Pentágono fez pesquisas para usar em armas biológicas contra Rússia
O Ministério da Defesa da Rússia divulgou documentos localizados agora comprovando que o Pentágono financiou e coordenou pesquisas com produção e transmissão de patógenos em laboratórios na Ucrânia.
Os documentos explicam a preocupação dos Estados Unidos, externada pela Subsecretária de Estado, Victoria Nuland, para que os laboratórios biológicos fossem desmontados às pressas antes que as forças russas se aproximassem.
Entre as pesquisas, havia experimentos de como aves, morcegos e insetos poderiam transportar vírus e bactérias da Ucrânia para a Rússia.
Os documentos oficiais dos laboratórios, obtidos através de funcionários ucranianos, mostram que “é bastante provável que um dos objetivos dos Estados Unidos e seus aliados seja criar bioagentes capazes de atingir populações étnicas selecionadas”, destacou o governo russo.
A Duma de Estado (equivalente à nossa Câmara de Deputados) da Rússia vai pedir à ONU, à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) que investiguem as denúncias.
Conforme mostram os documentos, os EUA mantinham na Ucrânia pelo menos seis programas de pesquisa para a possível produção de armas biológicas.
O primeiro citado é o UP-4, que tinha participação de laboratórios dos EUA em Kiev, capital da Ucrânia, Kharkov e Odessa. “Seu objetivo era estudar a possibilidade de propagação de infecções particularmente perigosas através de aves migratórias, incluindo o altamente patogênico vírus influenza H5N1, cuja taxa de mortalidade atinge 50% em humanos, assim como a doença de Newcastle”, afirmou a Rússia, com base nos documentos que apreendeu.
Foram analisadas as rotas migratórias de 145 espécies de aves capazes de carregar o vírus influenza. Destas, foram selecionadas e capturadas para o estudo duas espécies que migram entre a Ucrânia e a Rússia.
Outro projeto, o R-781, estudou o potencial de disseminação de doenças virais e bacterianas na costa do Mar Negro e no Cáucaso. Fizeram parte da pesquisa os laboratórios biológicos controlados pelo Pentágono na Ucrânia e na Geórgia, com cooperação do Instituto Politécnico da Virgínia e Serviço Geológico dos Estados Unidos (US Geological Survey), que responde ao Departamento do Interior do país.
O projeto estudava os patógenos da peste, leptospirose, brucelose, coronavírus e filovírus.
Os papéis oficiais sobre o UP-8 comprovam que os Estados Unidos comandavam as pesquisas no exterior. Neste caso, o “estudo” era sobre a febre hemorrágica da Criméia-Congo, que é causada por um vírus, e tinha financiamento direto do Ministério da Defesa dos Estados Unidos, sem nenhum intermediário.
Um documento demonstra que pesquisadores e pesquisadoras norte-americanos, uma delas da Universidade do Tennessee, viajavam para a Ucrânia para orientar o estudo.
“O objetivo dessa visita é dar oportunidade para os cientistas ucranianos trabalharem junto com os especialistas dos Estados Unidos na matéria para alcançar na conclusão de tarefas do projeto UP-8 relacionadas à detecção da febre hemorrágica da Criméia-Congo e hantavírus em carrapatos e roedores”, dizia um documento obtido pela Rússia.
Para o Ministério da Defesa da Rússia, os documentos confirmam que “todos os estudos de alto risco são conduzidos debaixo de supervisão direta de especialistas dos Estados Unidos”.
Outros documentos mostram a continuidade dos projetos UP-2, UP-9 e UP-10, que estudavam os patógenos do antraz e da Peste Suína Africana.
O Pentágono também financiou pesquisas sobre insetos, como pulgas, que poderiam servir de vetor para doenças infecciosas.
“A análise dos materiais obtidos confirma a transferência de mais de 140 containers de ectoparasitas de morcegos, roedores e carrapatos vindos do biolaboratório em Kharkov”, informou o governo russo.
A Rússia afirma que os Estados Unidos já organizaram a evacuação dos documentos, incluindo bancos de dados, biomateriais e equipamentos, dos laboratórios de Kiev, Kharkov e Odessa para o Instituto de Epidemiologia de Lvov e para o Consulado dos EUA em Lvov.
Também há a possibilidade de terem enviado parte do inventário para a Polônia.
Por fim, a documentação apreendida pela Rússia registra que o Centro Público de Saúde do Ministério da Saúde da Ucrânia enviou mostras biológicas de cidadãos ucranianos para o exterior, através de containers refrigerados.
As amostras foram recebidas pela Alemanha e pela Austrália. No caso da Alemanha, foram mil amostras de sangue de diferentes regiões da Ucrânia, mas sempre de pessoas do grupo étnico eslavo.
A subsecretária de Estado, Victoria Nuland, confirmou, em depoimento ao Senado, que os Estados Unidos mantêm “instalações de pesquisas biológicas” na Ucrânia.
“A Ucrânia tem instalações de pesquisas biológicas e, de fato, estamos bastante preocupados de que as forças russas estejam buscando tomar controle delas e por isso estamos trabalhando com os ucranianos sobre como prever que qualquer destes materiais de pesquisa caia nas mãos das forças russas se elas se aproximam”, declarou Nuland.
Para a Rússia, “com sua declaração, Nuland indiretamente confirmou o programa biológico-militar do Pentágono na Ucrânia, contornando os acordos internacionais existentes”.