PCdoB-MS emite nota de solidariedade a Mario Fonseca
Reunião da Comissão Política Estadual e da Comissão Executiva Estadual do PCdoB/MS aprova nota manifestando solidariedade irrestrita a Mario Fonseca, dirigente do partido no estado, pedindo punição exemplar do autor da ameaça criminosa e condenando a escalada de violência política no país. Leia adiante a íntegra do documento.
“PCdoB/MS SE SOLIDARIZA COM MARIO FONSECA E CONDENA VIOLÊNCIA POLÍTICA!
O crime precisa ser rigorosamente apurado e seu autor exemplarmente punido!
Nós, do Partido Comunista do Brasil de Mato Grosso do Sul (PCdoB/MS), manifestamos irrestrita solidariedade ao advogado Mario Cesar Fonseca da Silva, militante e dirigente do nosso partido, contra a violência criminosa motivada por intolerância política da qual foi alvo no último sábado (8), cometida por Marcelo Bento de Jesus, motorista do aplicativo da empresa InDrive e apoiador do atual presidente Jair Bolsonaro. Conforme o Boletim de Ocorrência registrado por Mario na DEPAC/Centro na última segunda-feira (10), na ocasião assistido pelo advogado Dr. Fábio Néri Martins Brandão, na tarde do último sábado, usando máscara de proteção facial e uma camiseta na qual estão estampadas uma foto estilizada de Luiz Inácio Lula da Silva e a frase “Jamais poderão aprisionar nossos sonhos”, nosso camarada se utilizou dos serviços do aplicativo de transporte da empresa InDrive para se dirigir até uma reunião de apoio à candidatura do presidenciável Lula, realizada na sede do Sidmassa/MS, nesta capital, cujo nome, inclusive, aparecia marcado no APP como destino final da corrida.
Logo que Mario entrou no veículo, o motorista já de pronto demonstrou seu incômodo com o uso da máscara de proteção facial ao indagá-lo sobre a razão do uso e se já se infectara com o vírus da Covid-19. Mario respondeu que não foi infectado e que, embora não use a máscara tanto como antes e todos em sua casa já tenham se vacinado, costuma usar em certas ocasiões para reduzir ao máximo os riscos de contágio à sua mãe, que tem quase 77 anos e com a qual reside (Dona Elza Fonseca é veterana lutadora do povo e membro do nosso partido). A partir desse momento, o motorista retruca e passa a fazer pregação ideológica de viés negacionista, ridicularizando a máscara, colocando em dúvida a eficácia da vacina e se colocando como prova de veracidade do que afirmava: disse que já teve Covid-19 por quatro vezes e que não teve nenhuma complicação, pois se tratou com hidroxicloroquina. Disse, ainda, que mentiram muito sobre a gravidade da pandemia para atrapalhar o governo do atual presidente da República.
Estranhando a rapidez e a taxatividade com que o motorista fez suas pregações, em tom demarcatório, Mario evitou retrucá-lo e passou a enviar áudios até como modo de não dar mais vazão, apostando no encerramento daquela infrutífera e obscura conversa, o que com efeito aconteceu. Durante o trajeto, ainda no bairro em que Mario reside, o motorista ouviu um barulho, desconfiou que algum objeto perfurara um pneu de seu carro e interrompeu a corrida para verificar. Mario desceu para ajudá-lo e, de fato, um pequenino parafuso tinha perfurado superficialmente o pneu da parte direita traseira de seu veículo, junto à parte do banco traseiro em que seu passageiro viajava. Neste momento, Mario viu que Marcelo portava um estilete, utilizado pelo mesmo para extrair o referido parafuso, sem jamais supor que viria a ser utilizado como arma branca para fins de ameaça.
