A Câmara Municipal de São Paulo vota nesta semana o projeto de lei de autoria do Executivo, em que o prefeito Bruno Covas (PSDB) define o retorno presencial às aulas na rede pública. Ainda que o projeto não especifique uma data para a volta dos estudantes às salas de aula, o PCdoB São Paulo se posiciona veemente contra esse retorno.

 

Com cerca de 1 milhão de estudantes na rede pública municipal de ensino, mais de 60 mil professores(as) e milhares de outros(as) profissionais da educação que atuam nos serviços de apoio pedagógico, o retorno às aulas presenciais representa intenso risco de expansão da pandemia do coronavírus na cidade. Risco às crianças e aos adolescentes que estudam nas escolas paulistanas – mas também aos trabalhadores da educação e às próprias famílias envolvidas.

 

Embora o projeto de lei contemple um conjunto de medidas preventivas – que vão do distanciamento em sala de aula à obrigatoriedade do uso de máscaras e retorno de parte dos estudantes –, quem conhece de fato os ambientes escolares sabe quais são as dificuldades em manter crianças e adolescentes respeitando distanciamento e o uso adequado de máscaras, além do natural compartilhamento de materiais pedagógicos e mesmo de alimentos. Se apenas 10% da rede municipal fosse autorizada a voltar, ainda assim teríamos cerca de 200 mil alunos(as) se deslocando de suas residências até as escolas e convivendo num ambiente coletivo extremamente favorável à contaminação.

 

A cidade de São Paulo está longe de ter controlado a pandemia de Covid-19. São mais de 225 mil infectados(as) e 10 mil mortes decorrentes do novo coronavírus. Vivenciamos ainda um processo de baixa testagem da população. Sendo a capital o grande polo dinâmico da economia do estado e do País, todos os dias circulam, por aqui, dezenas de milhares de pessoas oriundas de outros municípios e regiões do Brasil.

 

Com a flexibilização de setores econômicos importantes como o comércio e serviços e a volta à superlotação do sistema de transportes, sem uma vacina que permita a imunização em massa da população, expor as crianças e adolescentes ao ambiente fechado das escolas é um erro que pode resultar em mais mortes, ampliando, assim, o enorme drama que o País e a cidade vivem desde março.

 

À administração municipal, bem como às demais autoridades públicas responsáveis pela gestão pública nos âmbitos estadual e federal, caberia tomar as devidas providências para que nossos estudantes tivessem condições efetivas para realizar as atividades pedagógicas por meio da internet e demais meios de comunicação. Sem isso, o retorno às aulas sem o definitivo controle sobre a propagação da pandemia encontrará nos comunistas de São Paulo firme oposição. Ano letivo pode ser recuperado. Vidas, não!

 

São Paulo, 4 de agosto de 2020

A Comissão Executiva do PCdoB São Paulo