Peru: Sindicatos apoiam Verónika à presidência por emprego e direitos
A Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) aprovou na última sexta-feira (26) o apoio à candidatura da professora Verónika Mendoza à presidência do país e fez uma convocação às suas bases para que participem das eleições do próximo 11 de abril. A decisão foi tomada durante a Conferência Nacional (Conadet21) da entidade, que reuniu representantes de mais de um milhão e meio de trabalhadores, de 103 sindicatos e 43 federações.
O secretário-geral da CGTP, Gerónimo López Sevillano, assinalou que há uma consciência crescente da necessidade de somar com a candidatura do movimento Juntos pelo Peru (JP), pelo “seu compromisso com a defesa dos empregos e direitos, da democracia e da soberania nacional” e por ser quem melhor reúne as condições de enfrentar e vencer a reação. Por afirmar valores como “Pátria”, relegados por sucessivos governos, a proposta da líder opositora, psicóloga, antropóloga e professora tem se destacado entre as 18 candidaturas e se espraiado pelas comunidades.
“Além disso, há outros pontos convergentes com a nossa proposta, como a de mudança da Constituição, por meio de uma Assembleia Constituinte, e com consulta prévia ao povo, como viemos reivindicando há anos”, acrescentou a vice-presidente da CGTP, Carmela Sifuentes. O que está colocado, disse, “é a união dos partidos que querem a conformação de um bloco progressista”.
Na opinião de Sevillano, mais do que nunca, é preciso estar unidos e mobilizados, agindo “com consciência de classe trabalhadora”, fazendo o contraponto necessário “aos poderosos que impedem as leis trabalhistas e criminalizam o protesto social”, condenou o secretário-geral, frisando que é preciso dar um basta a “esta situação depreciável”.
Diante da catástrofe econômica, social e sanitária em que se vê mergulhado o país, com mais de 50 mil mortos pela irresponsabilidade do governo no enfrentamento ao coronavírus, a maior central sindical peruana fez um chamado a que todos os movimentos se aglutinem e levem mais longe a proposta da líder opositora, psicóloga, antropóloga e professora.
Verónika agradeceu o respaldo dos trabalhadores e se comprometeu a virar a triste página de submissão. Ela denunciou que sucessivos governantes – chegou a haver três numa única semana – têm manipulado o país como se fosse sua colônia, citando o exemplo do gás. “Explorado por uma transnacional sem que o recurso sirva para uso da população, para o transporte ou a indústria”, refletiu, vem sendo levado a preços baixos ao estrangeiro. Diante desta sangria, comprometeu-se a recuperar a soberania do país em todas as áreas e, no gás em particular, a utilizá-lo no uso interno massivo e a preços justos.
A candidata do JP também anunciou a liberação de créditos a baixo custo para os produtores nacionais – que serão priorizados – e outras medidas para recuperar os três milhões de empregos perdidos com a crise sanitária da Covid-19, e que combaterá a pandemia com “prevenção e vacinação”, entre outras ações estatais.
Na avaliação de Verónika, é essencial que a população receba bônus emergenciais para que possa sobreviver, “ressuscitar a demanda e reativar a economia”, tomada por banqueiros e especuladores. O papel do Estado precisa ser valorizado, frisou, com investimento em obras de infraestrutura, na melhora da saúde, educação e moradia, e uma reforma tributária que elimine isenções injustificadas e estabeleça um imposto para as grandes fortunas.
Outro dos objetivos da candidata oposicionista é “a geração de emprego digno, estável, com um Estado eficiente, com uma nova Lei Geral do Trabalho que garanta os direitos cortados pela política neoliberal das três últimas décadas”. Também esclareceu que restabelecerá o direito à negociação coletiva para a elevação de salário e de melhores condições de trabalho.
Defendendo a organização sindical, Verónika apontou a necessidade de que o Ministério do Trabalho resguarde os direitos sociais e trabalhistas, elimine toda e qualquer perseguição às suas entidades representativas e promova um diálogo produtivo entre Estado, trabalhadores e empresários.
Durante o encontro, e posteriormente com os moradores da Villa Huanta, em Lima, a candidata reiterou seu compromisso de assumir o controle do gás natural para que beneficie o povo, a industrialização e o desenvolvimento. “O que é nosso, o que a mãe Terra nos presenteou, tem que servir às famílias do Peru”, declarou a líder oposicionista, ao assinalar que esta será uma homenagem ao ex-parlamentar e histórico dirigente revolucionário Manuel Dammert, comunista e defensor da Frente Ampla, falecido recentemente vítima da Covid-19.
“O faremos pela memória de Manuel Dammert, a quem conheci em Cusco nas jornadas pela soberania e recuperação do nosso gás. Rendemos uma sincera homenagem ao político que nunca abaixou a cabeça a nenhum poderoso, nunca desistiu na luta pela soberania dos nossos territórios e dos nossos recursos”, concluiu.