Pedro Castillo toma posse e diz que prioriadade agora é vencer a pandemia

O novo presidente do Peru, o professor Pedro Castillo, tomou posse nesta quarta-feira (28) na sede do Congresso do país. Em seu discurso de posse comprometeu-se com “um governo sem corrupção e uma nova Constituição “que permita mudar o rosto de nossa realidade econômica e social”.

Sua vitória, apoiada nos votos das camadas populares, em especial as mobilizadas nas cidades do interior do Peru, foi contestada pela candidata Keiko Fujimori, que montou uma bancada de advogados para oferecer uma penca de denúncias de fraude sem nenhuma comprovação e que foram rejeitadas todas pelos organismos eleitorais peruanos até que o Juri Nacional Eleitoral (JNE) o proclamou presidente, no dia 20, entregando-lhe as credenciais que o habilitavam à posse de agora, coincidindo com a data do bicentenário da Independência do Peru.

Castillo vem de encabeçar uma jornada de lutas em defesa de sua categoria da qual é líder sindical.

Ao fazer o juramento como novo presidente, destacou que tomava posse em nome do povo peruano e para constituir “governo do povo, para governar com o povo e para o povo”.

“Um governo pelos povos originários, pelos camponeses, pescadores, professores, profissionais, crianças, jovens e mulheres”, destacou.

“O Peru será governado por um camponês, uma pessoa que pertence, como muitos peruanos aos setores oprimidos por tantos séculos. Também é a primeira vez que um partido político formado no interior do país ganha eleições de forma democrática e que um professor, mais precisamente um professor rural é eleito para ser presidente”, assinalou.

Castillo foi aplaudido de pé ao anunciar que proporá ao Congresso a convocação de uma Assembleia Constituinte, uma de suas principais bandeiras, para mudar a atual que deriva da ditadura do agora preso Alberto Fujimori.

Ele esclareceu que isso se faz necessário pois a atual Carta “beneficia as grandes corporações para que possam levar nossas riquezas”.

Ele também destacou suas prioridades: a guerra à pandemia. “Devemos governar em um momento de enorme gravidade para o Peru. Devemos maximizar nosso esforço para alcançar a vacinação de toda a nossa população no menor tempo possível. A saúde é um direito fundamental que o Estado deve garantir”, comprometeu-se

Ele assegurou que cumprirá sua promessa de fazer mudanças no modelo neoliberal “imposto por três décadas”.

Anunciou “mudanças com responsabilidade”, tais como políticas de redistribuição de renda, melhoria nos menores salários, investimentos públicos para reduzir as enormes desigualdades, com atenção especial à saúde, educação e às populações rurais. Também incluirá programas para criar empregos emergenciais e ainda um milhão de empregos estáveis no primeiro ano de mandato, créditos para os camponeses, para as micro e pequenas empresas. E ainda um auxílio emergencial no valor de 180 dólares aos mais necessitados.

Castillo assume depois de um período tumultuado no qual o Peru passou por quatro presidentes em apenas um ano: Pedro Pablo Kuczynski, que assumiu no dia 28 de julho de 2016 e renunciou em março de 2018; Martín Vizcarra, destituído em novembro de 2020; Manuel Merino, cujo governo durou apenas seis dias e Francisco Sagasti, que assumiu nestes últimos oito meses.

Para assistir a posse de Castillo foram a Lima os presidentes da Argentina, Alberto Fernández; do Equador, Guillermo Lasso; do Chile, Sebastián Piñera; da Colômbia, Iván Duque e da Bolívia, Luis Arce.

“Será muito bom acompanhar a Castillo nesta data histórica na qual o povo irmão também celebra o bicentenário de sua Independência”, afirmou Arce.

Do Brasil, o vice-presidente, Hamilton Mourão; do Uruguay o chanceler Francisco Bustillo e do México o secretário de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard. Também esteve presente o rei Felipe VI da Espanha.