Nesta terça-feira (20), completa-se oito anos da morte do dirigente histórico do PCdoB no Pará e membro do Comitê Central do partido, Neuton Miranda, que permanece até hoje como inspiração para a luta.

O presidente estadual do PCdoB-Pará, Jorge Panzera recordou a trajetória do dirigente, que iniciou na militância pelo movimento estudantil, na Faculdade de Engenharia da UFMG e logo após foi eleito vice-presidente da UNE.

“Após uma passagem por São Paulo, já no PCdoB, sob orientação de João Amazonas, Neuton voltou ao Pará com a missão de ajudar a reorganizar o Partido no seu estado natal e conduziu o PCdoB em Pará por décadas”.

Segundo Panzera, o desaparecimento físico de Neuton não fez acabar o exemplo do jovem Viet – como era conhecido -, do fiapo da esperança, do revolucionário da paciência e da persistência na luta pelo socialismo, do mais radical dos cabanos da tolerância. Para ele, o exemplo de Neuton Miranda segue inspirando a luta por uma sociedade de homens e mulheres livres.

“O PCdoB no Pará segue a trilha construída por Neuton, trilha da luta, do firme compromisso com o povo e os trabalhadores. No momento em que vivemos um período tenebroso de nossa história, o semblante tranquilo e persistente do calvo caboclo revolucionário nos inspira a lutar sempre a luta presente, na realidade concreta, enfrentando os problemas de hoje, mas com os olhos no horizonte, tendo como rumo o futuro da construção de uma sociedade socialista.”

Em nota conjunta do PCdoB com a família de Neuton, eles lamentam a partida do dirigente e recordam da “sua trajetória de luta por uma profunda e radical transformação da sociedade regional brasileira, na qual a paz, a segurança, a democracia, as liberdades e os direitos seriam assegurados a todos”.

Confira na íntegra a nota do PCdoB e o texto do Jorge Panzera:

Nota do PCdoB:

Neuton Miranda sobrinho, alma cabocla, ternura permanente e guerreiro tenaz – oito anos de sua ausência e seus atos permanecem atuais. Conviveu com pessoas da Amazônia e de outras regiões refletindo sobre as desigualdades, diferenças e injustiças. Nessa vida aflorou e consolidou sua rebeldia convicta na fúria contida e paciente, construindo com outros/as o partido comunista do brasil. Foi um dos mais dedicados e aguerridos lutadores por uma profunda e radical transformação da sociedade regional e brasileira, na qual a paz, a segurança, a democracia, as liberdades e os direitos seriam assegurados a todos. Vivemos uma época de perdas e retrocessos que relembra os ferozes anos da ditadura que ele combateu com energia. Sua memória e legados de lutas e realizações nos guiam e fortalecem nestas outras batalhas que atormentam o povo brasileiro.

A família e o PCdoB.

Neuton Miranda: o Viet que foi fiapo da esperança e permanece como inspiração para a luta
Por Jorge Panzera*
O dia 20 de fevereiro marca a passagem do oitavo ano do desaparecimento físico de nosso camarada Neuton Miranda. Neuton viveu intensamente importantes fases da vida política nacional, da resistência à ditadura militar, a redemocratização, a queda dos regimes socialistas, o enfrentamento à agenda neoliberal e o ciclo político popular, com o governo Lula. Nesse tempo todo foi um homem de um lado, o lado da luta do povo.
Iniciou na militância nos tempos da Faculdade de Engenharia da UFMG, quando era conhecido como Viet e atuava no movimento estudantil. Apelido aliás que o salvou da prisão, pois quando a repressão o procurava como o estudante Neuton, ninguém sabia quem era, só se conhecia o Viet. Essa militância o levou a ser eleito vice presidente da UNE.
Depois de uma passagem por São Paulo, já no PCdoB, sob orientação de João Amazonas, volta ao Pará com a missão de ajudar a reorganizar o Partido no seu estado natal. Por aqui tem destacada contribuição que o levou a ser candidato a vereador em 82. Com a campanha “Neuton Miranda o fiapo da esperança, o poder que o povo alcança” ajuda na eleição de Paulo Fonteles como deputado estadual.
No Pará conduziu o PCdoB por algumas décadas e assumiu várias funções representando o Partido. Foi deputado estadual, presidente da Companhia de Habitação (COHAB), Secretário Municipal de Habitação de Belém e Superintendente do Patrimônio da União no Pará. Aliás, quando na presidência da COHAB, liderou o Partido no rompimento com o governador Almir Gabriel, em 96, quando do massacre dos Sem Terras em Eldorado dos Carajás.
Dando-se o início do ciclo progressista no Brasil, com a eleição de Lula à presidência da República, assumiu a função de, na época, Gerente Regional do Patrimônio da União, depois Superintendente. À frente do Patrimônio da União desenvolveu o maior programa de regularização fundiária do Brasil, levando a segurança da posse para mais de 50 mil famílias ribeirinhas do estado. Famílias que viviam em regime quase de escravidão que, por meio do trabalho comandado por Neuton, alcançaram o direito de sonhar com uma vida de liberdade e progresso social.
No dia 20 de fevereiro de 2010 o coração de Neuton Miranda parou, em pleno desempenho de sua função, em Belterra, no oeste do Pará, onde repassara a légua patrimonial urbana para a Prefeitura Municipal. O desaparecimento físico de Neuton não fez acabar o exemplo do jovem Viet, do fiapo da esperança, do revolucionário da paciência e da persistência na luta pelo socialismo, do mais radical dos cabanos da tolerância.
O exemplo de Neuton Miranda segue inspirando a luta por uma sociedade de homens e mulheres livres. O PCdoB no Pará segue a trilha construída por Neuton, trilha da luta, do firme compromisso com o povo e os trabalhadores. No momento em que vivemos um período tenebroso de nossa história, o semblante tranquilo e persistente do calvo caboclo revolucionário nos inspira a lutar sempre a luta presente, na realidade concreta, enfrentando os problemas de hoje, mas com os olhos no horizonte, tendo como rumo o futuro da construção de uma sociedade socialista.
Neuton Miranda Presente!
* Jorge Panzera é Presidente Estadual do PCdoB no Pará e membro do Comitê Central do PCdoB.