Chinese honor guards stand in formation during the lowering of the national flag in front of Tiananmen Gate in Beijing on Monday, one day before the 70th anniversary of the founding of the People's Republic of China.

Única grande economia do mundo a evitar contração em 2020 – mesmo em meio à pandemia global de Covid-19 e às tensas relações com os Estados Unidos no comércio e em outras frentes –, a China registrou um crescimento de 2,3% no ano. O índice foi medido pelo Departamento Nacional de Estatística chinês em termos reais (excluindo-se flutuações de preços). Segundo o órgão, o Produto Interno Bruto (PIB) do país acelerou especialmente no quarto trimestre, quando subiu a uma taxa de 6,5%.

Ao adotar rigorosas medidas de combate ao novo coronavírus, o governo chinês, liderado desde 1949 pelo Partido Comunista (PCC), conteve a Covid-19 muito mais rápido do que a maioria dos países. A economia se recuperou continuamente da queda de 6,8% nos três primeiros meses de 2020, quando o surto de Covid na cidade de Wuhan se tornou uma epidemia. Além disso, a crescente produção nas fábricas, para fornecer produtos a muitos países, ajudou a turbinar a economia.

Embora seja o menor crescimento anual da China desde 1976, a atividade econômica está em expansão. Antes do aumento de 6,5% no trimestre final de 2020, o PIB já havia crescido 4,9% no terceiro trimestre e 3,2% no segundo. Com isso, a economia chinesa retornou ao nível pré-Covid. Em 2019, seu avanço foi de 6,1%.

No geral, a alta de 2020 foi impulsionada pelo efeito favorável do investimento e do consumo. Além disso, a recuperação precoce – e singular – da China frente à pandemia e a retomada subsequente do trabalho permitiu a forte retomada da produção industrial, o que contribuiu para a demanda por seus produtos industriais.

O país contabilizou um superávit comercial recorde no ano passado, com crescimento de 3,6% das exportações. Essa sólida expansão reduziu a necessidade de maiores medidas de estímulo. Na opinião de economistas da Nomura, Pequim normalizará sua posição em política monetária em 2021.

Ao todo, a produção industrial da China subiu 2,8% no ano passado, puxada pelo setor manufatureiro – especialmente a produção de robôs industriais, veículos elétricos, circuitos integrados e microcomputadores. A incorporação imobiliária cresceu 7% e, junto a setores de alta tecnologia, como o farmacêutico, incrementou os investimentos em ativos fixos em 2,9%.

As vendas de produtos de consumo no varejo caíram 3,9% – lockdowns e outras medidas de controle de propagação da pandemia deprimiram esses gastos. A retração foi mitigada por um crescimento de 15% das vendas do varejo on-line, que responderam por 25% do total das vendas no varejo, comparativamente aos 4% de 2019.

A preços constantes, o PIB chinês alcançou um novo recorde de alta de 101,6 trilhões de yuans (US$ 15,6 trilhões), o que reflete a robustez geral do desenvolvimento econômico, científico e tecnológico, disse Ning Jizhe, porta-voz do Departamento Nacional de Estatística, à imprensa.

“Ao mesmo tempo devemos nos manter conscientes de que a China ainda é o maior país em desenvolvimento do mundo – e que seu PIB per capita ainda é ligeiramente inferior à média mundial”, disse Ning. Segundo ele, o país precisa fazer esforços incansáveis para cumprir as metas de longo prazo.

A taxa média de desemprego nas áreas urbanas permaneceu estável, em 5,6% – índice melhor que o esperado. O resultado reflete a recuperação do mercado de trabalho chinês em relação ao nível pré-Covid-19.

O PIB real de 2020 é 1,94 vez maior que o de 2010. A meta do Partido Comunista da China era dobrar o tamanho da economia em relação àquele ano, mas a Covid-19 – que se iniciou no país – inviabilizou a concretização do plano. Ainda assim, a China destoa entre as grandes economias.

Países como EUA e Japão sofreram com recessões recordes e continuam a enfrentar dificuldades diante da pandemia. O Banco Mundial estima um tombo da 4,3% na economia global em 2020. Para 2021, a projeção é de uma alta de 7,9% do PIB da China e de 4% na economia global.

Enquanto muitas nações lutam para conter o avanço do coronavírus, espera-se que a China continue à frente de seus pares, com o PIB crescendo no ritmo mais rápido em dez anos. Pesquisa da Reuters prevê um aumento de 8,4% em 2021. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), se a atividade econômica do país continuar a se normalizar e os surtos domésticos permanecerem sob controle, o PIB chinês crescerá 7,9% neste ano.

Com informações do G1 e do Valor Econômico