Pedro Castillo, do partido Peru Livre, defende a nacionalização dos recursos naturais

Com mais de 88% das urnas apuradas, o professor e sindicalista Pedro Castillo, do partido Peru Livre, era o único candidato que tinha assegurada a sua participação no segundo turno das eleições presidenciais de 6 de junho. Até então, Castillo liderava com 18,86% dos votos, contra 13,2% de Keiko Fujimori, filha do ditador Alberto Fujimori, e 11,9% do neoliberal Hernando de Soto.

Além da enorme fragmentação em 18 candidatos, as eleições gerais deste ano foram marcadas pelo “amplo absenteismo”, já que praticamente 4,8 milhões de votantes – o equivalente a 27% – não compareceram às urnas. Também houve atomização na disputa para as 130 cadeiras do Congresso, que é unicameral.

O Peru vive uma grave crise institucional, que vem se arrastando e aprofundando a desilusão com a política. Sete dos seus dez presidentes desde os anos 80 foram presos envolvidos em escândalos de corrupção. Um se suicidou. Entre os ex-presidentes que se encontram encarcerados está Alberto Fujimori, pai de Keiko, acusado de perseguir, sequestrar e matar opositores, transformando o país andino numa ditadura sanguinária de 1990 a 2000. Entre outros crimes, Fujimori esterilizou mais de 300 mil mulheres pobres e indígenas com o apoio dos Estados Unidos.

Com 51 anos, Pedro Castillo ficou conhecido ao comandar uma prolongada greve nacional do magistério em 2017 e tem entre suas principais propostas a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

O candidato defende que “a estatização ou nacionalização das principais jazidas minerais, petrolíferas, de gás e centros energéticos é o que garantirá a utilização de nossos recursos com soberania”. O objetivo, reitera Pedro Castillo, é “tomar o controle total sobre importantes setores que geram riqueza imediata”, a fim de efetivar programas de geração de emprego e renda, superando a situação de alta miserabilidade em que se encontram os peruanos, agravada com a pandemia.

“Em todas as empresas exploradoras de recursos materiais e humanos somos os peruanos quem fazemos o trabalho mais duro e difícil, porque a presença dos estrangeiros não é imprescindível para que a mesma funcione”, acrescenta o Peru Livre em seu plano de governo. Citando o exemplo de Cuba, Bolívia e Irã, entre outros países soberanos, o partido destaca o êxito da nacionalização, que quem mantêm o controle estatal de petróleo tem boa estabilidade econômica.

Mesmo reconhecendo o poder do Estado peruano de “explorar e administrar todos os recursos estratégicos em seu território”, o Peru Livre propõe que, antes, deva ser “reconhecido constitucionalmente os direitos e a soberania das comunidades camponesas e indígenas sobre o solo e subsolo”, outorgando-lhes “um caráter vinculante para o seu cumprimento, incluindo a capacidade de veto”.