Drone norte-americano semelhante ao usado no ataque aéreo no Afeganistão

O ataque norte-americano com drone na sexta-feira (27) teria matado dois líderes do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), no Afeganistão, e outro foi ferido, segundo informação divulgada no sábado (28) por William Taylor, major-general dos EUA.

“Posso confirmar, à medida que novas informações chegam, que dois alvos altamente colocados do EI-K foram mortos, um foi ferido. Desconhecemos ter havido baixas civis”, acrescentou Taylor em coletiva para atualização de informações no Pentágono.

O ataque se seguiu ao atentado suicida de quinta-feira (26), que matou dezenas de pessoas, incluindo 13 militares dos EUA no aeroporto de Cabul, disse Taylor. Mais cedo, uma declaração do Comando Central (CENTCOM, na sigla em inglês) dos EUA, relatara a morte de apenas um elemento do EI-K.

A operação parece ser parte em cumprimento da promessa do presidente Joe Biden, que garantiu que os autores do ataque não poderiam se esconder, que seriam “caçados” e obrigados a “pagar”.

Um porta-voz do Talibã condenou o ataque do Estado Islâmico na quinta-feira (26), quando disse que “o ataque ao aeroporto de Cabul no Afeganistão foi um ato de terrorismo que deveria ser condenado por todo o mundo”. O grupo criticou também neste sábado (28) o ataque de drone dos Estados Unidos na sexta-feira (27) e anunciou que estabelecerá um novo governo para o Afeganistão na próxima semana. O porta-voz Zabihullah Mujahid, citado pela agência Reuters, descreveu a operação americana como um “ataque claro em território afegão”.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou na entrevista coletiva de sexta-feira que “o Taleban afegão deve honrar sinceramente seu compromisso, romper totalmente com todas as organizações terroristas, lutar resolutamente contra o ETIM [Movimento Islâmico do Turquistão Oriental] e abrir caminho para a segurança regional, estabilidade, desenvolvimento e cooperação”.

Especialistas chineses contatados pelo jornal Global Times analisam que esse ataque aéreo dos EUA “é um ataque retaliatório tentando salvar as aparências; não enfraquece substancialmente as forças do ISIS no Afeganistão e a situação ainda é estranha para os EUA”, destacaram.

“Os EUA não mataram o líder do EI-K, mas apenas um suposto ‘planejador’. Mesmo se o atual líder do EI-K fosse morto, isso [por si só] não ajudaria a eliminar essa força”, disse Zhu Yongbiao, diretor do Centro de Estudos do Afeganistão na Universidade de Lanzhou, no sábado.

Ainda faltam alguns dias para o prazo final de 31 de agosto para a retirada total das tropas dos EUA, e Zhu avaliou que o ISIS-K ainda pode lançar um ataque contra os EUA durante esse período. “No entanto, isso não deve afetar o processo de retirada dos EUA. Isso só deixará Washington mais constrangido”, constatou ele.

“A CNN mencionou o contraterrorismo ‘além do horizonte’, que é um ponto-chave da justificativa de Biden para a retirada do Afeganistão. Segundo eles, os EUA desenvolveram tal capacidade de contraterrorismo além do horizonte que permite manter os olhos fixos em qualquer ameaça aos EUA na região. Este é também um termo para tentar justificar o caos que Washington criou”, declarou Shen Yi, professor da Escola de Relações Internacionais e Assuntos Públicos da Universidade Fudan, ao Global Times no sábado.