Para Verónika Mendoza, o momento exige "campanha de vacinação rápida, efetiva e universal”

Para reativar a economia, o primeiro que é preciso fazer é controlar a pandemia, com medidas claras para reduzir aglomerações e contágios, com o fortalecimento do sistema de saúde desde o primeiro nível de atenção até os hospitais, com ampla distribuição de oxigênio e com uma campanha de vacinação rápida, efetiva e sem discriminações”, defendeu Verónika Mendoza, candidata à presidência pelo movimento Juntos pelo Peru.

Em coluna no jornal El Comércio, a líder oposicionista reforçou o papel do Estado no enfrentamento ao coronavírus – que já soma 43 mil mortos e 1,2 milhão de contaminados entre os 32 milhões de peruanos – e, consequentemente, na retomada do crescimento do país, que viu o poder aquisitivo dos trabalhadores ser reduzido à metade no último período e o índice do desemprego triplicar.

“Hoje a situação econômica das famílias do Peru está sumamente deteriorada. Muitas esgotaram todas as suas poupanças e até mesmo os seus escassos fundos de aposentadoria, se endividaram ainda mais, e há cerca de três milhões de empregos a menos do que em 2019”, relatou.

De acordo com Verónika, “a explosão de contágios e enfermos não somente sobrecarregou rapidamente o sistema de saúde e provocou uma dolorosa alta de mortalidade, mas também põe um freio a qualquer perspectiva de recuperação econômica”. “Como pretender que o consumo aumente justamente quando as pessoas estão profunda e justificadamente preocupadas pela sua saúde e sua vida, ou que o investimento privado seja reativado quando a incerteza não lhe permite saber o que acontecerá no próximo mês?”, questionou.

Na avaliação da candidata, a segunda medida essencial é “entregar apoio econômico às famílias com um terceiro e um quarto bônus universal, como vimos propondo há meses”, que vem sendo irresponsavelmente adiado. Seu primeiro efeito prático, sustentou, “será permitir que as famílias comprem alimentos e bens básicos e assim possam se cuidar, ficando mais em casa. Porém, além disso, estes gastos de umas famílias serão vendas e receitas para outras, dando assim suporte a milhões de trabalhadores por conta própria, microempresários, agricultores, e também às médias e grandes empresas voltadas ao mercado interno”.

Por isso, defendeu, é tão importante que esta injeção de recursos se faça o mais massiva e rapidamente possível. De fato, reiterou, “essa distribuição deveria haver sido entregue antes da quarentena, para que esta fosse efetiva. Não temos tempo a perder, temos recursos para fazê-lo e uma experiência prévia que aproveitar e melhorar”.

“O Estado peruano possui, segundo dados oficiais do Banco Central de Reserva, 72 bilhões de sóis de poupança fiscal (US$ 19,79 bilhões) depositados no banco nacional, enquanto um bônus custa um duodécimo desta soma. A emergência atual justifica plenamente usar esses fundos e, já com a reativação em marcha se equilibrarão as contas fiscais”, frisou.

GERAR EMPREGOS

Junto ao bônus a milhões de famílias, Verónika apontou a necessidade de um programa de financiamento a baixas taxas de juros – nos moldes do atual Reativa Peru -, “mas evitando beneficiar a empresas corruptas ou com dinheiro em paraísos fiscais e, sobretudo, dando prioridade às micro e pequenas empresas”. “Desta maneira, poderão seguir operando, gerando empregos e honrando suas folhas de pagamento, sem praticar demissões arbitrárias ou violar direitos trabalhistas. Os mecanismos financeiros de apoio também deverão chegar aos consumidores e aos devedores de hipotecas, para que tenham seus juros reduzidos e períodos de carência especiais nesta etapa difícil”.

Por outro lado, propõe a candidata, “é vital dar um estímulo substancial ao investimento público destinando recursos principalmente a projetos de execução rápida, que permitam fechar lacunas de infraestrutura e gerem emprego”. E para isso, explicou, “a partir de Juntos pelo Peru temos nos proposto a aumentar o investimento público em 2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro ano de governo”.

“Esses são os primeiros passos imprescindíveis para reativar a economia, cuidando do emprego, cuidando da saúde e da vida. Não sairemos desta crise com base no ‘salve-se quem puder’ ou apelando para o ‘piloto automático’. Se tais comportamentos já eram nefastos em ‘tempos normais’, se tornam imorais em tempos de crise, em que é a própria vida que está em jogo. É tempo de decisão, de valentia, de unidade e solidariedade. Juntas e juntos sim podemos sair desta crise”, concluiu Verónika.