PF denuncia “desvalorização sem precedentes da segurança pública”
Entidades representativas dos policiais federais rechaçaram as declarações de Bolsonaro que, em entrevista nesta terça-feira (7), disse que os servidores não terão reajuste salarial em 2022. Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro, Bolsonaro deixou claro sua vontade política de “promover a desvalorização sem precedentes da segurança pública”.
Para Leiro, as mudanças de posicionamento do presidente da República “nada mais são do que uma tentativa de iludir a opinião pública e confundir a população”, enquanto promove “jogos de palavras” com foco em sua campanha eleitoral à reeleição.
“Ele se comprometeu com esse reajuste linear sabendo que significava um aumento grande no orçamento. O que ele conseguiu com a promessa aos servidores federais foi uma desculpa conveniente para voltar atrás na reestruturação das forças de segurança da União, que já contavam com previsão orçamentária. Fica claro que falta vontade política e comprometimento de Bolsonaro, que, com isso, promove a desvalorização sem precedentes da segurança pública”, denunciou o presidente da ADPF.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcus Firme, classificou a política de desvalorização implementada por Bolsonaro como “lamentável”. “Se isso vier a se concretizar, será uma grande decepção”, acrescentou.
A categoria tem construído mobilizações desde o ano passado para cobrar o aumento de salários e reestruturação de carreiras dos profissionais de segurança pública. Outros servidores públicos da União, como os do Banco Central, também estão mobilizados em defesa da reposição salarial.
Caso não conceda o reajuste aos servidores, Bolsonaro será o primeiro presidente a não repor as perdas inflacionárias durante toda sua gestão. “Se não houver reajuste, sairemos do governo Bolsonaro recebendo um salário menor do que quando entramos. É a primeira vez que isso acontece com qualquer presidente desde que eu me entendo por gente”, afirmou Marcus Firme.
Para o líder da Fenapef, o adiamento do reajuste para o próximo ano também pode ser considerado uma estratégia eleitoral. “Prometer uma coisa sem ter na mão é futurologia. Como acreditar em uma promessa que já foi feita no passado, teve oportunidade de fazer, e não fez? Eu acho muito difícil. É uma jogada política com certeza”, destacou.
Com a proximidade do fim do prazo legal para a concessão do reajuste, que se encerra no próximo dia 2 de julho, os últimos anúncios feitos pelo Ministério da Economia, na segunda-feira (6), de que o Bolsonaro desistiu de manter a reserva de R$ 1,74 bilhão que seria destinado supostamente para o reajuste do funcionalismo, reforça a expectativa de que não haja reajuste para a categoria.