A militância do PCdoB deve se somar à jornada de lutas convocada pelas centrais sindicais contra os juros altos e a política monetária do Banco Central. A opinião é de Nivaldo Santana, secretário nacional de Movimento Sindical do Partido.

A jornada se inicia na próxima sexta-feira (16) e mira especialmente Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC). Para revolta do sindicalismo, do setor produtivo e do próprio presidente Lula (PT), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mantém a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% desde agosto de 2022. Com isso, o Brasil é país com os maiores juros reais no mundo.

“Os juros altos inviabilizam o crescimento econômico do País porque os empresários preferem fazer aplicações financeiras, com retorno garantido, a investir na produção”, alerta Nivaldo. “Além disso, os juros altos incidem no cartão de crédito, no cheque especial e no financiamento das famílias, inibindo o consumo e criando dificuldades adicionais para a retomada do crescimento.”

Segundo o dirigente do PCdoB – que também é secretário de Relações Internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) –, os atos da jornada contra os juros serão unitários e descentralizados: “A campanha contra os juros é nacional. Todos os estados precisam participar das mobilizações e realizar atos e outras manifestações, principalmente nas capitais”.

Antes da jornada, as centrais se reúnem, já na segunda-feira (12), com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. A plenária será no Sindicato dos Químicos de São Paulo e vai debater propostas dos trabalhadores ao Plano Plurianual (PPA).

Nivaldo avalia que essa agenda é mais uma demonstração do empenho do governo em dialogar com os sindicalistas, em meio às “grandes dificuldades” que o Planalto tem enfrentado. “Estamos às voltas com um Congresso conservador, com um BC independente e com a pressão do setor financeiro para manter a política econômica ultraliberal”, analisa o dirigente.

“Apesar disso, Lula tem tomado medidas positivas”, agrega. Como exemplo, Nivaldo cita a política de valorização do salário mínimo, o piso salarial da Enfermagem, o projeto de igualdade de salários entre homens e mulheres, além da retomada de programas sociais como o Minha Casa Minha Vida e o Mais Médicos.

Com relação à pauta das centrais, o secretário do PCdoB destaca a criação de grupos tripartistes (com participação de representante do governo, do empresariado e dos trabalhadores), para debater temas como a regulação do trabalho com aplicativos e a nova legislação trabalhista. “O principal é que Lula restabeleceu as relações democráticas e respeitosas do governo com o movimento sindical”, enfatiza.

Para os sindicalistas comunistas, outra agenda relevante é o 9º Encontro Sindical do PCdoB, que acontece nos próximos dias 16 e 17 de junho, em Salvador (BA). Nas últimas semanas, os comitês estaduais do Partido, por meio de suas secretarias sindicais, organizaram encontros regionais, que foram preparatórios à etapa nacional.

“A mobilização e os debates foram muito positivos”, avalia Nivaldo. “Os encontros preparatórios nos estados resultaram em muitos planos e em emendas que enriqueceram o documento-base do 9º Encontro. Vamos reunir mais de 400 lideranças sindicais de ao menos 23 estados do País.”