O PCdoB do Rio de Janeiro realizou no último dia 8 de maio, o Encontro Municipal de Quadros de Base de forma virtual. O evento reuniu os delegados e delegadas eleitos pelas bases do partido, além dos convidados, totalizando mais de 150 participaram do evento.

O encontro foi resultado de um forte processo de mobilização e debate nas bases partidárias durante os meses de março e abril e conseguiu envolver 33 organizações [de base] e 10 direções distritais.

Ao longo do dia, o evento contou com intervenções de vários membros do partido. Pela manhã estiveram presentes o secretário nacional de Administração e Finanças do PCdoB, Ricardo Abreu Alemão; o coordenador do Departamento Nacional de Quadros, Patinhas; a deputada federal, Jandira Feghali (RJ); a deputada estadual (RJ), Enfermeira Rejane; o coordenador do Departamento Estadual de Quadros, Uirtz Sérvulo; o presidente do comitê municipal, Rodrigo Weisz; o presidente estadual do PCdoB-RJ, João Batista Lemos; o secretário de Municipal de Organização, Rodrigo Lua, além das intervenções de representantes das direções distritais.

Na parte da tarde foi a vez das delegadas e delegados exporem suas opiniões em cada um dos quatro Grupos de Trabalho (GT) onde foram debatidas diversas ações da atividade militante como: ter maior número de formação; ações de solidariedade na base como exemplo de atividades em tempos de pandemia; ampliar a comunicação do partido, principalmente nas redes sociais, entre outros pontos.

No término do encontro, todos se juntaram novamente em uma nova sala virtual onde foi lido o relatório final de cada um dos GTs e aprovada a Carta do Encontro.

Leia abaixo a íntegra:

Carta do Encontro Municipal de Quadros de Base do PCdoB Rio 2021

Derrotar Bolsonaro e sua política genocida de desprezo à vida humana é a grande tarefa dos comunistas diante desse difícil momento histórico que atravessamos. O atual governo federal vem adotando políticas desastrosas em todas as áreas. No que diz respeito à pandemia, o governo optou pela morte, adotando a estratégia de “imunidade de rebanho”, propiciando deliberadamente o contágio em massa, levando à óbito milhares de brasileiros. Além disso, valendo-se do seu caráter negacionista, cortou recursos das agências de fomentos e asfixiou o orçamento das Universidades, a base do conhecimento científico e tecnológico e rejeitou a compra de vacinas até quando pôde, recusando dezenas de acordos internacionais e ainda propaga o uso de medicamentos e tratamentos ineficazes, alastrando a mentira e fomentando fake news que continuam a enganar o povo.

Faltam ainda medicamentos para intubação e leitos de UTI no Brasil todo. A inadmissível marca de centenas de milhares de mortos por um vírus que poderia ter sido contido é algo que não podemos aceitar: é responsabilidade do neofascismo e da necropolítica que nos governam.

Como se não bastasse, é visível o crescimento da miséria, da fome, do desemprego, da informalidade, por conta de uma agenda política neoliberal, recessiva e de desinvestimentos, que privilegia a responsabilidade fiscal em detrimento da responsabilidade social. O desemprego e a redução do auxílio emergencial em meio à pandemia foram determinantes para o aumento do endividamento dos mais pobres. Em abril, 22,3% da população com renda de até R$ 2.100 se declarou endividada – um patamar recorde da pesquisa, apenas observado em junho de 2016. Enquanto isso, a carestia aumenta, pressionando ainda mais o orçamento das famílias. De acordo com índice elaborado pela FGV, os alimentos que compõem a base das refeições dos brasileiros, como o arroz e feijão, ficaram 60% mais caros nos últimos 12 meses. Gás de cozinha, aluguel, conta de luz e transporte são outros itens cujos preços não deram trégua nos últimos meses.

