PCdoB de Porto Alegre elege direção com 50% de mulheres
O PCdoB de Porto Alegre realizou, neste sábado (25), sua Conferência Municipal Raquel Guizoni, em homenagem à militante e dirigente comunista falecida neste mês. O coletivo, reunido na Câmara de Vereadores da capital gaúcha, elegeu sua nova direção, composta por 69 membros, dos quais 50% são mulheres. Para a presidência do partido, foi eleita a professora, sindicalista e liderança do movimento LGBTQIA+, Silvana Conti.
A conferência foi aberta com um ato cultural, de música e dança, em homenagem ao mês da Consciência Negra, destacando a importância da superação do racismo e de todas as formas de preconceito, desigualdade e opressão.
Na sequência, o ato político contou com representantes de partidos de esquerda e progressistas, entre os quais os vereadores Giovani Culau e Abigail Pereira, do PCdoB; a deputada estadual Laura Sito, do PT e Cléber Silveira, do PV — os três partidos formam a Federação Fé no Brasil —; Claudia Fávaro, do Psol; Adalberto Santos, do PDT, Paulo Nascimento, da Rede; Albano Gaddo, do PSB e Marecelo Sgarbossa, do Movimento Pró-Frente Ampla, criado durante o Fórum Social Mundial deste ano.
Em suas falas, eles destacaram o papel estratégico da formação de uma frente, para além da esquerda, capaz de vencer o bolsonarismo representado pelo prefeito Sebastião Melo (MDB) e o ciclo neoliberal que governa a cidade há 20 anos. Da mesma forma, destacaram o fato de que a atual gestão virou as costas para a população das periferias, voltando-se para setores econômicos, sobretudo imobiliário.
Ouvir o povo
Na avaliação de Silvana Conti, o atual programa que governa a cidade levou a profundos retrocessos. “O prefeito fez uma grande aliança com a extrema-direita e com interesses que jogam em favor da iniciativa privada e contra o povo. Nossos territórios sofrem diariamente com a fome, a falta de água e luz”, afirmou.
Por outro lado, destacou, “nossa cidade também viu surgir, nos últimos anos, novas lideranças de esquerda. Exemplo disso foi a formação de bancadas negra nos legislativos”. Ela lembrou que outro forte sinal de resistência e de viabilidade de candidatos progressistas foi dado nas eleições municipais de 2020, quando a ex-deputada e candidata do PCdoB, Manuela D’ Ávila, e seu vice Miguel Rosseto, do PT, tiveram 45% dos votos no segundo turno contra o atual prefeito.
Como forma de fortalecer a via democrática e progressista, Silvana defendeu a realização de um “Congresso do Povo”, para ouvir as demandas e a opinião dos porto-alegrenses. “Nosso povo sofre diariamente com a falta de políticas públicas. Nossa cidade merece prévias com a população participando”.
Silvana também declarou que “não precisamos de nomes agora, mas fazer esse percurso, ouvindo o povo e aí sim construir esse nome. Esta conferência consolida nossa disposição de sentar e conversar com todo mundo”.
Fortalecer e revigorar o partido
Representando o Comitê Central, Marcio Cabreira chamou atenção para o genocídio do povo palestino, especialmente as crianças, por Israel. Ele defendeu que todos os homens e mulheres humanistas e democratas, em todo mundo, “devem se insurgir contra essa situação”.
Ele também salientou a necessidade de “construirmos a unidade em todos os terrenos”. O dirigente tratou, ainda, da importância da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas alertou para o fato de que a população ainda está dividida e o bolsonarismo segue presente em boa parte da sociedade.
Por fim, Cabreira lembrou do papel estratégico que a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB, tem tido na recuperação de um projeto avançado de desenvolvimento nacional. “É muito importante que, neste momento, o partido se revigore e se fortaleça para a luta do povo avançar”, concluiu.
Antonio Augusto, presidente estadual do PCdoB, também enfatizou o caráter anti-povo da gestão de Sebastião Melo e reforçou a necessidade de uma frente ampla para a superação desse ciclo.
Os vereadores Abigail Pereira e Giovani Culau, falaram sobre a luta contra a extrema-direita e os interesses do capital na Câmara Municipal — que conta com 10 vereadores de oposição e 26 da situação— e reafirmaram a disposição dos mandatos no enfrentamento às dificuldades impostas à população, destacando a gravidade das enchentes, a falta de serviços públicos, o déficit de vagas nas creches, os problemas na saúde e no transporte público e a violência, entre outros.