A Polícia Federal (PF) concluiu que o líder de Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), é o verdadeiro dono de uma concessionária da Jeep, a Bari Automóveis, por onde passavam as propinas, e que foi beneficiada com isenções fiscais do governo até 2025.
A PF chegou a essa conclusão após a análise de documentos apreendidos no gabinete do senador, além de conversas dele com familiares e empresários no aplicativo WhatsApp.
Segundo a PF, a análise de conteúdo de mensagens de celular “demonstra, sem sombra de dúvidas, a atuação do senador Fernando Bezerra como sócio oculto da Bari Automóveis, o qual inclusive indaga e é informado, rotineiramente, sobre o resultado das vendas alcançadas”. Entre os materiais apreendidos pela PF, está um ofício de Fernando Bezerra Coelho. “O ofício apreendido conta com data do dia 07/11/2017 e foi endereçado ao secretário Jorge Rachid. Seu conteúdo trata de solicitação de benefícios para a JEEP”, afirmam os agentes, em relatório de análise.
Bezerra Coelho foi alvo de buscas e apreensões no dia 19 de setembro, na Operação Desintegração, que investiga propinas de R$ 5,5 milhões de empreiteiras à época em que ele foi ministro da Integração do governo Dilma Rousseff. Foram feitos repasses a parlamentares no âmbito de obras do Canal do Sertão e a Transposição do Rio São Francisco.
O esquema de recebimento de propinas teria sido exatamente a empresa Bari Automóveis, que está em nome do primo do senador, Lauro José Viana Coelho. Em depoimento à PF, João Carlos Lyra Pessoa Mello Filho relatou que os pagamentos para Bezerra eram destinados à concessionária. No total, a revendedora de veículos recebeu R$ 322 mil.
Debruçada sobre o material, a PF afirma ter encontrado diversos indícios de crimes, como “doadores ocultos”, pagamentos fracionados, bens transferidos a terceiros e documentos que reforçam elos entre propinas de empreiteiras. Na quarta-feira, 29, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que a PF está investigando negócios do senador em um paraíso fiscal norte-americano com um dos empreiteiros suspeitos de pagamentos de propina.