Pequim denuncia sanções ilegais dos EUA contra 33 empresas chinenas
A Casa Branca expede sanções para barrar as exportações de empresas norte-americanas a empresas da China, denuncia o Ministério do Comércio da China.
A tentativa, que significa uma forma desleal e vã de concorrência, através da criação de criar obstáculos ao crescimento da China e seus avanços em tecnologia foi anunciada pelo Departamento de Comércio dos EUA. A medida sanciona 33 empresas chinesas através da chamada lista não verificada (UVL, na sigla em inglês), na segunda-feira (07), o que na prática impede as empresas de receberem importações provenientes de fornecedores norte-americanos.
“Nos últimos anos, os EUA têm usado o controle de exportação como uma ferramenta de repressão política e intimidação econômica, tomando constantemente medidas unilaterais para pressionar empresas, instituições e indivíduos estrangeiros, o que já causou danos aos laços econômicos e comerciais normais entre a China e os EUA, afetou regras do comércio internacional e colocou uma séria ameaça para a cadeia global da indústria”, informou o Ministério do Comércio da China em comunicado divulgado pelo Global Times.
O Ministério instou os EUA a corrigir imediatamente seus erros, retornar ao caminho certo da cooperação ganha-ganha e contribuir para a estabilidade da indústria global e das cadeias de suprimentos, importantes para a recuperação da economia mundial.
A justificativa usada pelo Departamento é que o governo norte-americano não conseguiu estabelecer a legitimidade dessas companhias, nem qual seria o uso dos produtos comprados dos Estados Unidos.
Os exportadores norte-americanos necessitam agora de uma licença para enviar produtos a qualquer uma dessas empresas.
Em entrevista ao Global Times, na terça-feira (08), o pesquisador do Instituto de Estudos Financeiros da Universidade Renmin da China, Dong Shaopeng, afirmou que não é de surpreender que os EUA tenham adicionado 33 empresas chinesas à essa lista, que é uma continuação da repressão às empresas chinesas de alta tecnologia que começou sob o governo Trump, e está de acordo com a aprovação do Congresso dos EUA da chamada America Competes Act of 2022.
“A medida mostrou que os EUA começaram a sentir pânico à medida que a China avança gradualmente para o topo da cadeia da indústria”, disse Dong, acrescentando que o abuso das chamadas preocupações de segurança nacional para suprimir empresas de alta tecnologia prejudicará tanto os EUA quanto a China.
Algumas empresas chinesas que foram alvo da medida dos EUA assinalaram ao Global Times que não veem nenhum impacto real, pois nem importam produtos dos EUA, enquanto outras estão trabalhando para lidar com a repressão.
A Shenzhen Haimuxing Laser Technology Co. disse em comunicado que não houve impacto significativo no status operacional ou financeiro da empresa depois que uma de suas subsidiárias foi colocada na lista.
A Hefei Anxin Reed Precision Manufacturing Co, outra das empresas da lista, disse que estava ciente do problema e estava tomando medidas ativas para lidar com a situação.
“Os produtos dos EUA representam apenas uma pequena proporção de nossas importações. Não está claro que impacto a entrada na lista terá em nossa empresa”, disse a empresa ao Global Times em comunicado na terça-feira.
Outras companhias disseram que nem negociam com empresas americanas no momento, entre elas a Kunshan Heng Rui Cheng Industrial Technology Co., que declarou ao Global Times que não possui produtos importados dos EUA.
“Os EUA perderão lentamente o mercado chinês depois de impor controles de exportação, enquanto a imposição de tarifas adicionais sobre algumas necessidades diárias afetará diretamente os preços ao consumidor nos EUA e aumentará a pressão inflacionária”, afirmou Bai Ming, vice-diretor do Instituto de Pesquisa de Mercado Internacional da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica.
Também 41 senadores norte-americanos escreveram ao Escritório do Representante do Comércio dos EUA pedindo à agência que criasse um processo mais claro, para impedir que algumas importações chinesas recebam taxações punitivas que afetarão as relações comerciais.