Diante da ação truculenta da Polícia Federal que invadiu a Universidade Federal de Minas Gerais fortemente armada, na manhã desta quarta-feira (6) e levou em condução coerciva seus reitores, a direção do PCdoB repudia o ato e levanta em nota a discussão do Estado policialesco que vive o Brasil desde o golpe institucional que aconteceu em 2016.

Assim como no caso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que culminou no suicídio do reitor da entidade, a a operação foi combinada pela PF, Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU).

Para os comunistas, simbólico foi o uso do nome Esperança “Equilibrista” dada à operação da Polícia, “em clara provocação aos defensores dos direitos humanos”.  O nome faz alusão à música “O bêbado e o equilibrista”, eternizado na voz de Elis Regina, escrito por Aldir Blanc e João Bosco, hino de resistência à ditadura militar.

Leia abaixo a íntegra da nota:

PCdoB repudia ação da Polícia Federal na UFMG

A Universidade Federal de Minas Gerais é um patrimônio do povo brasileiro. Sua criação faz parte de um projeto sonhado ainda pelos Inconfidentes, quando a capital do Estado era Ouro Preto.

Desde 1927, data de sua fundação como instituição subsidiada pelo Estado, até a época de sua federalização na década de 1960, a UFMG se firmou como uma das mais prestigiadas universidades da América Latina, com inúmeros serviços prestados à nossa nação.

Infelizmente, no auge de sua maturidade de 90 anos de existência, uma vez mais, tal qual como nos anos de chumbo da Ditadura Militar, a UFMG é alvo de mais um ataque do Estado policialesco que se instaurou em nosso país e que tenta manchar sua história de instituição pública, gratuita e de qualidade.

Se no Golpe de 1964 foram as Forças Armadas quem exerceu o protagonismo da supressão da democracia, a partir do Golpe de 2016 esse papel é desempenhado por setores do MPF e Polícia Federal.

Curioso assistirmos que os alvos são sempre instituições públicas ou empresas brasileiras. Nunca companhias estrangeiras, bancos, setores dos grandes meios de comunicação ou setores ligados ao rentismo, fartamente denunciados.

É inadmissível que após a morte de um reitor, humilhado e defenestrado de sua universidade em Santa Catarina, a Polícia Federal evoque os mesmos métodos agora contra o reitor e a vice-reitora da UFMG, o ex-reitor Clélio Campolina e da ex-vice-reitora Heloisa Starling, entre outros.

Curioso também é o fato de ser justamente a construção do Memorial da Anistia Política do Brasil, financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela UFMG, o alvo dessa investida arbitrária.

Ainda mais simbólico o nome dado a Operação “Esperança Equilibrista” em alusão à música de Aldir Blanc e João Bosco, hino de resistência à Ditadura, em clara provocação aos defensores dos direitos humanos.

Por fim, convocamos nossa militância, em conjunto com todos os demais movimentos democráticos, progressistas e nacionalistas, a defendermos intransigentemente nossa UFMG e resgatarmos nossa não menos importante Polícia Federal das mãos de uns poucos agentes que, após o Golpe de 2016, resolveram impor esse Estado policialesco que pisa sobre nossa Constituição.

Comitê Estadual do PCdoB Minas Gerais

Comitê Municipal do PCdoB de Belo Horizonte