A Comissão Política Estadual (CPE) do PCdoB se reuniu, nesta segunda-feira (12), em Salvador-BA, para avaliar o resultado das eleições deste ano no estado. As discussões do encontro resultaram em um documento que avalia o processo eleitoral no estado e conclui que o resultado das urnas aponta para uma grande vitória das forças progressistas.

O PCdoB, especificamente, sai fortalecido das eleições de 2018, pelo excelente resultado que obteve, que superou as metas estabelecidas, segundo a avaliação da CPE. O documento também defende que, embora o cenário político geral seja mais adverso, o resultado eleitoral reserva ao Partido um papel de maior destaque e exige a busca por mais protagonismo.

Abaixo, a íntegra do documento:

Grande vitória das forças progressistas na Bahia

A eleição de 2018 foi um importante palco do confronto entre as forças conservadoras que perpetraram o golpe institucional em 2016 e as forças democráticas e progressistas. Se no país a extrema-direita foi amplamente vitoriosa, só tendo sido derrotada na Região Nordeste, na Bahia, os setores progressistas, liderando uma ampla frente política, obtiveram uma vitória avassaladora.

O candidato Fernando Haddad obteve 60,28% votos no primeiro turno (perdendo em apenas seis municípios dos 417) e no segundo turno chegou a 72,69 % dos votos (perdendo em apenas 4 dos 417 municípios). Bolsonaro alcançou 23,41% dos votos no primeiro turno e 27,31% dos votos no segundo. Seu desempenho ficou abaixo de Aécio (29,8%) em 2014 e Serra (29,1%) em 2010, ambos no segundo turno. A onda conservadora comandada pela extrema direita que atingiu a maior parte dos estados não se efetivou nas eleições na Bahia.

O governador Rui Costa foi reeleito no primeiro turno com 5.096.062 votos (75,5% dos votos válidos) contra 1.502.266 votos (22,26%) de Zé Ronaldo o segundo colocado. Na eleição de 2014 Rui Costa obteve 3.558.975 votos (54,5%) e Paulo Souto 2.440.409 (37,4%). A ampliação em 221,3% (saindo de 1.118.566 para 3.593.796) da diferença de votos nos dois pleitos é resultante dos êxitos administrativos da atual gestão, da manutenção da ampla frente política de sustentação ao governo Rui e do desgaste das forças golpistas associadas ao governo Temer. A desistência do principal expoente da oposição de concorrer ao governo também contribuiu para a dispersão e fragmentação dos setores direitistas e reacionários. ACM Neto sai da eleição como o grande derrotado na Bahia.

A vitória da chapa encabeçada por Rui Costa (governador) e João Leão (Vice) foi completa. Jaques Wagner (4.253.351 votos, 35,71%) e Ângelo Coronel (3.927.598 votos, 32, 97%) foram eleitos com uma frente de mais de dois milhões de votos para o terceiro colocado, Irmão Lazaro, que chegou a 15,37% dos votos válidos. A bancada de deputados federais da base de apoio ao governo cresceu significativamente. Em 2014 foram eleitos 23 deputados federais (do total de 39), nesta eleição foram eleitos 29 deputados, podendo ficar em 28 em razão da pendência judicial que envolve o camarada Isaac. O encolhimento da representação conservadora no Congresso Nacional combinada com a derrota de destacados líderes baianos deste campo também foi um destaque importante deste pleito. Na Assembleia Legislativa a base elegeu 41 deputados, de um total de 63, mantendo uma ampla maioria governista. Na ALBA, a oposição conservadora deve ficar reduzida a 17 deputados.

PCdoB na Bahia sai fortalecido, obtendo excelente resultado nas eleições 2018!

O Projeto Eleitoral do PCdoB 2018, aprovado pelo coletivo partidário, definiu como objetivos específicos a busca de maior protagonismo, com a meta de eleger três deputados federais, quatro deputados estaduais e garantir participação na chapa majoritária.

Eleger três deputados federais constituiu o objetivo prioritário do Projeto, tendo em vista a importância estratégica dos mandatos federais na superação da cláusula de barreira.

