Pesquisa: Vacina chinesa do Sinopharm apresenta 78,1% de eficácia
O Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, uma subsidiária do Grupo Nacional de Biotecnologia da China (CNBG, na sigla em inglês), publicou um estudo que informa que duas vacinas desenvolvidas pelo laboratório Sinopharm têm eficácia maior do que 70% contra os casos sintomáticos de Covid-19, no primeiro ensaio clínico de terceiro estágio do mundo com vacinas produzidas com vírus inativados.
A vacina desenvolvida por uma unidade da farmacêutica na capital chinesa apresentou 78,1% de eficácia contra casos sintomáticos, enquanto que o imunizante elaborado pela unidade do grupo em Wuhan, província de Hubei, tem 72,8% de eficácia, de acordo com os resultados também divulgados online pela publicação estadunidense The Journal of the American Medical Association.
O estudo assinalou que é a primeira vez que um fabricante chinês de vacinas de Covid-19 divulgou dados dos testes de terceiro estágio em uma publicação internacional revisada por pares, segundo um comunicado da empresa divulgado na quinta-feira (3).
Ambas as vacinas requerem duas doses para completar a inoculação. Elas usam uma forma enfraquecida do coronavírus para desencadear uma resposta imunológica.
Cerca de um terço dos mais de 40 mil participantes do estudo receberam a vacina da unidade de Pequim, um terço da unidade de Wuhan e o restante recebeu um placebo.
A análise provisória do ensaio demonstra que o tratamento de adultos com qualquer uma das vacinas SARS-CoV-2 inativadas “reduziu significativamente o risco de COVID-19 sintomático”, disse o estudo.
Ambas as vacinas também demonstram um bom histórico de segurança, já que as taxas de reações adversas dentro de sete dias após a injeção foram aproximadamente as mesmas entre os três grupos.
Os sintomas adversos mais comuns foram dor no local da injeção e cefaleia, mas foram leves e transitórios, sem necessidade de tratamento especial. “Eventos adversos sérios foram raros”, disse o relatório, acrescentando que a coleta de dados para análise final estava em andamento.
Yang Weizhong, reitor executivo da Escola de Medicina e Saúde Pública da Academia Chinesa de Ciências Médicas e do Colégio Médico de Pequim, disse que o estudo atesta que as vacinas chinesas passaram por testes científicos rigorosos que atendem aos padrões globais.
“O uso real das vacinas já havia atestado a segurança e eficácia dos imunizantes desenvolvidos internamente em várias ocasiões. O estudo é publicado em uma revista de renome mundial e foi aprovado na avaliação de pares. Espera-se que mais países e regiões em todo o mundo usem nossas doses”, assinalou Yang.
A vacina da unidade em Pequim foi a primeira a obter a aprovação condicional da Administração Nacional de Produtos Médicos da China, o principal regulador de medicamentos do país, em 31 de dezembro.
Já a vacina do Instituto de Wuhan foi aprovada para uso público em 25 de fevereiro. Além das duas vacinas da Sinopharm, outras três vacinas domésticas foram lançadas.
Yang Xiaoming, presidente do Grupo Nacional de Biotecnologia da China e especialista na força-tarefa de pesquisa e desenvolvimento de vacinas no país, disse em um fórum na quinta-feira (3) que estudos preliminares comprovam que essas vacinas também podem proteger contra variantes da Covid-19 que surgiram no Reino Unido e África do Sul.
Ele disse que a farmacêutica está aumentando sua produção rapidamente e tem como objetivo atingir uma capacidade de 3 bilhões de doses anuais até o final do próximo mês. A Sinopharm forneceu vacinas para cerca de 80 países e regiões em todo o mundo, e mais de 100 países já enviaram pedidos de compra.
Como a campanha de vacinação em massa está progredindo sem incidentes em todo o país, Yang disse que a China deverá vacinar de 70 a 80% de sua população de 1 bilhão 400 milhões de pessoas até outubro.