Pequim repudia sanções dos EUA contra empresas chinesas de tecnologia
A China condenou na sexta-feira (17) a nova e irracional fornada de sanções dos EUA contra empresas chinesas de alta tecnologia, anunciada na véspera, e afirmou que tomará “todas as medidas necessárias” para protegê-las, assinalou o porta-voz Wang Wenbin.
Na véspera, o Departamento de Comércio dos EUA adicionou 34 empresas e instituições chinesas à lista de entidades restritas na exportação. Outras oito empresas chinesas foram adicionadas pelo Departamento do Tesouro a uma lista negra de investimentos. O Congresso norte-americano aprovou a proibição de importações da Região Autônoma Uigur de Xinjiang, na China.
A ação dos EUA minou severamente os princípios da economia de mercado e as regras da economia e do comércio internacional, disse Wang. “Instamos os EUA a corrigirem seus erros imediatamente, e a China tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar resolutamente os direitos e interesses legítimos das instituições e empresas chinesas”, acrescentou.
A crescente guerra tecnológica entre as duas maiores economias do mundo teve início sob o governo Trump e continuou sob o atual presidente, Joe Biden. Começando como uma disputa comercial e tarifária, o conflito logo se transformou em uma batalha em tecnologias essenciais, incluindo semicondutores, 5G e IA.
Princípios humanitários
Desconsiderando o espírito da ciência, os EUA impuseram sanções até mesmo a 12 instituições chinesas de pesquisa médica, denunciou porta-voz do Ministério do Comércio chinês. Tal medida “viola os princípios humanitários e os valores comuns de toda a humanidade”, acrescentou o porta-voz.
“O desenvolvimento da biotecnologia na China sempre foi para o bem-estar da humanidade. As alegações do lado dos EUA são totalmente infundadas”, disse o porta-voz da embaixada chinesa em Washington, Liu Pengyu.
Além de tentar coibir o desenvolvimento da alta tecnologia da China, as sanções também se inscrevem no esforço de Washington para empurrar o mundo de volta a um clima de guerra fria, sob a cínica – e inverídica – alegação de que a China persegue sua minoria islâmica uigur de Xingiang.
Isso de parte de um país que por 20 anos esteve massacrando crentes islâmicos do Iraque ao Afeganistão, passando pela Síria, Líbia, Somália e Iêmen, centenas de milhares deles, sob o pretexto da “guerra ao Terror”.
Projeção
Com todas as denúncias já tornadas públicas sobre os programas da CIA e da NSA de vigilância em massa, desde Snowden, as acusações de Washington mais parecem manifestações do conhecido mecanismo psicológico da ‘projeção’, sobre outrem, daquilo que o acusador é que comete.
Sem qualquer prova, o Departamento do Tesouro acusa as empresas sancionadas de terem criado programas de reconhecimento facial usados para “determinar a etnia de um alvo”.
A empresa de inteligência artificial Megvii Technology Ltd, que está na lista, disse que “se opõe fortemente à medida” e considerou ignóbil a acusação de “criar um software customizado projetado para conduzir atividades de vigilância de minorias étnicas”.
A Hangzhou Hikmicro Sensing Technology Co., Ltd., subsidiária do fabricante de equipamentos de videovigilância Hikvision, que está entre as 34 empresas da lista, disse que nunca desenvolveu, produziu e vendeu produtos militares chineses.
Hikmicro Sensing disse que a ação dos EUA de impedir a cooperação normal de negócios tem um impacto adverso não apenas sobre as empresas na lista, mas também sobre empresas americanas e firmas de outros países.
Em 10 de dezembro, a SenseTime, empresa líder em Inteligência Artificial (IA) da China, havia sido anexada à lista de proibição de investimento dos EUA de Biden, levando ao adiamento do IPO na Bolsa de Hong Kong de US$ 767 milhões.
Cadeia de suprimentos mundial
Porta-voz de Pequim reiterou que a China sempre se opõe às medidas dos EUA para esticar o conceito de segurança nacional e exercer supressão injustificada sobre as empresas chinesas. “Os EUA devem trabalhar com a comunidade internacional para manter um ambiente aberto, justo e não discriminatório para o desenvolvimento científico e tecnológico e negócios internacionais”.
“Os Estados Unidos generalizaram repetidamente o conceito de segurança nacional para suprimir as empresas chinesas, o que prejudicou seriamente os interesses das empresas chinesas, perturbou a ordem econômica e comercial internacional e ameaçou a cadeia de suprimentos da cadeia industrial global”, advertiu porta-voz chinês.