Atividade de campanha do professor Claudio Fonseca, em São Paulo

A batalha eleitoral de 2024 ganhou dimensão estratégica no PCdoB. Vencida a pré-campanha, os comunistas buscam eleger vereadores nas capitais, priorizando a retomada de mandatos legislativos em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Partido lançou 3.131 candidaturas nestas eleições, sendo 61 a prefeito, 99 a vice-prefeito e 2.971 a vereador. Os números refletem a tática de concentração definida pelo Comitê Central, sob a gestão do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE)

“Nosso objetivo maior em 2024 é reverter a curva de declínio de votos nos grandes centros. Lançamos candidaturas competitivas às câmaras nas principais capitais e em grandes cidades, num total de cerca de 50 áreas de concentração”, diz o coordenador do GTE, Davidson Magalhães.

A tática fica explícita na comparação com as eleições de 2020, disputadas já sob os efeitos da cláusula de barreira e do fim da coligação. Há quatro anos, o PCdoB chegou a lançar candidatos a prefeito de 12 capitais – um recorde na história partidária.

Desta vez, porém, os comunistas encabeçam chapas majoritárias em apenas três cidades que têm mais de 200 mil eleitores: Campina Grande (PB), com Inácio Falcão; Imperatriz (MA), com Marco Aurélio; e Guarujá (SP), com Sidnei Aranha. A maioria dos candidatos do Partido às prefeituras está no Nordeste, especialmente na Bahia, onde 12 buscam a reeleição.

Maiores colégios

Com relação aos legislativos, o posicionamento do PCdoB foi decisivo para estabelecer candidaturas mais viáveis. “Podemos dizer que nossa pré-campanha começou em 2023 – e que cumprimos os objetivos traçados. Para montar um bom time de candidatos, atraímos lideranças novas e reatamos relações políticas com nomes que já foram parlamentares pelo Partido”, afirma Davidson.

Nos três maiores colégios eleitorais do País, o PCdoB se fortaleceu com a filiação de ex-vereadores com grande base popular: o professor Claudio Fonseca, em São Paulo; o advogado e ativista Roberto Monteiro, no Rio de Janeiro; e o agente social Edmar Branco em Belo Horizonte. Tanto Fonseca quanto Monteiro, por sinal, já exerceram mandatos pelo próprio PCdoB.

Esta também será a primeira eleição municipal com a presença das federações partidárias. Desde 2022, o PCdoB integra a Federação Brasil da Esperança (FE Brasil), ao lado do PT e do PV. Para fins eleitorais, algumas regras impostas aos partidos valem para o conjunto da federação, como o número máximo de candidatos a vereador.

Em 2020, um partido podia lançar um total de candidatos equivalente a 150% do número de vagas. Se numa cidade a câmara municipal tivesse 20 parlamentares, por exemplo, cada partido tinha o direito de lançar até 30 candidaturas.

Em 2024, o teto caiu para 100% + 1. No caso hipotético do município com 20 vagas de vereador, um partido ou uma federação tem um limite de 21 concorrentes. Com as mudanças, as eleições perderam nada menos que 100 mil candidatos em quatro anos. Eram 557 mil brasileiros na disputa em 2020. Agora, são 457 mil.

Pautas

Outro fenômeno recente é a valorização da chamada pré-campanha – o período que antecede o início oficial das eleições. A campanha em 2024 começou formalmente em 16 de agosto e vai até 6 de outubro – data do primeiro turno. São apenas 52 dias de campanha eleitoral propriamente dita, na qual candidatos podem divulgar seus números, ter materiais e pedir voto.

Na visão de Davidson, “a campanha é um ‘tiro curto’, com pouco tempo para pôr uma candidatura efetivamente nas ruas e nas redes. Por isso, estamos trabalhando com afinco desde a pré-campanha, que tem um processo de maturação mais longo”.

Nesta eleição, um dos principais desafios dos candidatos comunistas, segundo Davidson, é “fazer a defesa das conquistas sociais do governo Lula”. Uma nota da Comissão Política Nacional do PCdoB, divulgada em 9 de agosto, resumia essa tarefa:

“Definidos os campos em disputa, com as forças democráticas e progressistas, o espectro de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de um lado, e a extrema-direita e setores a ela associados, de outro, a disputa pelo voto e o debate político irão se acirrar. Tal polarização pulsará forte, sobretudo, nas capitais e maiores cidades. Neste cenário, a tática de alianças amplas e a mobilização do povo contra a extrema-direita são indispensáveis ao êxito do polo democrático e popular.”

Assim, ao lado as pautas localizadas, Davidson afirma que o PCdoB deve pautar na campanha tudo aquilo que represente “melhoria real das condições de vida” dos brasileiros. “Vereadores e prefeitos devem buscar não apenas a continuidade – mas, sim, a ampliação dos avanços do governo Lula”, diz o coordenador do GTE.

“É a valorização do salário mínimo, é o Minha Casa, Minha Vida, é o investimento em infraestrutura via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), é o saneamento básico, é a urbanização. Nosso papel é fazer esse enfrentamento e apresentar um projeto que mude a vida das comunidades”, conclui Davdson.