Presidente peruano empossa como primeira-ministra Mirtha Vásquez, advogada e defensora dos direitos humanos

O presidente do Peru, Pedro Castillo, deu posse a seu novo Gabinete Ministerial na noite desta quarta-feira (06), em cerimônia realizada no Palácio do Governo da capital, Lima, e na qual tomaram posse sete novos ministros.

Como nova primeira-ministra, assumiu a advogada defensora dos Direitos Humanos e ex-presidente do Congresso, Mirtha Vásquez.

Em meio à grave crise política de novembro de 2020, quando o país teve três presidentes em uma semana, Vásquez assumiu a liderança do Parlamento e ocupou esse cargo até o final do governo de transição de Francisco Sagasti, em julho passado. Como presidente da Assembleia Legislativa, ela teve uma postura de diálogo e de conciliação, e mostrou capacidade política para administrar um Congresso que os fujimoristas buscavam dividir e conturbar.

Foi neste contexto que Castillo venceu em uma votação apertada as eleições presidenciais do Peru em 6 de junho passado, derrotando a candidata das forças do atraso, Keiko Fujimori.

Do Gabinete composto por 19 membros, sete ministros foram substituídos e doze foram mantidos nestes primeiros dias de governo. Além da liderança do gabinete, as mudanças ocorreram nas áreas de Interior, Educação, Trabalho, Energia e Minas, Produção e Cultura. Uma nomeação significativa foi a de Gisela Ortiz na Cultura. Ortiz é irmã de um dos estudantes da Universidade La Cantuta assassinados pelo governo Alberto Fujimori, um dos casos pelos quais o ex-ditador foi condenado a 25 anos de prisão. Embora não seja um gabinete paritário, a representação feminina sobe de duas para cinco, e uma mulher chefia o gabinete.

A mudança ministerial ocorre em um contexto de tensão entre o Executivo e o Congresso, quando o Parlamento unicameral controlado pelos setores mais reacionários, se preparava para censurar nos próximos dias vários ministros, colocando em risco o governo. Os setores mais extremistas, liderados por Fujimori, embarcaram em manobras golpistas – assim como já tinham feito após a contagem dos votos que deu a vitória a Castillo -, e ameaçaram uma possível destituição de Castillo.

O presidente explicou que sua prioridade continua sendo enfrentar os “grandes problemas” do país, que em sua opinião são a saúde, a fome e a pobreza. “Com base nisso, tomamos algumas decisões a favor da governabilidade”, disse Castillo, destacando que “o equilíbrio de poderes é a ponte entre o estado de direito e a democracia”.

Mirtha Vásquez, a nova chefe de Governo, foi eleita legisladora no ano passado, indicada pela Frente Ampla, uma coalizão de partidos, organizações e movimentos sociais progressistas. Em sua conta pessoal no Twitter, ela se descreve como uma “ativista ambiental e defensora dos direitos humanos”. Antes disso, ela havia alcançado notoriedade nacional como advogada de Máxima Acuña, uma camponesa analfabeta cujas terras rurais são ameaçadas pela norte-americana Newmont, a maior mineradora de ouro do mundo.

Castillo manteve no cargo o chanceler Óscar Maúrtua, que o acompanhou em sua recente viagem pelo México e pelos Estados Unidos. Ele também ratificou seu ministro da Economia, Pedro Francke, que elabora um programa de desenvolvimento e defesa das riquezas nacionais.

“É hora de colocar o Peru acima de todas as ideologias e posições partidárias isoladas”, sublinhou Castillo.

Carlos Gallardo assume a pasta de Educação; enquanto Luis Roberto Varranzuela assumirá o cargo de Ministro do Interior. A deputada do partido Peru Libre, Betsy Chávez, é a nova Ministra do Trabalho e Promoção do Emprego. Completando a lista de novos altos funcionários Eduardo González estará no comando do Ministério de Minas e Energia; José Incio como Ministro da Produção; e Gisela Ortiz Perea como chefe de Cultura.

“Ratificamos o compromisso do Peru com o investimento, destacando a necessidade de operar sem corrupção e com responsabilidade social e priorizando a diversificação produtiva nacional “, destacou Castillo, em coletiva de imprensa.