Assessor de Flávio Bolsonaro comandava duas contas

A Polícia Federal concluiu que contas falsas utilizadas para disseminar fake news e atacar opositores do governo Bolsonaro eram utilizadas por assessores de Jair Bolsonaro e seu filho, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), e foram acessadas de dentro do Palácio do Planalto.

As contas foram acessadas 1.045 vezes na rede de internet de órgãos públicos como o Senado Federal, Câmara dos Deputados, Câmara Municipal do Rio de Janeiro e o Comando da Brigada de Artilharia Antiaérea.

Um assessor de Flávio Bolsonaro, Fernando Nascimento Pessoa, comandava pelo menos duas contas no Instagram que atacavam opositores e defendiam um golpe contra a democracia.

O relatório da PF no inquérito dos atos antidemocráticos usou uma análise do Laboratório Forense Digital do Atlantic Council. Segundo o Laboratório, as contas de Instagram SnapNaro, TrumpWeTrust, DiDireita, Snappressoras, Tudo é Bolsonaro e Porque o Bolsonaro? foram acessadas pelo IP de Fernando Nascimento Pessoa. Algumas delas foram registradas pelo mesmo e-mail.

Em julho de 2020, o Facebook deletou 35 contas, 14 páginas e um grupo da plataforma que eram usados para disseminar fake news. No Instagram, foram deletadas 28 contas. Ao todo, as contas somavam 883 mil seguidores no Facebook e 917 mil no Instagram.

De acordo com o Facebook, eram “grupos de contas e páginas que trabalham em conjunto para enganar as pessoas sobre quem elas são e o que estão fazendo”.

Eram “operações executadas por um governo para atingir seus próprios cidadãos. Isso pode ser particularmente preocupante quando combinam técnicas enganosas com o poder de um Estado”.

Na segunda-feira (14), o Twitter excluiu perfis com comportamento suspeito. Diversos blogueiros e parlamentares bolsonaristas reclamaram de terem perdido milhares de seguidores e acusaram a empresa de estar cerceando a liberdade dos usuários.

O Twitter explicou que pediu para as contas com comportamento suspeito que provassem não ser fake através de uma senha ou número de telefone. As contas não foram excluídas e as que provarem ser autênticas voltarão à plataforma, informou.

O perfil pessoal de Jair Bolsonaro perdeu mais de 13 mil seguidores.

Arthur Weintraub, escolhido por Bolsonaro para chefiar o gabinete da sombra, que tomava as decisões em relação à pandemia no lugar do Ministério da Saúde, perdeu mais de 12 mil seguidores. “Segunda vez que o Twitter proporciona esse tipo de demonstração de pluralidade. Plataforma bolivariana”, reclamou.

O deputado bolsonarista, Carlos Jordy (PSL-RJ), publicou que “algo muito estranho acaba de acontecer no meu Twitter. Até algumas horas atrás eu estava com 488 mil seguidores e, repentinamente, caiu para 475 mil. Twitter está retirando meus seguidores ou excluindo contas em massa?”.

O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que perdeu 10 mil. Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Secretaria Geral, comentou que “aqui foram 12 mil”.

O deputado Osmar Terra (MDB-RS), defensor da “imunidade de rebanho” para o coronavírus através da contaminação de todos os brasileiros, disse que “está acontecendo um ataque aos usuários do Twitter de postura conservadora”. “Estão retirando milhares de seguidores desses usuários. Deve ser uma ação de hackers. É importante reagir a isso”.