Petroleiros e deputados fazem ato contra privatização da Petrobras
Em campanha contra as ameaças de Bolsonaro de privatizar a Petrobras, petroleiros de todo o país lotaram a Câmara dos Deputados na terça-feira (12), em um ato em defesa da mais emblemática estatal brasileira. Lideranças sindicais e parlamentares também defenderam a reestatização da Eletrobrás, o resgate do Sistema Petrobras, e o fortalecimento das empresas estatais e do serviço público.
O ato, organizado pelas Frentes Parlamentares Mistas de Defesa da Soberania Nacional, de Defesa da Petrobras e de Defesa do Serviço Público, e com o apoio dos sindicatos que integram a Federação Única dos Petroleiros (FUP), da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), entre outras entidades sindicais, mobilizou parlamentares do PT, PCdoB, PSOL, Rede, PV, PSB, lideranças estudantis e de movimentos sociais durante três horas, no Auditório Nereu Ramos.
Durante o ato, os presentes protestaram contra as manobras de Bolsonaro que, “ao apagar das luzes de seu desgoverno, acelera a venda das refinarias do Sistema Petrobras e ameaça enviar ao Congresso Nacional projeto de lei para privatizar de vez a empresa, nos mesmos moldes do que fez com a Eletrobrás”.
Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP. Foto: Paulo Neves/FUP
“O governo Bolsonaro vendeu a BR Distribuidora, a Liquigás, a Gaspetro, os nossos gasodutos. Todo esse sistema precisará ser retomado para termos preços justos para a população brasileira e garantirmos o abastecimento nacional”, afirmou o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Bacelar também destacou a importância da Petrobras retomar as fábricas de fertilizantes nitrogenados. “É inadmissível nós termos um Brasil que importa de 85% a 90% de todos os fertilizantes que necessita”, disse.
“Estamos aqui para dizer a Lira que ele e o governo federal irão enfrentar a maior greve da história da categoria petroleira, se tiverem a ousadia de tentar privatizar a Petrobras”, disse Bacelar, alertando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e avisando sobre a determinação de greve, aprovada em diversas assembleias da categoria petroleira ao longo das duas últimas semanas em diversos estados.
Para o coordenador da FNP, Adaedson Costa, “toda a riqueza gerada pelos trabalhadores tem que servir para diminuir as desigualdades do país”.
“Nós somos a força que produz o orgulho e a riqueza desse país e nós vamos ser a força que vai produzir e mudar esse país, para que seja um país sem fome, um país que tenhamos orgulho de viver”, afirmou o petroleiro ao salientar a importância estratégica da Petrobras para o desenvolvimento do Brasil.
Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Foto: Paulo Neves/FUP
“Vamos tomar de volta a Eletrobras”
“A presença de vocês aqui só expressa uma certeza: A Petrobras não será privatizada”, afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “Tenho certeza disso. Sabemos o que está acontecendo, mas sabemos que tem muita coisa que podemos recuperar. Vimos todo o processo de venda da Eletrobrás e nós dissemos a eles: Tomem cuidado, porque vamos tomar de volta. Vamos tomar de volta a Eletrobrás porque não é possível desenvolvimento sem empresa de energia. Ninguém desenvolve uma nação sem energia”, afirmou Jandira.
“Só num governo que se imagina colônia, um governo de joelhos, faz o que Bolsonaro faz. Um governo que não conhece o Brasil, não conhecer o suor dos brasileiros. Não sabe o que é construir esse país. Não conhece o trabalho do Brasil. Nenhuma sensibilidade com o povo brasileiro. Se soubesse defenderia a Petrobras, Eletrobrás, Correios, o salário mínimo. Mas será o primeiro governo a derrubar o salário mínimo e agora quer enganar o povo, a três meses da eleição. É um governo corrupto. Está massacrando os caminhoneiros há anos, e agora quer burlar a lei eleitoral para tentar ganhar voto”, ressaltou a deputada.
O professor Roberto Franklin Leão, presidente em exercício da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), afirmou que o ato “mostra a unidade da classe trabalhadora brasileira” e ressaltou a importância da luta em defesa dos recursos do pré-sal para a educação.
“Quando o pré-sal foi descoberto, acreditamos que ele seria o passaporte do futuro do Brasil, mas não existe futuro sem educação e sem saúde pública. Sem o fundo social, teremos um grande golpe no financiamento dessas políticas públicas essenciais para o funcionamento do país com dignidade”, afirmou.
“Estamos diante de uma ideologia que não é contra somente à soberania do Brasil. É uma ideologia contrária à Petrobras, o que querem é tirar os pés da empresa do mercado, como fizeram com a BR”, disse o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, senador Jean Paul Prates (PT/RN).
E referindo-se aos petroleiros presentes, que lotavam o auditório com seus jalecos de trabalho na cor laranja, afirmou: “Essa mobilização é extraordinária. Vocês não têm ideia da importância que cada um de vocês tem nesse processo de resistência”.