Em Lima, milhares de trabalhadores respaldam decretos do presidente Castillo para restabelecer conquistas retiradas

Milhares de peruanos tomaram as ruas da capital, Lima, em defesa dos decretos governamentais que restauram direitos sindicais e trabalhistas rasgados pelo fujimorismo e denunciaram o parlamento por tentar permanentemente o impeachment do presidente popular e recém-eleito Pedro Castillo.

Entre os principais direitos plenamente restaurados, frisaram, estão os de sindicalização, de greve e negociação coletiva.

Na mobilização de quarta-feira (27), que chegou até o Congresso da República, faixas e cartazes também reivindicavam uma nova Constituição para o país e um referendo sobre a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte – consulta que tem sido rejeitada pela maior parte do legislativo.

Para a Central Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), entidade organizadora do ato, esta afronta ao voto popular demonstra que grande parte dos parlamentares dá as costas ao país, atendendo unicamente o interesse dos seus financiadores: banqueiros, latifundiários e o grande capital, que não quer ver os direitos dos seus empregados reconhecidos em lei. “Os decretos são uma conquista histórica da classe trabalhadora e devemos defendê-los em todos os espaços e formas necessárias”, afirma a CGTP.

Diante da determinação de Castillo de garantir esta base social mínima, a maioria conservadora e de extrema-direita volta a utilizar os meios de comunicação – que monopolizam – para tentar destituir o presidente da República com base em acusações de corrupção, e afastar do cargo igualmente a vice-presidente, Dina Boluarte, na tentativa de que o Congresso indique o novo governo.

Entre outras organizações, participaram da Jornada Nacional de Luta diversas entidades sindicais e políticas, como o movimento Novo Peru (NP). A dirigente sindical do setor de limpeza pública e congressista da coligação NP, Isabel Cortez, esteve à frente da marcha, ao lado de dirigentes da CGTP.

Mais avanços

Os decretos também impõem limites à terceirização indiscriminada por parte do patronato, ou seja, barram a possibilidade de contratar funcionários com salários mais baixos, em regime precarizado e sem qualquer estabilidade, demitindo os regidos por leis trabalhistas.

Em comunicado, a CGTP criticou os grupos de poder econômico, os seus órgãos de imprensa e agentes no Congresso por lançarem uma “campanha de mentiras”, ao argumentarem que as medidas comprometeriam o desenvolvimento por frearem o investimento, quando, na verdade, são simplesmente uma trava aos abusos trabalhistas e ao enriquecimento às custas da superexploração.