Em nome da direção do PCdoB, a presidenta nacional do partido, Luciana Santos, emitiu nota nesta quinta-feira (26) repudiando a virulência de representantes do governo Bolsonaro contra o povo chinês e seu governo.

“A direção do Partido Comunista do Brasil reafirma sua posição de aposta na cooperação e solidariedade mútua entre o povo brasileiro e chinês, especialmente em um ano tão dramático e de tantas perdas de vidas inocentes vitimadas pelo coronavírus e pelas trágicas consequências econômicas da pandemia”, diz a nota.

Leia a íntegra:

 

Nota de repúdio aos ataques à China

Ao longo de todo o ano de 2020 manifestou-se a virulência de representantes do governo Bolsonaro contra o povo chinês e seu governo. Em um alinhamento automático à posição dos Estados Unidos, governados por Trump, foi repercutida a ideia de que a pandemia foi provocada por um vírus chinês e prosseguiram os ataques à empresa chinesa Huawei que se destaca no mercado competidor do 5G. O absurdo é tal que pode prejudicar inclusive parcerias feitas em torno de vacinas em formulação e que tem a China como um dos principais Estados envolvidos na busca do imunizante. O mesmo pode ser dito das preocupações comerciais de amplo setor empresarial da indústria e agronegócio. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Ano passado (2019) as trocas comerciais entre os dois países romperam a barreira dos 100 bilhões de dólares. Em abril de 2020 40% das exportações brasileiras foram para a China.

Aliado do governo Bolsonaro e filho do presidente, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro é um dos porta-vozes dessa ideia-força que busca descredenciar a China no cenário internacional e principalmente internamente no Brasil. Suas suspeitas aptidões para as relações internacionais ganharam destaque logo após a vitória do pai em 2018 e pode ser comprovada sua ganância por postos diplomáticas com o desejo evidente de assumir a Embaixada brasileira em Washington. Foi quase natural, portanto, sua postulação para a presidência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a qual preside há dois anos. Mesmo que a comissão esteja sem funcionamento ordinário, devido aos impactos do coronavírus no funcionamento parlamentar, é um posto importante no contexto da diplomacia brasileira.

Valendo-se dessa posição estratégica de presidente da Credn, é espantoso o pronunciamento com ataques feitos da tribuna da Câmara ao principal parceiro comercial do país, a China, vindo justamente do presidente da prestigiada Comissão. Ao dizer que o Brasil faz parte de uma aliança global para um 5G seguro, o deputado Bolsonaro não se conteve em adjetivar a proposta qualificando-a como promissora por estar livre da “espionagem da China”. Uma acusação gravíssima a um Estado nacional com o qual o Brasil partilha da convivência no âmbito do Brics, da ONU e com o qual possui uma profícua relação bilateral diplomática há 46 anos. Sem contar as relações fraternas entre seus povos desde o século XIX.

Certamente tal posição está muito longe do que pensam a maioria dos parlamentares brasileiros. Por isso mesmo, parlamentares do PCdoB que ocupam importantes postos nos blocos parlamentares de amizade e frentes parlamentares temáticas (como a do Brics), Perpétua Almeida e Daniel Almeida, logo tomaram medidas para evidenciar a dissonância dentro do parlamento com os vis ataques e prestar solidariedade à Embaixada chinesa neste momento de impropérios. O deputado Eduardo Bolsonaro precisa ser chamado à responsabilidade e a Câmara dos Deputados pautar sua saída da presidência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.

A direção do Partido Comunista do Brasil reafirma sua posição de aposta na cooperação e solidariedade mútua entre o povo brasileiro e chinês, especialmente em um ano tão dramático e de tantas perdas de vidas inocentes vitimadas pelo coronavírus e pelas trágicas consequências econômicas da pandemia.

 

Luciana Santos,
Presidenta Nacional do Partido Comunista do Brasil

26 de novembro de 2020