Gaviria, ex-ministro da Saúde e ex-reitor da Universidade dos Andes, junta-se à campanha de Petro.

“Não é hora de neutralidade na Colômbia. Eu acho que com ressalvas e preocupações em algumas questões, Gustavo Petro agora representa a opção mais responsável, institucional e liberal para a mudança. Os riscos de um colapso institucional, especialmente no Congresso e nos tribunais, são maiores com Rodolfo Hernández”.

A afirmação é do economista e escritor Alejandro Gaviria, ex-ministro de Saúde e Proteção Social (2012 a 2018) no governo de Juan Manuel Santos – que assinou o Acordo de Paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) – e ex-reitor da Universidade dos Andes (2019-2021), somando-se à campanha de Gustavo Petro, da coalizão Pacto Histórico.

De acordo com o economista, “Petro fez um esforço para articular uma visão de mudança, respeitou o debate, apresentou ideias e propostas. Rodolfo, não. Uma campanha que simplesmente apelou para um discurso anticorrupção eficaz, mas oportunista, me parece questionável”.

Para Gaviria, o discurso do ex-prefeito de Bucaramanga, capital de Santander – que vem sendo investigado pela milionária concessão da coleta de lixo por 30 anos para uma empresa em que trabalhava seu filho, enquanto sua esposa comprava duas casas por um milhão de dólares nos EUA – destrói a confiança das instituições e mina a ideia de democracia.

Ao retornar ao trabalho acadêmico, em 2018, Gaviria foi nomeado diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável para a América Latina, com sede na Universidade dos Andes, sendo eleito reitor da Universidade em 2019.

Numa entrevista ao Financial Times, Gaviria havia descrito a situação do país: “Estamos dormindo em cima de um vulcão. Há muita insatisfação. Uma explosão controlada com Petro pode ser melhor do que engarrafar o vulcão. O país está exigindo uma mudança”. O intelectual avaliava o estalido [levante] social de 2021, que se multiplicaram pelas ruas, paralisando a Colômbia, em meio à repressão, prisões e assassinatos.

Conforme o intelectual, Rodolfo Hernández “tem uma ideia de austeridade que ignora a realidade econômica e orçamentária, que não se baseia num conhecimento profundo da economia”, com muitas das suas exposições sendo “mera charlatanice”.

Ao contrário de Rodolfo, conclui Gaviria, a candidatura do Pacto Histórico tem “capacidade de dar voz à juventude, o que fortalece e legitima nossa democracia”. “Meu voto será em Gustavo Petro”, concluiu.

Agradecendo a manifestação, o candidato do Pacto Histórico expressou que com Gaviria sua equipe econômica estaria melhor composta para tirar o país da crise em que se encontra e alcançar sua melhor e maior prosperidade.

Da mesma forma, a candidata à vice, Francia Márquez, deu as “boas-vindas a este grande encontro para uma mudança real para a Colômbia”. “Gaviria, sua atitude democrática é uma grande contribuição para a reconciliação nacional e a defesa do estado de direito social”, comemorou.

Muito respeitado no meio acadêmico e entre o empresariado, a manifestação de Gaviria fortalece a frente ampla, imprescindível não só para derrotar Hernández, que vem sendo respaldado por seguidores do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), como para governá-lo após uma possível vitória. O uribismo representou a mais rastejante política de submissão política, econômica e militar aos EUA, por meio do terrorismo de Estado, esquadrões da morte e execuções sumárias, como a dos chamados “falsos positivos” – civis que eram vestidos como guerrilheiros para vender a imagem de uma vitória do Exército no campo militar.