operação estável das cadeias de suprimentos.

As estatísticas mostram que mais de 90 por cento das empresas estrangeiras na China operam principalmente no mercado chinês. Com uma população de 1,4 bilhão e mais de 400 milhões de pessoas na classe média, a China tem um mercado consumidor de tamanho e potencial de crescimento incomparáveis.

Além disso, como enfatiza a Xinhua, as vantagens abrangentes de instalações industriais completas, infraestrutura completa e recursos humanos abundantes tornaram-se ímãs para o investimento estrangeiro, fazendo com que o ide (investimento direto estrangeiro) no continente chinês, no período de janeiro a setembro, haja crescido a dois dígitos.

Prosperidade comum

Desde o início do ano, a China tomou uma série de medidas para promover a prosperidade comum. Em vez de ter apenas algumas pessoas prósperas, a prosperidade comum, que é um requisito essencial do socialismo, refere-se à riqueza compartilhada por todos, física e intelectualmente, destaca a agência de notícias chinesa.

A China tem gradualmente colocado a prosperidade comum em uma posição mais proeminente desde o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China em 2012. Agora, tendo alcançado a vitória na luta contra a pobreza e na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, o país tem condições favoráveis para promover a prosperidade comum.

Na busca desse objetivo, serão feitos esforços para lidar adequadamente com a relação entre eficiência e justiça, fazer arranjos institucionais básicos para distribuição de renda, ampliar o tamanho do grupo de renda média, aumentar a renda dos grupos de baixa renda, ajustar o excesso rendimentos, e proibir rendimentos ilícitos para promover a equidade e justiça social.

Antimonopólio

A China revelou uma série de medidas regulatórias para controlar certos setores monopolizados e a expansão desordenada do capital. Esses são esforços pragmáticos e necessários para promover o desenvolvimento sólido de setores relacionados, bem como a justiça social.

As medidas antimonopólio visam atos ilegais, e não o setor privado ou empresas de qualquer tipo específico de propriedade, sublinha a Xinhua, visando liberar a capacidade de inovação.

A China tem sido amplamente reconhecida como uma das nações líderes na economia digital, o que significa que precisa de regulamentações mais relevantes para promover o desenvolvimento sólido de setores relacionados.

Depois de uma vitória completa na erradicação da pobreza absoluta, o foco da China no trabalho relacionado à agricultura, áreas rurais e residentes rurais mudou para a promoção abrangente da vitalização rural, assinala a Xinhua.

Devem ser feitos esforços para garantir que a produção de grãos do país permaneça acima de 650 milhões de toneladas, resolver os dois problemas principais, ou seja, sementes e terras aráveis, e garantir um bom começo para a modernização rural e agrícola, de acordo com as autoridades.

É importante avaliar com precisão a situação de risco financeiro atual, visto que a China tem visto uma pressão crescente para baixo na economia, riscos e desafios internos e externos, e riscos de dívida em algumas empresas desde o segundo semestre do ano.

As autoridades observaram que, embora existam questões individuais no mercado imobiliário – uma referência a casos como a Evergrande -, os riscos geralmente estão sob controle.

A principal legislatura do país acaba de aprovar a decisão de autorizar o Conselho de Estado a conduzir reformas do imposto sobre a propriedade em certas regiões.

A medida visa avançar na legislação e na reforma do imposto sobre a propriedade de forma ativa e prudente, orientar o consumo habitacional racional e o uso econômico e intensivo dos recursos da terra e facilitar o desenvolvimento estável e sólido do mercado imobiliário do país, de acordo com a decisão.