Mais uma perda para a Covid-19 marcou tristemente o PCdoB nesta quinta-feira (21): aos 84 anos, faleceu José Inácio Barbosa, o Zezinho, militante em Pernambuco. Em nota, o comitê estadual do partido lamentou o falecimento, se solidarizou com a família e ressaltou: “Seu grito de guerra comunista, que entoava com tanta garra, continuará a ressoar em nossos corações e mentes para sempre”.

A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, também manifestou sua tristeza. “Não são fáceis os dias que estamos vivendo. Hoje tem sido um tanto mais difícil. Nos despedimos de Zezinho. Um baque no coração de toda a militância pernambucana, acostumada com sua presença gentil em todas as nossas atividades, sempre com muita disposição e espírito combativo”.

Ela lembrou que Zezinho era veterano das ligas camponesas e foi um dos fundadores do PCdoB. “Guerrilheiro em Goiás, nos anos 1960, enfrentou com bravura 20 anos de clandestinidade e com garra os desafios pós-redemocratização. De uma simplicidade afetuosa, conquistava todas as pessoas de seu convívio. Um companheiro curioso, disciplinado, afeto ao bom debate e a boa prosa. Como fará falta!”. E concluiu: “Encantou-se, mas seu espírito revolucionário segue vivo dentro de cada um de nós. Zé Inácio, querido Zezinho, presente. Hoje e sempre!”.

Luciano Siqueira, ex-vice-prefeito do Recife e membro do Comitê Central do PCdoB registrou, em crônica, lembranças que guarda do companheiro. “Em nossas reuniões, invariavelmente era aplaudido e saudado com o grito de guerra “Zezinho, guerreiro/do povo brasileiro!” Pronunciava-se manuseando anotações feitas em letra oscilante, à semelhança de um traçado de eletrocardiograma. Ideias centradas, ditas em tom entusiasmado”, disse.

Leia abaixo a nota do PCdoB-PE:

Nota de pesar pelo falecimento de José Inácio Barbosa – Zezinho

Hoje é um dia muito triste para todos/as que lutam por um Brasil soberano, democrático e socialista. Aos 84 anos, nos deixou José Inácio Barbosa, um dos mais antigos militantes do PCdoB em Pernambuco e símbolo da luta dos comunistas no estado e no país. O PCdoB se solidariza com a família e amigos de Zezinho por essa perda irreparável.

José Inácio Barbosa, ou Zé Inácio, ou Zezinho, como era mais conhecido em Pernambuco, ou ainda Manezinho, na Bahia, onde militou durante a ditadura, teve sua formação política e sua incansável militância gestada no movimento sindical rural, chegando a confundir sua trajetória de vida com a luta dos trabalhadores do campo, especialmente durante a ditadura militar.

Foi mais um brasileiro vítima da Covid-19. Mas, não um brasileiro comum. Nem um comunista comum. Foi um homem que dedicou sua vida à luta por uma vida digna para todos/as. Como me disse ontem seu sobrinho Serginho, “um dos homens mais solidários que já existiu”.

De 1956 a 1962, atuou ativamente nas Ligas Camponesas. Participou da reorganização do PCdoB em Pernambuco e tinha orgulho de ter marchado ao lado de líderes comunistas como João Amazonas. Com a instalação da ditadura e perseguido em Pernambuco, teve de fugir da repressão, se transferindo para Goiás, onde continuou atuando nas lutas dos camponeses e na resistência ao golpe de 1964. Em seguida, mudou-se para a Bahia, passando mais de 20 anos na clandestinidade, nos sertões baianos, com o nome de Manezinho, mas atuando incansavelmente na organização dos trabalhadores e na construção do PCdoB, chegando a ser dirigente estadual do partido e da CUT-BA.

Finda a ditadura militar em 1985, ele quis voltar para Pernambuco, rever sua família, especialmente sua mãe, que há 20 anos não via e retomar sua identidade original. Deixou de ser Manezinho da Bahia, se tornou Zezinho, Zé Inácio, de Pernambuco. Aqui, se manteve um ativo militante pela redemocratização e contra as ações de governos autoritários sobre a democracia no país. E construtor do Partido Comunista, recrutador de trabalhadores e lideranças do povo para a luta pelo Socialismo. Como ressaltou a presidenta nacional do partido, Luciana Santos, em certa ocasião, para Zezinho, a crença no socialismo não era apenas uma questão de fé, mas de formação. “Ele fez a opção de ser militante de uma causa social”, disse a dirigente.

Nos últimos anos, Zezinho recebeu justas homenagens do partido e de instituições públicas. Nascido em 1936, no Engenho Olho D’Água, em Bom Jardim, no Agreste pernambucano, em 21 de setembro de 2018 se tornou Cidadão do Recife, título concedido pela Câmara Municipal.

Seu grito de guerra comunista, que entoava com tanta garra, continuará a ressoar em nossos corações e mentes para sempre.

ZEZINHO, PRESENTE!

Recife, 21 de janeiro de 2021.

Marcelino Granja de Menezes

Presidente do PCdoB-PE

 

Leia também: Comandante Zezinho, presente!, por Luciano Siqueira

 

Por Priscila Lobregatte