Retomada a corrida, o motorista começou a importunar o passageiro com perguntas e insinuações invasivas, desta feita com claro viés político-ideológico, demonstrando interesse incomum sobre o destino marcado na corrida, sobre quem o sindicato representava e, por fim, indagando se Mario estaria indo a uma “reunião do Lula”. Mario respondeu dizendo quem o sindicato representa, que se tratava de uma entidade plural e que se dirigia até lá para se encontrar com o presidente, que é seu amigo, evitando dar detalhes sobre o que aconteceria. Marcelo, claro, já tendo visto a camiseta do passageiro, foi ainda mais invasivo e disse em tom irônico: “é reunião do Lula, né? Sindicato é tudo do Lula!”. Mario considerou que talvez apenas quisesse debater, mas pensou também no cenário de acirramento que vivemos, e optou de novo por se calar. Pediu, então, licença para responder mensagens no celular, apostando na repetição do que ocorreu com o assunto anterior – Covid-19 -, no qual o agressor bolsonarista não prosseguira.
Bem perto do destino da viagem, Marcelo alertou da proximidade do local. Mario então se prontificou a fazer o pagamento por Pix do valor da corrida, combinada em R$ 22,00. O motorista então lhe ditou a sua chave Pix e Mario logo lhe mostrou o comprovante, pedindo confirmação se estava tudo certo, inclusive quanto ao valor. Marcelo respondeu que o valor estava totalmente certo, pois era “22 do Bolsonaro!” Mario entendeu como uma brincadeira e até ficou tranquilo quanto às desconfianças que teve ao longo da viagem. De modo que retribuiu a brincadeira dizendo que “13 seria melhor, porque ficaria mais barato o valor, mas só por isso, não por política. Já vimos que nossos votos são diferentes e eu respeito a sua opinião, amigo”, aliviado, supondo que tudo já tinha acabado em “provocações” amistosas. Ledo engano!Marcelo, em tom mais grave, assim retrucou: “É, só que o barato sai caro”. Mario respondeu que às vezes sai mesmo, mantendo-se na linha de não estabelecer conversa sobre esse assunto. Mas, já tendo recebido o valor da corrida, o bolsonarista se mostrou mesmo obcecado e insistiu, desta vez demonstrando exaltação, dizendo que não entendia como tanta gente ainda apoiava bandidos vagabundos e ladrões, que “sindicato é tudo bandido” e que inventaram mentiras sobre a pandemia e fome porque Bolsonaro bate de frente com o sistema corrupto. “Fome? Só passa fome quem é safado e vagabundo, porque é só procurar, que emprego tem”, arrematou, já aos gritos.
Mario disse discordar dele, mas que lhe cabia respeitar a sua opinião, ao que Marcelo, agora em estado de fúria, batendo no volante, reagiu: “Respeita é nada “opinião o ‘…’ [palavra de baixo calão], quem apoia bandido que nem você, é bandido igual!”. Mario lhe pediu calma, dizendo que já estavam chegando ao destino e não gostava de briga, mas o bolsonarista Marcelo continuava exaltado, até que parou seu carro na Rua Madrid, perto das ruas Cólon e Turquesa, e, aos berros, exigiu que seu passageiro descesse do veículo. Mario disse que a corrida já havia sido paga, que estavam perto e que não havia motivo para briga por causa de política, mas, ainda dentro do carro, Marcelo sacou aquele estilete e gritou: “Desce agora do meu carro, vagabundo!”, já abrindo sua porta, dando a volta até a calçada e abrindo também a porta da parte direita traseira do carro, do lado em que Mario estava sentado. Mario respondeu que iria descer e, baixinho, pediu pra que não fizesse besteira, poia já estaria tudo gravado [referindo-se às câmeras dos moradores]. Marcelo mantinha-se próximo da porta aberta e fazia menção de partir pra cima de Mario, que indagou em baixo tom: “Você vai me matar?”. E assim, foi saindo, devagar, se esquivando e pedindo calma até disparar em corrida gritando por socorro, pois percebeu que Marcelo entrou no carro rápido, sugerindo intenção de persegui-lo. Estava tudo fechado, “sem uma alma viva na rua à vista”, relata Mario.
