"Estou muito melhor", assevera Trump, hospitalizado após contrair Covid | Foto extraída de vídeo

Pesquisa divulgada no domingo (4) pelo Wall Street Journal, em conjunto com a agência NBC News, apresenta uma vantagem de 14 pontos percentuais para o candidato democrata Joe Biden sobre Trump depois que este foi internado doente de Covid.

Em outra pesquisa, a agência Reuters em conjunto com o instituto Ipsos, realizada logo após detecção de acometimento de Trump com Covid-19, o resultado dava vantagem para Biden sobre Trump com ligeira ampliação. Até o dia 2 de outubro Biden estava entre 7 a 8 pontos percentuais à frente de Trump. No dia 3, de acordo com a Reuters, chegava a 10 pontos: 51% a 41%.

Esta pesquisa da Reuters/Ipsos também indica que 65% dos eleitores norte-americanos afirmam que se Trump tivesse tomado cuidados como o uso de máscaras em aparições públicas teria evitado a doença.

Informa ainda que, para os entrevistados, 34% dizem que Trump tem dito a verdade sobre o coronavírus, 55% acham que o presidente foi desonesto e 11% não têm certeza.

A resposta da Casa Branca à pandemia é reprovada por 57%, dos norte-americanos, alta de 3 pontos percentuais em relação à última pesquisa, feita na semana passada.

ESTADO DE TRUMP

Reportagem do NYT avalia que informações sobre o estado de saúde do presidente Trump são, no mínimo, “conflitantes”.

A equipe médica responsável por Trump na Casa Branca se recusa a dar detalhes importantes sobre a saúde do presidente e deixa em aberto se sabiam que ele estava doente um dia antes do anunciado e se ele já estaria com o vírus dois dias antes.

Para os jornalistas Peter Baker e Maggie Haberman, em matéria trazida pelo NYT, foi fornecida à imprensa, pela equipe médica da Casa Branca, uma “barragem” de desinformações.

Trump segue hospitalizado e cresce o número de infectados entre as pessoas que estiveram com ele nos últimos dias e que pertencem à cúpula de seu governo e campanha.

Já chega a 12 o número de assessores, consultores, senadores e repórteres que entraram em quarentena ou foram hospitalizados devido a testes positivos depois de participarem do encontro com Trump no Salão Rosa da Casa Branca no evento que pretendeu homenagear a precipitada candidata de Trump à vaga deixada pela juíza Ginsburg, reverenciada por sua postura em defesa dos direitos humanos (em especial por direitos iguais para homens e mulheres) e falecida recentemente.

Nas últimas 48 horas, além do presidente e sua esposa, testaram positivo, seu diretor de campanha, a presidente de seu partido, sua principal consultora, um assistente, uma ex-conselheira, sua técnica de debate e três senadores republicanos, além de três repórteres da Casa Branca.

Apenas minutos depois que os médicos do presidente pintaram um quadro róseo, o chefe de Gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, tenso e falando à TV norte-americana diante do hospital militar Walter Reed, logo após a chegada do helicóptero com o presidente, apresentou um quadro bem mais sombrio descrevendo os sinais vitais de Trump como “muito preocupantes” e alertando que “os próximos dois dias serão críticos em termos de seus cuidados”.

SEM CLOROQUINA

Contrariando as bravatas de Trump sobre cloroquina e de que ele tomava o medicamento preventivamente contra o Covid-19, os médicos logo preveniram o uso do remédio inócuo no trato do vírus e com efeitos colaterais como taquicardia, ainda mais com o presidente já em idade avançada: 75 anos e portador de altos níveis de colesterol, além de obesidade.

O NYT informa que a declaração de Meadows enfureceu Trump que fez divulgar um vídeo onde surge com aparência abatida e bem menos enérgico que de costume e dizendo: “estou me sentindo bem”. Além disso tuitou uma mensagem a seu advogado Rudolph Giuliani dizendo: “vou vencer esta”.

Mas, até nestas tentativas de passar um quadro otimista, o próprio Trump deixou escapar que “os próximos poucos dias serão o teste verdadeiro”.

A reportagem também nota que quando os médicos da equipe de Trump dizem que ele “está sem febre e sem precisar de oxigênio neste momento”, podem estar sinalizando que nas horas anteriores, de fato precisou de apoio de oxigênio para respirar. As avaliações mais otimistas dão conta de que Trump precisará de 10 dias para que se tenha uma avaliação clara de seu estado de saúde.

Citando fontes anônimas, o NYT diz que Trump teve queda no nível de oxigênio no sangue na sexta-feira (dia 2) e dificuldade para respirar e que precisou sim de “oxigênio suplementar”.

Os funcionários da Casa Branca também tentam passar um quadro de “normalidade”, insistindo em que não é preciso que seu vice, Mike Pence, assuma a Presidência, uma vez que Trump pode seguir governando da cama do hospital.