“O PCdoB atinge um objetivo há muito tempo almejado, que é a organização dos trabalhadores e trabalhadoras da Cultura aqui na cidade de São Paulo. Conquistamos um feito histórico, que é constituir um comitê, um organismo do partido que vai acolher a militância da Cultura em um momento em que o setor é criminalizado e foi escolhido como inimigo número do governo de Jair Bolsonaro”, comemora a presidenta eleita do 1º Comitê de Cultura do PCdoB Sampa, Railídia Carvalho.

Por Lídice Leão*

Sob a orientação do comitê municipal do PCdoB de São Paulo, foi ela quem abraçou a tarefa de criar um organismo para lutar pelas pautas culturais na capital paulista. E decidiu que não iria sozinha. Pegou nas mãos de outras mulheres, militantes históricas do PCdoB como ela – que está no PCdoB há cerca de 20 anos – e novas camaradas que, embora já tivessem uma trajetória de luta, se filiaram recentemente ao partido.

“Isso tudo é muito simbólico, porque o PCdoB, mais uma vez, mostra que nos momentos adversos nós ganhamos muita força. Juntos estamos buscando caminhos para dialogar com o povo, para fazer com que as nossas ideias, os nossos projetos para o Brasil, especialmente para este momento, cheguem à sociedade, valorizando os quadros do partido, as lideranças, as mulheres”, acrescenta Railídia.

As mulheres: este é um ponto fundamental. Há algum tempo presto atenção no destaque que as mulheres têm no PCdoB. Voz, visibilidade e força, em uma legenda que defende a emancipação de todas as mulheres. E quando observamos o setor cultural no país, constatamos uma infinidade de mulheres do samba, da música em geral, da literatura, do audiovisual, das artes plásticas e gráficas, que tiveram perdas imensas durante a pandemia e viram os seus trabalhos cada vez mais precarizados.

Por isso, é tão significativo que a Presidência do Comitê de Cultura do PCdoB da Cidade de São Paulo seja exercida por uma mulher. Uma mulher do samba, da cultura popular, como Railídia Carvalho, que também foi candidata a vereadora nas últimas eleições. Por isso, sinto-me imensamente honrada em fazer parte da direção do Comitê e estar à frente da Secretaria da Mulher deste novo organismo na capital. Ao lado de mulheres e, também, de homens que entendem a Cultura como um vetor transformador da sociedade.

A artista plástica Mazé Leite, militante histórica do partido, é uma das mulheres que compõem o Comitê. “Considero fundamental qualquer esforço dos comunistas para se organizar em comitês ou organismos de Cultura. A história do PCdoB, que completa cem anos em 2022, além de estar entremeada à História do Brasil, está absolutamente conectada à nossa cultura”, afirma Mazé Leite. “Vivemos um momento muito triste de nossa vida política, pois além de toda a crise econômica, há ataques permanentes da extrema-direita e deste governo fascista de Bolsonaro aos nossos valores culturais e às nossas artes, desde o primeiro momento, quando extinguiu o Ministério da Cultura. Temos que resistir juntos, denunciar esses ataques, defender nossas culturas (no plural mesmo, porque somos diversidade)”, conclui.

A declaração de Mazé Leite é endossada pela poeta Eliana Ada Gasparini, filiada ao PCdoB desde 1980 e que também aceitou o convite para integrar o novo Comitê de Cultura. “Estamos vivendo um momento inacreditável e muito triste da nossa história, uma lição dolorida de que não devemos ‘baixar a guarda’ e seguir conscientizando e organizando o povo, pois a luta de classes não dá tréguas, e quando a democracia está em perigo, o Partido também corre enorme risco”, alerta Eliana Ada, que prossegue: “já vivi diversos momentos da luta política, em muitos anos de militância no PCdoB. Hoje, mais do que nunca, fortalecer as organizações partidárias se faz mais que necessário. É vital para enfrentarmos a avalanche que estamos vivendo e darmos um salto para a sociedade mais justa que sempre defendemos. Estou feliz por estar organizada novamente e numa ‘célula’, ainda mais sendo ela de Cultura”.

Os esforços para a formação do Comitê de Cultura do PCdoB Sampa se iniciaram em maio com um ato político-musical que reuniu cerca de 15 artistas e lideranças do PCdoB em uma atividade virtual que homenageou o compositor Aldir Blanc. A instalação definitiva do Comitê aconteceu no dia 13 de setembro após quatro encontros com militantes e simpatizantes para discussões dos principais pontos do Projeto de Resolução ao 15º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Ao todo, 37 pessoas participaram dessas reuniões, que tiveram apresentações de Elder Vieira, Nádia Campeão, Carina Vitral e Julia Roland.

Compõem a Executiva do Comitê de Cultura da Cidade de São Paulo: Railídia Carvalho (Presidenta), Elder Vieira (Secretário de Formação e Propaganda), Tito Trigo (Secretário de Organização), Mariara Cruz (Secretária de Comunicação), Pedro Altman (Secretário de Finanças), Lídice Leão (Secretária da Mulher).

Temos um longo caminho pela frente para transformar o cenário cultural para os trabalhadores e trabalhadoras da Cultura do município de São Paulo. Vamos atravessar esta trajetória com força total. A mesma força que derrubará o pior presidente da República que o Brasil já teve.

 

*É jornalista, mestranda em Psicologia Social e Psicanálise pela USP, onde pesquisa o comportamento da mulher nos grupos, secretária da Mulher do 1º Comitê de Cultura do PCdoB da cidade de São Paulo.

 

 

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