Unidade de hidrotratamento de diesel da Refinaria Landulpho Alves - RLAM

Os petroleiros de todo o país estão se mobilizando para combater a tentativa de retirada de direitos e de rebaixamentos dos salários pretendidos pela diretoria da Petrobrás.
Trabalhadores e a estatal negociam novos termos para a renovação do acordo coletivo, que vence no próximo dia 31 de agosto. A diretoria da empresa propõe redução nos valores pagos aos trabalhadores pelas horas extras e reposição salarial de apenas 70% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para medir a inflação período.
As negociações ficaram ainda mais tensas após as declarações do Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzone, e do Ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo Bolsonaro estuda fórmulas para privatizar a Petrobrás, principal e mais importante empresa do país.
“Estamos entrando em campanha reivindicatória, mas conturbada. Lutamos pelas garantias dos nossos direitos e também contra as privatizações que acontecem em todo o sistema Petrobrás, desde 2016. Estamos realizando várias assembleias setoriais para chegarmos a uma greve nacional da categoria”, disse Deyvid Bacelar, secretário de assuntos jurídicos e institucionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Os trabalhadores denunciam ainda que o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, empenhado em garantir o processo de desmantelamento da empresa, busca coagir os trabalhadores a votarem nas assembléias da categoria a favor da proposta de redução salarial e de demais direitos apresentados pela diretoria da Petrobrás.
“Ele distribuiu alta quantia de dinheiro para cargos de gestão, através de um programa de remuneração variável que inventaram. Agora, na campanha salarial dos petroleiros, ele obrigou que os cargos têm que votar pela proposta da empresa. Ou vota a favor ou é destituído. Isso aconteceu em Urucu, onde supervisores votaram contra a empresa e foram demitidos”, denuncia Adaedson Costa, secretário geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Diante do impasse na negociação coletiva, a diretoria da empresa notificou as federações da categoria que irá recorrer a mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) com a alegação de que não pode avançar nas negociações e conceder o mínimo de direito aos trabalhadores, a reposição da inflação em seus salários e a manutenção dos direitos conquistados.
Diz o comunicado ao TST que “desde o início da negociação foram realizadas mais de vinte reuniões com as entidades sindicais. Os avanços das propostas são substanciais, enquanto que, infelizmente, não foi observado nem um único avanço por parte das entidades sindicais”, o que significa que as propostas iniciais sequer chegavam aos 70% de reposição salarial.
O Governo Bolsonaro busca esquartejar a empresa, como anunciou o Lorenzone que estuda métodos para privatizá-la com o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), anunciado para entregar o máximo de estatais possíveis ao capital privado.
Diante dessas ameaças, as duas federações (FUP e FNP) unem forças para construir uma greve que possa acumular forças para que os trabalhadores barrem a privatização e o projeto de retirada de direitos da categoria.