Percentual de famílias inadimplentes aumenta em fevereiro, diz CNC

A inadimplência, ou seja, a proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso, aumentou
e atingiu 24,1% em fevereiro. Uma alta em relação a janeiro, quando o índice registrou 23,8%.
Na comparação com fevereiro do ano passado, esse percentual estava em 23,1%.
A trajetória dos últimos doze meses, excluindo junho e julho, foi de aumento do índice. Os
dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Entre os brasileiros inadimplentes, parte deles acumulam dívidas em atraso anteriores a
fevereiro. Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas
ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, apresentou ligeira alta
na comparação mensal, passando de 9,6% em janeiro de 2020 para 9,7% do total em fevereiro.
O indicador havia alcançado 9,2% em fevereiro de 2019.
A situação geral do endividamento, também analisada pela pesquisa, mostra que em fevereiro
de 2020, 65,1% das famílias estavam com dívidas. a comparação com fevereiro de 2019 houve
um aumento também significativo, quando 61,5% do total das famílias estavam endividadas.
Em relação ao mês de janeiro deste ano o índice teve diminuta melhora visto os 65,3%
registrados no mês passado.
Tanto os dados do aumento da inadimplência quanto o alto índice de endividamento mostram
que a situação dos brasileiros tende a se agravar.
Toda a euforia com os saques do FGTS, o aumento do crédito ao consumidor e o décimo
terceiro no final do ano passado não foram suficientes para estabilizar a situação financeira
das famílias brasileiras, conforme propagandeou o governo.
A pesquisa analisa as dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial,
carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro. Com a disparada dos preços
da cesta básica, da energia elétrica, do gás de cozinha, dos combustíveis, entre outros,
somados ao desemprego e ao aumento da informalidade, o comprometimento da renda é
ainda maior.
Pela enésima vez o cartão de crédito foi apontado como o principal tipo de dívida por 78,6%
das famílias endividadas, seguido por carnês (15,9%) e financiamento de veículos (10,7%). A
ordem se repete para as famílias com renda de até dez salários mínimos, com o cartão de
crédito sendo apontado por 79,1%, carnês por 16,6% e financiamento de carros por 8,9%.
Para famílias com renda superior a dez salários mínimos, o cartão de crédito se mantém em
primeira posição (76,9%), seguido por financiamento de veículos (19,1%) e financiamento de
casa (16,9%).
A taxa média de juros cobrada no rotativo do cartão de crédito encerrou o ano de 2019 em
torno de 300%, segundo o Banco Central. O juro médio total do cartão de crédito atingiu
318,9% em dezembro do ano passado.
Com um juro abusivo desse, não é à toa que milhões de brasileiros apontam o cartão de
crédito “oferecido” pelo sistema financeiro como o maior vilão do endividamento e da
inadimplência.