A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu à Procuradoria no Distrito Federal que apure as
agressões cometidas contra enfermeiros no dia 1º de maio, na Praça dos Três Poderes, em
Brasília. Os agressores já foram identificados e um deles é funcionário fantasma.

A notícia-crime foi encaminhada pelo procurador João Paulo Lordero ao procurador-chefe da
Procuradoria da República no Distrito Federal, Claudio Drewes José de Siqueira. O Conselho
Federal de Enfermagem também já entrou com representação contra os agressores.
O Ministério Público do Distrito Federal pediu que a Polícia Civil investigue as agressões a
enfermeiros e jornalistas e deu um prazo de 30 dias para a conclusão.
Foram identificados alguns desses elementos que participaram das hostilidades contra as
enfermeiras. São pessoas que permanecem rondando o Planalto com camisetas amarelas e
estão também diariamente na porta do Palácio do Alvorada apoiando Bolsonaro e hostilizando
jornalistas.
Entre eles está Renan da Siva Sena – o alto e mal encarado de camisa amarela – que agrediu
uma enfermeira que participava do protesto por melhores condições de trabalho. Ele é
funcionário fantasma do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, comandado
pela ministra Damares Alves.
O ministério informou que Renan estava em “trabalho remoto”.
Realmente a família Bolsonaro tem um grande ‘know how’ no tal “trabalho remoto”, descrito
por Damares. Os Bolsonaros são mestres da prática da “rachadinha”. O funcionário é lotado
em algum gabinete e não aparece para trabalhar.
Renan era um desses “bolsonaristas de raiz” do ministério – “meu partido é o Brasil”, diz a
estampa em sua camiseta. Assim também fazia o ex-capitão Adriano da Nóbrega. Ele tinha a
mãe e a ex-mulher no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro no Rio. Elas também
“trabalhavam remotamente” e repassavam parte do salário para o deputado e para o
miliciano.
Desta forma eles viabilizam que um bando de fanáticos fiquem liberados do trabalho para
poderem agredir jornalistas, atrapalhar a manifestação das enfermeiras, fazer aglomerações
defendendo o coronavírus, atacar o STF, o Congresso, as embaixadas e fazer plateia para as
sandices diárias de Bolsonaro na porta do Palácio do Alvorada.
E o curioso é que, depois do desmascaramento de que o agressor bolsonarista é remunerado
pelo governo, o ministério correu para afastá-lo. O órgão informou que a demissão do
integrante da “rachadinha” ministerial foi concluída nesta segunda-feira (04).
Se não fosse identificado, o meliante bolsonarista continuaria sem trabalhar, tumultuando e
“mamando” nas tetas do Estado.
Foi esse tipo de gente que agrediu os repórteres do Estadão, da Folha e do Globo no domingo,
durante o ato que defendeu o fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal
Federal (STF), atacou o ex-ministro Sérgio Moro, e pediu a volta da ditadura no país.
O premiado fotógrafo do Estadão, Dida Sampaio, que cobria o ato de domingo, levou pontapés
e socos dos bolsonaristas, antes de ser expulso da manifestação. Ele registrou boletim de
ocorrência e afirmou que foi hostilizado por pelo menos três homens que aparecem numa foto
feita por ele mesmo.
Uma das agressoras das enfermeiras, Merluce Gomes, que se diz empresária, foi vista na terça-
feira (05) na porta do Palácio do Alvorada tietando Bolsonaro. Ela chegou a conversar com o
presidente e pediu apoio dele para suas atividades. Bolsonaro atendeu ao pedido da militante
e deu aval para as agressões. Ele minimizou o que ocorreu nos dos dias anteriores.
“Olha só pra vocês entenderem como é essa imprensa. Mandei levantar se houve corpo de
delito. Ele não pediu corpo de delito, não fez. Se houve, foi agressão verbal, o que eles fazem o
tempo todo conosco. Zero agressão, mas houve um superdimensionamento daquilo por causa
da mídia, porque o interesse deles é tirar a gente daqui”, afirmou Bolsonaro.

Por seu turno, o Conselho Regional de Enfermagem pediu que as vítimas registrem as
ocorrências individualmente e o Conselho Federal entrou com uma representação no
Ministério Público contra os três agressores dos enfermeiros e protocolou o documento na
delegacia para abertura de inquérito policial. “O Renan é o que foi mais agressivo, que chegou
a empurrar uma das profissionais”, disse a representante dos profissionais.
“As agressões feitas pela Marluce foram agressões verbais, diminuindo os enfermeiros e
menosprezando a profissão e o ato em si. Não é a primeira vez que eles participaram de
manifestações desse tipo, sempre muito agressivos e, nesse caso, na última que foi a da
enfermagem, chegando às vias de fato”, denunciou Tycianna Monte Alegre, procuradora-geral
do Conselho Federal de Enfermagem.