Fotos: Richard Silva

Comunistas reforçam a participação no pleito de 2018 e apresentam a pré-candidatura de Manuela D’Ávila à Presidência da República como alternativa para o campo progressista garantir a esquerda no segundo turno da disputa presidencial.

O Encontro Nacional sobre Eleições teve início na tarde desta sexta-feira (2) com intuito de aprofundar o debate sobre o tema. O evento acontece neste fim de semana, dias 2 e 3 em Brasília-DF com quadros dirigentes de todos os estados do país.

A abertura do evento contou com o pronunciamento da presidenta nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (PE). A dirigente fez uma análise detalhada sobre os desafios da conjuntura política nacional. “O que tem caracterizado o cenário político é muita imprevisibilidade, crise geral, uma crise entre os poderes. Uma velocidade muito grande dos acontecimentos.  A velocidade dos acontecimentos tende a aumentar ainda mais. 2018 é o momento de uma das principais batalhas que temos no país, que são as eleições presidenciais. A disputa presidencial é onde o brasileiro enxerga uma saída para o desenvolvimento”, destaca a presidenta.

Em meio à retomada da agenda neoliberal, Luciana explica que a pré-candidatura de Manuela tem como objetivo responder a esse vácuo de alternativas para o futuro do Brasil. “Temos de acompanhar a evolução do quadro político. Queremos que a esquerda esteja no segundo turno. Estamos a serviço de defender ideias programáticas, de um projeto soberano para o país, de defesa dos interesses do povo e da nação”, afirma a presidenta do PCdoB.

Em sua fala, Luciana defende que o momento é de o PCdoB se posicionar, o que está em jogo é um projeto de Brasil, que impactará a vida de gerações de cidadãos. “Não há partido político que tenha defendido mais o PT que o PCdoB. Temos expressado nossa solidariedade a Lula, mas precisamos, paralelamente, enfrentar a principal batalha que são as eleições. Não podemos nos dar por vencidos. O campo conservador, apesar de todo esse cenário, tem dificuldade de encontrar um candidato para liderar a disputa. A estratégia da direita é tentar tirar a esquerda da disputa”, avalia Luciana Santos.

Neste processo de formulação de propostas, Luciana acredita que a reeleição do governador do Maranhão, Flávio Dino, é estratégica. “É uma questão de afirmação da nossa participação no cenário nacional. Dino está desenvolvendo um mandato com preocupação com a melhoria de vida da população. É uma referência. Poderemos lançar 25 candidaturas a deputado federal. Temos a possibilidade de fazer um bom combate. Temos a justeza das ideias e um time aguerrido para disputar esse pleito”, enfatizou a dirigente.

No encontro, a coordenadora geral da pré-candidatura de Manuela, Nádia Campeão, apresentou os principais eixos a serem propostos pelo PCdoB para recuperar o desenvolvimento socialmente justo no país. “A comunicação é central. Vamos intensificar entrevistas vinculadas a agendas. Isso repercute muito”, diz.

O vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino fez uma apresentação sobre os fundamentos do projeto eleitoral do PCdoB para as eleições de 2018, amplamente debatido pelos comunistas e aprovado pela direção nacional.

Para Walter, “não serão eleições rotineiras, ao contrário, a vitória deste projeto é parte da luta por disputar os rumos do país e para fortalecer bancadas populares e progressistas no Congresso Nacional contra o amplo predomínio conservador”.

O dirigente falou ainda das mudanças nas regras eleitorais que proporcionaram janela de oportunidades desde que façam uma campanha militante, criativa, combativa e entusiástica.

Pesquisas sobre percepção do eleitor

Parte da programação, foi a exposição sobre pesquisas que montam o perfil do eleitorado brasileiro. “Num momento delicado para a democracia no país, eleitores querem melhoria dos serviços públicos, mas não sabem como cobrar dos gestores e não se sentem ouvidos por eles”.

De acordo com Rubens Diniz, a ampliação de mecanismos de participação popular será essencial nesse cenário. “Transparência, acessibilidade são fundamentais numa gestão. O governo Flávio Dino, por exemplo, é um dos mais transparentes hoje em dia. Ele captou essa importância”, salienta.

Segundo ele, a tecnologia é um ativo concreto hoje e precisa ser considerada nas campanhas. “Essa nova geração não espera mais para acessar conteúdos. Eles acessam na hora que querem. 96% da sociedade usa a internet para discutir política. Dessa forma, o bom uso das tecnologias nas eleições será peça-chave nos próximos pleitos”, diz em referência a dados levantados em pesquisas nacionais sobre o eleitorado brasileiro.

Apesar disso, Diniz lembrou que a tecnologia não substitui a campanha de rua. “São ferramentas complementares”, destaca. Ele lembrou ainda que o engajamento nas redes sociais é fundamental para o sucesso das campanhas, visto que os algoritmos usados em algumas redes, como o Facebook, por exemplo, são frequentemente alterados.

Programação

O debate continua nesta sexta-feira (2) com a mesa A Comunicação e as inovações tecnológicas nas campanhas eleitorais e continua no sábado (3) com as exposições sobre as novas regras eleitorais, com destaque em financiamento e prestação de contas, além da estruturação e planejamento de campanha.

De Brasília, Christiane Peres e Marciele Brum