Inicialmente apresentamos quatro candidaturas com a posição de analisar o cenário mais adiante e a partir daí tomar a decisão que a conjuntura exigiria. Acertadamente, definimos no momento adequado a concentração em três candidaturas (Alice Portugal, Daniel Almeida e Isaac Carvalho). As votações demonstraram a justeza da posição. Alice Portugal 126.595 votos (9ª mais votada), Daniel Almeida 114.213 (16º) e Isaac Carvalho 100.549 (25º). Assim, elegemos três deputados federais e obtivemos nossa maior votação desde 2002. A candidatura de Isaac, impugnada pelo TRE, encontra-se envolta em uma batalha judicial. A luta por uma decisão da justiça que garanta sua elegibilidade e o respeito ao voto do eleitor continua em curso
Com uma bancada de três deputados estaduais eleitos em 2014 (Fabrício, Bobô e Zó) e com um total de 329.944 votos no conjunto da chapa, tínhamos a meta de eleger quatro estaduais, concorrendo com chapa própria. Adotamos uma postura firme de garantir a chapa própria e construí-la ampliando com lideranças políticas regionais e incentivando quadros e militantes a enfrentarem o desafio de ajudar no projeto. Com 44 candidatos (29 homens e 15 mulheres), atingimos a histórica votação 493.141 (514.572 com legenda) que possibilitou a reeleição da nossa bancada atual e a eleição de Dal e Olivia Santana. Com a eleição de cinco deputados estaduais o PCdoB passou a ser a quinta bancada da ALBA com 7,38% dos votos válidos, uma variação positiva de 66,7% em relação a 2014. A quinta vaga foi garantida por apenas 1.109 votos a mais do que o necessário para assegurá-la, o que demonstrou a importância de todos e todas camaradas que se dispuseram a colaborar com o projeto da chapa própria.

Um destaque importante da vitória do PCdoB foi o desempenho na Capital, sinalizando maior protagonismo no principal centro político do Estado.

Para ampliar o nosso protagonismo político participamos com o presidente Estadual, Davidson Magalhães, da chapa majoritária eleita na condição de primeiro suplente do Senador Ângelo Coronel, o que proporcionou nossa participação ativa na campanha, garantindo ao mesmo tempo destaque ao Partido e acúmulo político que serviu ao nosso projeto geral.

Buscar mais protagonismo num contexto mais adverso!

O êxito do Projeto Eleitoral do PCdoB na Bahia, superando as metas estabelecidas, reserva ao Partido um papel de maior destaque.

Com Bolsonaro na presidência se estabelece uma nova correlação de forças no país. Pela primeira vez na história do Brasil a extrema direita alcança o poder pelo voto. A onda conservadora além de colocar em risco a frágil democracia brasileira, representa um retrocesso nas conquistas sociais e na soberania nacional. Organizar a resistência de maneira ampla e consistente é uma tarefa urgente. O PCdoB precisa estar à altura destes novos desafios.

O novo governo Rui Costa atuará neste contexto marcado pela ascensão da extrema direita ao centro do poder político no Brasil, portanto, um cenário de maior cerco, com mais restrições orçamentárias e com redução dos programas sociais. A nova conjuntura desfavorável exigirá a manutenção de uma ampla base política de apoio. Ao lado das forças políticas de centro que já compõe a base de sustentação do governo, devemos lutar por um diálogo mais aberto e sistemático com os movimentos sociais, superando as limitações do atual mandato. O funcionamento do Conselho Político, mecanismo de mediação política e consulta, as mesas permanentes de negociação e os Conselhos setoriais são importantes instrumentos para este fim.

A eleição da mesa da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) e a participação no próximo governo Rui Costa, importantes momentos da vida política do Estado, exigirão do PCdoB maior protagonismo e iniciativas

Unificar o coletivo partidário diante dos novos desafios da conjuntura e definir um planejamento que estruture o PCdoB para desempenhar o seu papel histórico são prioridades da nossa agenda.

O êxito do Projeto Eleitoral obtido pelo PCdoB da Bahia demonstra a força e a disposição da sua militância e a justeza das políticas adotadas. Vamos fortalecer a nossa trincheira e contribuir para a resistência nacional! Vamos à luta!

Salvador, 12 de novembro de 2018.

Comissão Política Estadual.