Cartazes de protesto contra a múlti estadunidense tomaram a frente da unidade do McDonald’s de Miraflores, Lima - Giselle Alvarez Meza-Reuters

A morte de dois jovens empregados do McDonald’s eletrocutados na madrugada de domingo enquanto limpavam a loja da rede de ‘comida rápida’ norte-americana do bairro de Miraflores, em Lima, provocou uma comoção nacional no Peru, obrigando a empresa a fechar as suas 29 unidades no país na terça e quarta-feiras.

A revolta ganhou as ruas depois que a empresa impediu que bombeiros e funcionários municipais tivessem acesso ao local, negando-se a entregar as gravações das câmaras de segurança com as imagens da morte de Campos Zapata (19) e Alexandra Porras Inga (18).

De acordo com Elisabeth Carmona, advogada dos jovens – que eram namorados e se esforçavam para poder pagar os estudos  – a gerência da empresa também coagiu os demais trabalhadores para que modificassem sua versão do ocorrido.

A advogada assegura que quando chegaram ao estabelecimento encontraram cabos expostos e que um ex-trabalhador do mesmo local havia sido demitido anteriormente por denunciar que o faziam trabalhar em um ambiente completamente inseguro e insalubre. “Inclusive acabou ganhando do McDonald’s e tiveram de indenizá-lo”, informaram os meios de comunicação. O McDonald’s negou que os cabos tivessem alguma “relação com o fato ocorrido”.

Cinicamente, a direção da empresa disse que “o que aconteceu é que os cabos ficaram expostos porque foram puxados por uma pessoa fora da empresa, fora das instalações, após o acidente”.Segundo a mãe de Alexandra, as jornadas de trabalho chegavam a ser de 12 horas diárias, extremamente extenuantes. “Minha filha dizia que os exploravam muito, que tinham de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e que quando descansava o fazia de pé, parada”, protestou.

“A morte de trabalhadores do McDonald’s no Peru, infelizmente não é um fato isolado e expressa o nível de precarização laboral”, afirmou a ex-candidata a presidente Verónika Mendoza, exigindo uma ação mais firme por parte do Ministério do Trabalho e um basta à impunidade e à utilização do termo “colaboradores”.

“Não, senhores do McDonald´s, Carlos Gabriel e Alexandra não eram seus ‘colaboradores’, eram trabalhadores cujos direitos trabalhistas vocês deveriam respeitar e que o Ministério do Trabalho deveria garantir implementando políticas de saúde e segurança”, frisou Verónika.

Conforme a dirigente do Novo Peru, “esta é a expressão da precarização que engorda as contas das grandes empresas que capturam o Estado para garantir seus privilégios, enquanto os jovens põem em risco ou perdem as suas vidas”, concluiu.