PCdoB mobiliza 42 mil militantes em processo de democracia interna

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) concluiu com sucesso a etapa das conferências estaduais que elegeram os delegados para a plenária do 16º Congresso, que ocorrerá nos dias 16, 17, 18 e 19 de outubro, em Brasília. Longe de um rito formal, o processo é a expressão política da democracia interna do Partido e mobilizou 42.729 militantes, representando um crescimento de 28% em relação ao congresso anterior — um sinal claro da vitalidade e do engajamento da militância comunista.
Um novo ciclo de lutas
Sob o lema “Vitória do Brasil em 2026 – Mudanças para o desenvolvimento soberano”, o Projeto de Resolução do Partido foi debatido nas conferências estaduais, que se consolidaram como fóruns de formulação política. As questões fundamentais abordaram temas internacionais — como o declínio relativo dos EUA e a ascensão da China — e enfrentaram desafios centrais do Brasil: defesa da soberania nacional, taxação dos super-ricos e regulação das plataformas digitais. Além disso, reafirmaram o compromisso com a renovação de quadros e a igualdade de gênero, com até 35% de renovação nas direções estaduais e paridade de gênero próxima a 50% em diversos estados.
Sudeste: estratégia e organização
A região mobilizou 12.190 militantes.
Em São Paulo, 5.732 filiados participaram da conferência que reelegeu Rovilson Robbi Britto, elegendo uma direção com 87 membros, sendo 45% mulheres, e aprovando o Projeto de Resolução Política com ênfase na coesão política e ideológica do partido, priorizando a união da esquerda para a reeleição de Lula e o reposicionamento do PCdoB em um novo ciclo de acumulação de forças.
Em Minas Gerais, sob a liderança de Wadson Nathaniel Ribeiro, o processo cresceu 66% e instituiu a Comenda Osvaldão, homenagem à resistência popular, aprovando resoluções que reforçam a frente ampla contra o fascismo e em defesa da democracia, com foco em ampliar a atuação em movimentos sociais e sindicais para as eleições de 2026.
No Rio de Janeiro, Daniel Iliescu foi reconduzido após um processo que apresentou 50 emendas às teses nacionais, reafirmando a combatividade fluminense, aprovando a Resolução Política Nacional, enfatizando a unidade de ação como fator central para fortalecer as bases sólidas e a concepção estratégica, além de celebrar a condenação de Bolsonaro com um ato público unificado na Cinelândia.
No Espírito Santo, Neio Lucio Fraga Pereira liderou os debates sobre desenvolvimento regional e fortalecimento dos comitês municipais, com resolução para ampliar a presença partidária e apostar na juventude para a reestruturação do PCdoB no estado.
Nordeste: combatividade e mobilização
Com cerca de 20 mil militantes, o Nordeste reafirmou sua capacidade de mobilização.
Na Bahia, 9.500 filiados participaram da conferência que elegeu Geraldo Eugenio Alves Galindo à presidência do estadual. O destaque no processo de mobilização foi a caravana “O PCdoB abraça você”, que fortaleceu os comitês municipais e a vida orgânica partidária. As resoluções aprovadas reafirmam o compromisso com o socialismo, o desenvolvimento soberano e os direitos do povo, em defesa da soberania nacional e contra ameaças externas.
Em Pernambuco, Thiara Lustosa Milhomem foi reeleita numa conferência que celebrou vitórias como a reeleição da vereadora Cida Pedrosa. O estado teve um impressionante crescimento de 121% na mobilização, um dos maiores do país. As principais resoluções aprovadas são apoio a Lula, defesa da soberania nacional e estratégia para reconquista do governo estadual em 2026, com foco na frente ampla democrática.
Na Paraíba, Gregoria Benario Lins e Silva foi reconduzida, com forte presença feminina e juvenil — 18 mulheres compõem a nova direção estadual, enfatizando a participação de mulheres e jovens como eixo principal para o fortalecimento partidário e a luta democrática.
No Ceará, Luís Carlos Paes de Castro apresentou os debates sobre a luta democrática e o fortalecimento da base comunista no interior do estado, aprovando resoluções para fortalecer o partido e preparar para os desafios da conjuntura, com homenagens a militantes históricos e ênfase na unidade para um Brasil soberano e socialista.
No Maranhão, Márcio Jerry Saraiva Barroso foi reconduzido, com foco na defesa da democracia e na ampliação da bancada comunista, aprovando resoluções para fortalecer a luta do povo maranhense e marchar em unidade rumo a um futuro melhor, alinhadas ao congresso nacional.
No Piauí, José Carvalho foi eleito presidente estadual, com destaque para a reorganização partidária e a formação política da militância, aprovando resoluções baseadas em análises conjunturais e propostas de fortalecimento para o próximo período, incluindo articulação com movimentos sociais.
No Rio Grande do Norte, Divanilton Pereira foi eleito após os debates sobre soberania, trabalho e reconstrução nacional, aprovando a Resolução Política Estadual que reforça a frente ampla democrática e a luta pelo desenvolvimento soberano, enfrentando a extrema-direita.
Em Alagoas, Lindinaldo Freitas de Alencar foi eleito presidente estadual, com foco na retomada da atuação partidária nos movimentos populares e um impressionante crescimento de 459% na mobilização, o mais expressivo do país. Foram aprovadas resoluções contra a extrema-direita, com ênfase na paridade de gênero e protagonismo juvenil para as disputas de 2026.