Correndo, sem olhar pra trás, Mario entrou na Rua Turquesa, pedindo socorro, temendo ser encurralado, mas só via cães e os ouvia latindo. Não via nenhuma pessoa fora de suas casas. Ao chegar na Rua Cádiz, paralela à Rua Madrid, esquina com a Rua Turquesa, deparou-se com uma família na calçada, que o acolheu, preocupada, perguntando-lhe o que aconteceu e lhe oferecendo água. Mario se antecipou dizendo que respeitaria caso a família tivesse outro pensamento, mas relatou os fatos e seus motivos. Por acaso, todos disseram votar em Lula e que estavam ali conversando justamente sobre casos como esse que aconteceu com Mario. Disseram-se indignados e que votam em Lula pra acabar com a violência que o presidente atual incentiva. Ofereceram-se também testemunhar como viram o agredido chegar até ali, pois, quanto aos fatos, nada presenciaram. Na última segunda-feira (10), Mario foi até a delegacia e registrou o boletim de ocorrência. Também entrou em contato com a empresa responsável, que lhe comunicou por mensagem direta no Twitter que o autor do fato criminoso já se encontra bloqueado no APP. Informou que ele e seus advogados pediram à Polícia que obtenha imagens de câmeras eventualmente instaladas nas proximidades do local do fatos, pois são essenciais para comprovar a grave ameaça com uso de arma branca cometida, haja vista que o APP InDrive não grava áudios das corridas e Mario, por não esperar tamanha agressividade, não teve tempo de acionar gravador de áudio em seu celular.
Confiamos nas declarações do nosso camarada de militância e de direção partidária. Nossa solidariedade a ele se expressa por meio desta nota, mas é também ativa: exigimos diligente e rigorosa apuração dos fatos criminosos e também a punição de seu autor. Pediremos à Secretaria de Estado de Justiça e da Segurança Pública (Sejusp) que acompanhe o caso de perto de modo a garantir investigação escorreita do caso. O que aconteceu a Mario Fonseca, que, além de membro do PCdoB há 32 anos, é também dirigente nacional da Associação dos Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania (ADJC) e da Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM), não pode ficar impune.
Este é mais um dos casos da escalada de violência política e ideológica que vivemos no país, que não é decorrente da polarização entre extremos, até porque o extremo nazifascista chefiado por Jair Bolsonaro a incita e a promove, atacando pessoas, autoridades e até mesmo líderes religiosos, como vimos na celebração do Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, no último dia 12, em Aparecida-SP. Não podemos tolerar a intolerância fascista, que agride, mente, calunia e mata. Seus promotores precisam sentir a mão pesada do Estado. No entanto, só a derrota de Bolsonaro, com a eleição de Lula, que neste momento representa uma grande e plural frente ampla democrática, nos permitirá enfrentá-la em melhores condições.
Por fim, saibam que Mario Fonseca, os comunistas e todos os que no país amam de verdade o Brasil, o povo e as liberdades democráticas, jamaid se intimidarão diante das ameaças dos nazifascistas de Jair Bolsonaro. Seguiremos unidos, nas redes e nas ruas, com cuidado, sem provocar ou cair em provocações, ma tambem sem abrir mão da coragem de lutar pelo que acreditamos. Não esconderemos nossas bandeiras, não arrancaremos os adesivos e não deixaremos de vestir nossas camisas. Os perversos não deterão a vitória do povo, que tem data marcada, número e nomes: no próximo dia 30 de outubro, todos confirmando o 13 nas urnas para eleger a chapa Lula/Alckmin e libertar o Brasil da barbárie.
Campo Grande-MS, 11 de outubro de 2022
A Comissão Política Estadual e a Comissão Executiva Estadual do Partido Comunista do Brasil de Mato Grosso do Sul (PCdoB/MS)”