O Rio de Janeiro é o segundo estado do Brasil com mais lojas fechadas em um ano. Ao todo, mais de 6 mil lojas foram fechadas em 2020 no estado do Rio de Janeiro, que só perde para Sergipe. O setor mais afetado foi o de vestuário, com mais de 2 mil estabelecimentos fechados. São necessárias com urgência verbas federais para que seja alavancado um programa de auxílio financeiro para micro e pequenos empresários cariocas, de modo a conter demissões e preservar os empregos durante a pandemia do covid-19.

Na cidade do Rio de Janeiro, a Prefeitura deveria estar fazendo mais para combater a pandemia, a crise social, o desemprego e a desaceleração econômica.
Nesse sentido, a volta às aulas presenciais é uma irresponsabilidade que propicia o alastramento do vírus e arrisca a vida de toda a comunidade escolar e seus familiares. Além disso, as medidas restritivas foram insuficientes, tal como o auxílio emergencial oferecido pela Prefeitura, que foi de curto alcance, além da recente reabertura econômica num dos momentos mais dramáticos da pandemia. Nenhuma medida eficaz foi tomada pelo governo da cidade no que toca a insegurança alimentar e ao fechamento de empresas, realidade que se agrava dia a dia, com lojas de portas abaixadas e demissões constantes na indústria e no comércio. É necessário ainda, que a Prefeitura seja mais rígida nas medidas de proteção aos trabalhadores que estão na linha de frente, fiscalizando os protocolos de segurança sanitária.

Cabe ainda nossa mais absoluta condenação à chacina que tirou 28 vidas no Jacarezinho na última quinta, dia 6 de maio. Em uma incursão criminosa, contrariando a ADPF 635 – decisão do STF que recomenda não realizar operações policiais em favelas durante o período de emergência. A polícia civil assassinou pessoas sem dar direito a um julgamento justo.

Lamentavelmente, esse massacre é a marca do novo Governador Claudio Castro, governo que prossegue a mesma política genocida de Bolsonaro e insiste na aplicação das políticas racistas de criminalização da pobreza. Nos somamos à luta dos moradores de favelas que não suportam mais tanta violação dos direitos humanos e a ausência do Estado, que só aparece em forma de repressão policial, e cobramos a apuração das responsabilidades. Por isso, declaramos nossa profunda solidariedade aos moradores do Jacarezinho e às famílias vitimadas, o que se estende também ao policial morto no exercício do trabalho.

Apesar disso, no Brasil e no Rio de Janeiro, temos a possibilidade de uma virada histórica, que abra um novo ciclo de progresso, desenvolvimento e justiça social. Para isso, o PCdoB apresenta-se à sociedade brasileira e carioca com sua marca de combatividade e responsabilidade, trazendo ao centro da política nacional a necessidade de vacinação de toda a população, o aumento do auxílio emergencial para 600 reais e a urgente interrupção desse governo, bandeira que se expressa pelo #ForaBolsonaro. É necessário ainda, mobilizar amplos setores para a defesa da CEDAE pública, contra a agenda de privatizações de empresas públicas como Eletrobrás e Correios, tal como pela defesa do SUS. Tais lutas podem ser materializadas por meio de uma frente ampla, eleitoral ou não, que congregue amplos setores da política nacional, em torno de um programa mínimo de soberania, democracia e desenvolvimento, que enfrente as desigualdades econômicas, de gênero e as de perfil racista.

É nesse sentido que valorizamos e expressamos nosso comprometimento em construir uma frente ampla no estado do Rio de Janeiro, que seja capaz de reverter o arbítrio dos segmentos mais atrasados, por meio de forças comprometidas com um projeto que combata as desigualdades regionais e com o fim da violência estatal contra os mais pobres.

É preciso consolidar o lugar próprio do PCdoB na disputa política, como força que aponta a perspectiva socialista no rumo e um novo projeto nacional de desenvolvimento como caminho. É nesse contexto que o Primeiro Encontro de Quadros de Base busca mobilizar e estruturar mais e melhor o Partido para o curso dessas disputas, reforçando nossos vínculos com o povo, os trabalhadores e trabalhadoras, e com os movimentos sociais.

Rio de Janeiro, 8 de maio de 2021.

__