Em Sergipe, Edival Antonio de Goes foi reconduzido, com destaque para a articulação com a juventude e os sindicatos, aprovando resoluções contra a extrema-direita, incluindo pautas como o fim da escala 6×1, a taxação dos super-ricos, o fortalecimento partidário e a renovação de quadros.
Norte: soberania e Amazônia
A região mobilizou 5.869 militantes, com foco no desenvolvimento amazônico e nas táticas eleitorais para 2026.
No Amazonas, o historiador Yann Evanovick Leitão Furtado foi eleito presidente estadual após 2.276 militantes participarem de 77 assembleias de base e 54 conferências municipais, com um impressionante crescimento de 72% no processo mobilizatório, um dos maiores do país. A estratégia eleitoral para 2026 foi consolidada com ênfase no desenvolvimento sustentável da Amazônia, direitos sociais e soberania nacional, incluindo a unidade da esquerda para retomar mandatos.
No Pará, Cleber Rezende dos Santos assumiu a presidência estadual em uma conferência com 2.802 filiados, aprovando o Projeto de Resolução com confirmação de pré-candidatos a deputados para fortalecer a reeleição de Lula. A ênfase dos debates recaiu sobre meio ambiente, direitos dos trabalhadores e a unidade partidária.
No Acre, Eduardo Saraiva foi eleito presidente estadual, com foco na reorganização partidária e na defesa da floresta como patrimônio nacional. O estado teve um destacado crescimento de 104% na mobilização de filiados, um dos maiores do país. As resoluções aprovadas tiveram como foco fortalecer a frente democrática em apoio a Lula. A conferência estadual foi marcada por críticas à gestão do governo acreano atual e ênfase em educação e agricultura familiar.
Em Rondônia, Francisco Batista “Pantera” foi reconduzido, com destaque para a luta dos trabalhadores rurais e a resistência democrática, aprovando um Plano de Ação 2025-2027 para conquistar 3% do eleitorado e lançar pré-candidaturas, articulando uma frente ampla contra o bolsonarismo.
Em Roraima, Tatiane Cassano assumiu a presidência estadual, com foco na atuação das mulheres e na defesa dos povos indígenas, aprovando resoluções para fortalecer a presença partidária e táticas para 2026, com ênfase em unidade e defesa de populações vulneráveis.
No Amapá, Luiz Pingarilho foi reconduzido, fortalecendo a presença do partido nas periferias urbanas e nas comunidades ribeirinhas, aprovando resoluções para defesa da democracia e soberania, com eleição de novos membros para o Comitê Estadual.
No Tocantins, Germana Pires Coriolano foi eleita presidenta estadual, com foco na formação política e na ampliação dos núcleos de base, aprovando resoluções para fortalecer a organização partidária e preparar para desafios eleitorais.
Sul: resistência e reconstrução
No Sul, o combate ao bolsonarismo e a renovação das gerações marcaram as conferências.
No Rio Grande do Sul, Edison Puchalski foi eleito presidente estadual, valorizando o protagonismo da juventude comunista. O estado registrou um crescimento de 67% na mobilização, um dos maiores do país. Durante as discussões foi reafirmado o compromisso com a frente ampla antibolsonarista, a prioridade da reeleição de Lula e a quebra do ciclo neoliberal, com alertas contra a anistia aos golpistas.
Em Santa Catarina, Douglas Mattos foi eleito presidente estadual, com foco na reorganização partidária e na ampliação da presença comunista nos movimentos sociais, aprovando resoluções para as lutas eleitorais de 2026 e 2028, com ênfase em alternativas socialistas para os trabalhadores.
No Paraná, Angelo Stroparo conduziu a conferência com destaque para a juventude e a luta contra o avanço da extrema-direita, aprovando moções contra privatizações, em solidariedade à Venezuela e de repúdio ao genocídio palestino, propondo fortalecer a mobilização contra a direita.
Centro-Oeste: reconstrução e reorganização do Partido
No Centro-Oeste, prevaleceu o espírito de unidade e resistência.
Em Mato Grosso, a professora Patrícia Nogueira assumiu a presidência estadual, com foco na reconstrução partidária e na formação de lideranças locais, aprovando resoluções para unidade e frente ampla em defesa da democracia e contra o bolsonarismo.
Em Goiás, Honório Ângelo da Rocha foi reconduzido, com destaque para a atuação sindical e a reorganização dos comitês municipais, aprovando resoluções para defesa da democracia e unidade progressista.
No Distrito Federal, João Vicente Fontella Goulart foi reconduzido à presidência. Os debates foram focados nos direitos trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário – com o fim da escala semanal 6 x 1 – a reconstrução nacional e a defesa da soberania, além do fortalecimento democrático, com ênfase em coalizões amplas contra o fascismo.
Em Mato Grosso do Sul, Iara Gutierrez Cuellar foi eleita presidenta estadual, focando na unidade e resistência com ênfase na construção de uma frente ampla para as disputas de 2026, com debates sobre conjuntura e renovação da direção.
O futuro em construção
Com a etapa estadual concluída, o PCdoB chega ao 16º Congresso Nacional com uma militância mobilizada, direções renovadas e uma linha política coerente com os desafios do novo período histórico: a construção de um plano de desenvolvimento nacional capaz de unir amplos setores da sociedade para isolar e vencer a extrema-direita, em 2026.
Em meio às transformações globais e aos dilemas nacionais, o partido reafirma seu papel como força organizada em defesa da soberania e do socialismo.