O Comitê Estadual do PCdoB na Bahia se reuniu, neste final de semana (24 e 25/3), em Salvador, para retomar o debate sobre o cenário político e a construção do projeto eleitoral. Na ocasião, o presidente estadual, Davidson Magalhães, comemorou os avanços na configuração do pré-projeto para as eleições deste ano, que já conta, por exemplo, com 26 nomes para a disputa à Assembleia Legislativa do Estado (AL-BA), um aumento significativo em relação ao que se tinha no início deste ano.

Com a ampliação do número de pré-candidaturas, o presidente acredita que o Partido está reunindo grandes chances de alcançar os objetivos eleitorais traçados para 2018. “A possibilidade de eleger três candidatos [a deputado/deputada estadual] é real. O esforço de ampliação da chapa deve ser perseguido, especialmente com a participação de mulheres”, afirmou.

Em relação às pré-candidaturas comunistas à Câmara Federal, Davidson Magalhães acredita que é necessário construir uma coligação, pois só assim é possível alcançar os objetivos de eleger três deputados federais. “Nossos quatro nomes [Alice Portugal, Daniel Almeida, Davidson Magalhães e Isaac Carvalho] estão bem situados. O nível da desenvoltura das candidaturas dificulta no atual contexto um movimento de concentração”, avaliou.

O PCdoB reafirmou a intenção de indicar um nome a uma das duas vagas ao Senado Federal, na chapa majoritária que será encabeçada pelo governador Rui Costa (PT), com o compromisso de unir as forças em torno da continuação do projeto já consolidado no estado. “Continua nossa luta para participar na chapa majoritária numa visão mais geral na construção da unidade”, disse.

No encontro, a secretária estadual de Organização, Daniele Costa, apresentou o plano de estruturação partidária para o biênio 2018/2019, e realçou a necessidade de os comitês municipais debaterem o projeto eleitoral. Para ela, a precariedade no funcionamento dos municipais pode interferir negativamente na construção do projeto eleitoral.

A secretária ainda destacou que o processo de recadastramento, iniciado no período de preparação do Congresso, deve ter continuidade, e que a ferramenta do PCdoB Digital deve ser impulsionada para atingir este objetivo. Ela ainda fez um chamado especial para que a militância passe a adotar uma nova cultura de sustentação material do partido, levando em conta, além do compromisso ideológico, o novo modelo de financiamento de campanhas eleitorais.

Daniele Costa ainda cobrou dos comitês municipais respeito ao estatuto do Partido, que determina a cota de mulheres nas instâncias da direção de, no mínimo, 30%.

Defesa da democracia

A reunião do Comitê estadual também aprovou um indicativo de intensa participação dos comunistas na agenda de luta em defesa da democracia e pelo direito do ex-presidente Lula ser candidato nas eleições deste ano.

Posicionamentos

Confira os posicionamentos do presidente estadual, Davidson Magalhães, durante o debate sobre os cenários políticos nacional e estadual:

Sucessão presidencial – A sucessão presidencial em marcha é fortemente condicionada pelo resultado do governo Temer. Vivemos em um estado de exceção. A aprovação pelo STF [Supremo Tribunal Federal] da liminar que impede a prisão imediata de Lula foi importante para a continuidade da luta. A votação acentua a instabilidade jurídica e política no âmbito do STF. A visão de alguns juízes é elitista e fere a constituição quando tentam legislar sem terem respaldo legal. A decisão final sobre a situação de Lula é imprevisível.

Esquerda nas eleições – O aparato jurídico policial continua atuante. O ataque a Wagner é uma clara demonstração disso. Não teremos uma eleição corriqueira. No embate que se aproxima, teremos a opção de seguir a rota do neoliberalismo e do autoritarismo, ou retornarmos à democracia. Existem condições objetivas de vitória da esquerda na eleição.

Intervenção federal – A intervenção federal no Rio [de Janeiro], que até agora não surtiu os resultados esperados, foi uma tentativa de retomar a iniciativa política, após a derrota da reforma da Previdência. Foi uma operação improvisada, mal planejada e sem a garantia dos recursos necessários.

Desmonte – O processo de desnacionalização continua. A privatização da Eletrobrás está na agenda. O fechamento da Fafen representa um grande prejuízo para a economia baiana, afeta diretamente o Polo Petroquímico de Camaçari. É um processo acelerado de desindustrialização. A guerra comercial internacional pode resultar em retração do mercado interno; é outro ingrediente que pode agravar ainda mais o desmonte da economia nacional.

Marielle Franco – A execução da [vereadora do Psol no Rio de Janeiro] Marielle Franco foi um recado das milícias contra o direito de se lutar pelos direitos humanos e comprova a limitação da intervenção.

Eleição – A eleição é de 2018 Eleição de resultado imprevisível. As principais lideranças do golpe estão em dificuldades. A candidatura de Bolsonaro é o desaguador do conservadorismo mais raivoso, mas com grande índice de rejeição.

Unidade de esquerda – O lançamento das fundações dos partidos de esquerda de um debate coletivo sobre as saídas para o país é uma tentativa importante para a construção de um programa do campo popular.

Bahia – Aparentemente, a ação da Lava Jato para interferir na eleição da Bahia não deu resultados, com a invasão da casa do ex-governador Jaques Wagner. ACM Neto continua indeciso sobre a candidatura a governador, sabendo da força política de Rui Costa. A fragmentação da oposição deixa fragilizado o campo conservador.

Manuela – O lançamento da candidatura própria é fundamental para a afirmação do partido. Ela joga papel decisivo para o partido e para a frente democrática. Ela ajuda na construção da unidade. Estamos sendo protagonistas; precisamos pautar a pré-candidatura de Manuela na Bahia. O manifesto do programa será lançado nacionalmente no dia 16 de abril, em São Paulo, e iremos fazer o lançamento na Bahia em data a ser marcada. Ela virá a Salvador em maio e visitará Juazeiro, Camaçari, Itabuna e Vitória da Conquista. Devemos intensificar a pré-campanha nas redes sociais e montar a coordenação estadual da campanha na Bahia.

Financiamento – A regra de financiamento de campanha eleitoral será a contribuição individual e pelo fundo partidário. Precisamos iniciar a arrecadação militante, fundamental para a nova realidade. Na Bahia, iniciaremos uma campanha de arrecadação para a pré-campanha, a ser lançada no Encontro Estadual Eleitoral, no dia 14 de abril.